Saneantes domésticos: cuidado na hora da limpeza

Número de atendimentos aumentou em relação ao ano passado

A intoxicação está entre as possíveis causas de acidentes domésticos, representando risco tanto em crianças quanto em adultos. Dos possíveis agentes envolvidos nessas intoxicações, os produtos de limpeza estão entre as principais causas. Como exemplos de produtos utilizados para essa finalidade, podemos destacar a água sanitária, desinfetantes em geral, limpadores multiuso, desodorizadores de ambiente, polidores, dentre outros. Dentre as principais situações que podem causar intoxicação, podemos citar a mistura de 2 ou mais produtos para formar uma solução de limpeza mais “efetiva”, o acondicionamento dos produtos em embalagens que não são as originais (como garrafas PET) e a utilização de produtos de fabricação clandestina, que representam um importante problema relacionado a intoxicações no ambiente doméstico.

Nosso país está vivendo um momento atípico em sua história, onde devido a pandemia do Novo Coronavírus, uma parcela da população tem passado mais tempo no ambiente doméstico, em respeito as medidas de isolamento social, e em consequência disso associado ao medo de contágio pela doença, acabam realizando limpeza e desinfecção dos ambientes de casa com maior frequência e utilizando maior número de produtos.

Dados de atendimentos do Centro de Intoxicação de São Paulo (CCI/DVE/COVISA/SMS),

  Adultos Crianças Total Óbitos
2019 38 64 102 0
2020 114 86 200 0

*Dados de atendimentos CCI-SP referentes aos meses de março e abril de 2019 e 2020

Para adultos, observa-se um aumento percentual de 200% nos atendimentos relacionados ao agente tóxico: SANEANTE DOMÉSTICO, no período que compreende março e abril de 2020, quando comparado com o mesmo período de 2019, tendo como principal circunstância envolvida a exposição acidental.

Para crianças, observa-se um aumento percentual de aproximadamente 34% nesse mesmo período. A principal causa de intoxicação em crianças na faixa etária de 0-14 anos está relacionado também a exposições acidentais. Importante destacar que os saneantes domésticos representam o principal grupo de agentes tóxicos envolvidos nas intoxicações em crianças dentro do ambiente doméstico.

Produtos de limpeza, comuns em residências, podem ser fontes de intoxicação, portanto:

  • Dê preferência à compra em locais de venda regularizados, como supermercados. Não compre produtos ilegais ou clandestinos (ou piratas) que são fabricados sem autorização do Ministério da Saúde. Eles não são seguros! Desconfie de produtos comercializados por fábricas e lojas de fundo de quintal, vendidos por caminhões, ou ambulantes e com preços muito abaixo do valor de mercado;
  • Não armazene em garrafas tipo PET, de água, refrigerante;
  • Evite deixá-los na cozinha ou próximos a produtos alimentícios;
  • Leia com atenção o rótulo dos produtos e não ignore as suas instruções;
  • Lembre-se sempre de forrar a superfície onde irá deixar o produto e atente-se a possíveis vazamentos;
  • Não reutilize embalagens vazias destes produtos para outros fins;
  • Cuidado ao manipular estes produtos, manipule-os em local claro e ventilado; alguns deles devem ser manipulados com luvas, máscaras, óculos, etc;
  • Ao utilizar produtos como inseticidas, solventes, tintas e outros, não permaneça no ambiente até ventilar e arejar bem o local;
  • Mantenha estes produtos longe do alcance de crianças, idosos e animais;

ATENÇÃO: Garrafas PET, mesmo que sem rótulo, podem ter o conteúdo líquido facilmente confundido com suco, água ou refrigerante e ingerido por engano.

Observe possíveis sinais de intoxicação:

  • Dificuldade para respirar;
  • Vômitos;
  • Sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão de substâncias;
  • Lesões, queimaduras, irritação ou vermelhidão na pele, boca e lábios;
  • Cheiro característico de algum produto na pele, roupa, piso ou objetos ao redor;
  • Alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência.

Ligue 0800 771 3733 ou 11 5012 5311 para orientações no Centro de Controle de Informações, da Prefeitura de São Paulo.

Para situações emergenciais, em que a pessoa estiver desmaiada, em convulsão ou sem respirar, ligue imediatamente para o 192 (SAMU).

Referência Bibliográfica: Manual de Toxicologia Clínica