Conselho Gestor expõe Fundo Paulistano de Coleta Seletiva, Logística Reversa e Inclusão de Catadores

Fundo privado é gerenciado pelos próprios catadores e tem como representantes cooperativas conveniadas e não-conveniadas, organizações não-governamentais, representantes do poder público e de instituições de ensino superior

Catadores de diversas regiões do país estiveram presentes nesta terça-feira (02/12) no segundo workshop, promovido pela Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), que apresentou as diretrizes do Fundo Paulistano de Coleta Seletiva, Logística Reversa e Inclusão de Catadores durante a 5ª edição da Expo Catadores realizado no Anhembi Parque.

A solenidade de abertura contou com a presença de alguns integrantes do conselho gestor, do agente operador e do secretário de Serviços que parabenizou todos aqueles que se envolveram no debate para construir e colocar em prática o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) da cidade de São Paulo e o fundo privado de coleta seletiva, que é gerenciado pelos próprios catadores e tem como integrantes do conselho cooperativas conveniadas e não-conveniadas com a prefeitura, organizações não-governamentais, representantes do poder público e de instituições de ensino superior.

“A criação do fundo é derivado de uma decisão política que tomamos em São Paulo sob o comando do prefeito Fernando Haddad que expôs o seu compromisso com os catadores. Então, optamos por dar toda a atenção à ampliação da coleta seletiva. Por isso buscamos a tecnologia e inovação européia que estão à disposição da sociedade e a favor dos trabalhadores. Foram realizadas inúmeras reuniões para criar o fundo paulistano, aproveitando a conferência municipal que elegeu 800 delegados e nos deu as diretrizes para construir o PGIRS e colocar em prática as ações. Então o fundo é uma consequência disso. Os resíduos que vão para as centrais são destinados para os catadores e é algo que oferecemos em pagamento. Tivemos adesão a esse novo sistema e outras prefeituras estão vindo à São Paulo para saber como funciona. É uma experiência que ainda estamos iniciando e vamos amadurecê-la, aprofundá-la, aperfeiçoá-la, mas esse passo a gente tinha que dar”, relatou o secretário de Serviços.

O fundo privado conta com um agente operador que opera o sistema, comercializando os resíduos triados nas duas centrais mecanizadas, Ponte Pequena e Carolina Maria de Jesus, localizadas no Bom Retiro e Santo Amaro, respectivamente. Além disso, oferece qualificação e suporte técnico. Também irá apoiar as cooperativas com assessoria jurídica e contábil para formalização.

Segundo o presidente da Amlurb e do conselho gestor, o fundo visa atender as cooperativas atuais e os catadores que estão isolados na cidade. O modelo foi criado exatamente para ter uma perspectiva para esses catadores que ainda não são cooperados possam ser inseridos no sistema formal.

“Atualmente cerca de 150 catadores estão atuando nas duas centrais mecanizadas e já recebem o salário de R$ 1.500 líquido. O fundo de coleta seletiva com inclusão de catadores com as duas centrais mecanizadas tem o objetivo de processar 500 toneladas/dia. Esse resíduo triado a cidade de São Paulo dá em pagamento. Para ampliar a coleta seletiva, a prefeitura teve que fazer um investimento nas centrais e, além disso, estimamos gastar todo mês R$ 2,4 milhões para ampliar a coleta seletiva na cidade para fazer com o resíduo chegue até as centrais de triagens”, explicou o presidente do conselho.

Na ocasião, o agente operador, Ricardo Camargo apresentou o planejamento estratégico do fundo paulistano que tem como missão fortalecer e promover a condição sócio-econômica dos catadores por meio de um sistema de coleta seletiva e logística reversa que garantam tanto o cumprimento do Política Nacional de Resíduos Sólidos quanto dos objetivos do PGIRS, visando à melhoria das condições ambientais da cidade de São Paulo.

Também foram apresentadas três ações de educação, comunicação em apoio às cooperativas como a contratação e capacitação de catadores para conscientização da população quanto à coleta seletiva. Esse trabalho está sendo desenvolvido pelo Instituto Ecoar de forma gratuita e que está treinando 50 catadores para realizar essa conscientização com os munícipes. Além disso, também serão contratadas duas instituições que farão a orientação da parte processual/legal e outra para capacitação e gestão de cooperativas para que atuem mais próximas desse novo modelo de gestão.

“Outra ação que criamos é o selo para o fundo que será estampado em camisetas e bonés para serem utilizados na conscientização de munícipes quanto à disposição dos resíduos. Esse selo tem como mensagem ‘A mão que apóia a sustentabilidade é a mão do catador que coleta e faz a triagem’”, explicou Ricardo.

Após as exposições, foi realizado um debate sobre o novo sistema que compõe o fundo paulistano. “Atualmente a prefeitura tem mil cooperados e nosso objetivo é incluir de 5 a 10 mil catadores neste novo sistema. Sabemos que temos um desafio, é um processo novo, mas conseguimos dar este primeiro passo”, afirmou Tadeu Pais, gerente de Planejamento da Amlurb.

Uma das conselheiras do fundo e que representa os catadores, Dulce Alves de Andrade, acredita que a criação do fundo paulistano de coleta seletiva vai propiciar o acolhimento de trabalhadores que ainda não são reconhecidos pelo trabalho.

"Eu olho para os catadores e vejo um prazer muito grande porque sei que vocês são e serão cada vez mais abençoados pelo trabalho que fazem. Meu objetivo é defender a causa e olhar para cada catador, lutando por melhores condições de trabalho e, principalmente, ajudar aqueles que não estão inseridos no sistema”, disse a Dona Dulce da cooperativa Chico Mendes, Conselheira eleita do Fundo Paulistano de Reciclagem.