Dengue: saiba mais sobre a sazonalidade da doença

Diretor da Divisão de Vigilância de Zoonoses fala sobre impacto do clima na proliferação do Aedes aegypti, transmissor da doença

Dentro das estratégias da SMS para combater a dengue, a informação ocupa um lugar primordial. Por isso, o Portal da SMS preparou uma série de conteúdos com informações sobre vários aspectos da doença, dos mecanismos da infecção por meio do Aedes aegypti até sintomas, orientações para a busca de atendimento e para controlar possíveis focos de proliferação do mosquito. Veja a seguir informações do diretor da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ) da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), Eduardo de Masi, sobre a influência das condições climáticas na disseminação da dengue.

Por que se diz que a dengue é uma doença endêmica e epidêmica sazonal?
Uma doença é considerada endêmica quando tem recorrência em uma região ao longo do tempo, de forma a manter o número de casos constante ao longo de um dado período do ano, por exemplo. No caso da dengue, ela é endêmica porque ocorre ao longo de todo o ano na cidade de São Paulo, normalmente com um número de casos reduzido nos meses de inverno e primavera (julho a novembro). Ela também é epidêmica porque tem um aumento expressivo do número de casos nos meses mais quentes e chuvosos do ano, ou seja, naqueles de verão e outono (dezembro a junho). Por esse comportamento ser repetido anualmente, diz-se que as epidemias são sazonais, isto é, elas acompanham os ciclos de estação do ano. Além desse comportamento anual, há ciclos em que as epidemias são mais severas, com o aumento de casos sendo muito acima do esperado.

De que forma as condições climáticas estão ligadas ao ciclo de vida do Aedes aegypti?
Existe uma relação direta entre as condições climáticas e a transmissão da dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, porque quanto maior a temperatura, mais rápido o ciclo de proliferação do mosquito. Diferente do ser humano, que tem a temperatura do corpo controlada pelo seu próprio organismo, o ciclo de desenvolvimento do mosquito é regulado pela temperatura do ambiente. Quanto maior a temperatura, mais rápido se dá o seu desenvolvimento, desde a fase de ovo até os estágios de larva, pupa e mosquito adulto. Normalmente, em um clima mais ameno, esse período leva em torno de 15 dias. Nas condições de altas temperaturas, no entanto, ele pode ser encurtado para uma semana. Além de acelerar o desenvolvimento do mosquito, as temperaturas mais altas fazem aumentar a velocidade de todos os processos fisiológicos que ocorrem nas fêmeas, tais como o tempo de digerir o sangue de um repasto, o tempo de maturação dos ovos, a frequência e quantidade de pessoas que ela pica ao longo do dia e, também, a velocidade que os vírus das doenças se reproduzem em seu organismo. Com todos esses processos acelerados há consequentemente maior proliferação de mosquitos e maior velocidade de transmissão de doenças como a dengue.

Como as chuvas impactam na ocorrência da dengue?
As chuvas são um elemento importante no ciclo da reprodução do mosquito, pois as fêmeas do Aedes aegypti põem seus ovos em água limpa e parada. Não se trata de água potável, mas de água de chuva, de água que se empoça da rega de um jardim, eventualmente com alguma sujidade. Então com períodos de chuvas mais frequentes e em maior volume, os criadouros acumulam água na qual os mosquitos se reproduzem.

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