Secretaria Municipal da Saúde

menu Menu do Site
Segunda-feira, 18 de Setembro de 2023 | Horário: 15:00

Casa do Parto de Sapopemba completa 25 anos

Espaço, pioneiro dentro da rede pública, já acolheu mais de seis mil mulheres que optaram pelo parto natural e humanizado

Em seus mais de 20 anos trabalhando na Casa do Parto de Sapopemba, a auxiliar de enfermagem Tereza de Souza Maciel já viu e vivenciou muitas coisas, que traz consigo: um pai tocando violino pelo corredor para comemorar o nascimento do filho, um idoso de 99 anos que esperou, junto com toda a família, o desenrolar das oito horas de trabalho de parto da bisneta, mulheres que buscaram o local para ter seu primeiro filho, depois o segundo, o terceiro... e milhares de partos naturais e humanizados, repletos de emoção.

Foram mais precisamente 6.296 partos em 25 anos, comemorados nesta segunda-feira (18). A unidade abriu suas portas no dia 18 de setembro de 1998, em Sapopemba, como a primeira casa de parto pública do Brasil, tendo como fundadores o médico e mestre em saúde coletiva David Capistrano da Costa Filho e a mestre em enfermagem obstétrica e doutora em saúde pública Ruth Hitomi Osava, que também foi a primeira diretora da Casa do Parto de Sapopemba, até 2003.

Em 1999 a casa mudou-se para o bairro vizinho de Vila Industrial, mas o nome permaneceu. Hoje, ela funciona no mesmo prédio da UBS Reunidas I. O clima dos dois locais, no entanto, não poderia ser mais diferente: ao contrário da agitação da Unidade Básica de Saúde, na casa de parto o ambiente é silencioso e acolhedor. Ali se revezam 15 profissionais de saúde, todas mulheres. São sete enfermeiras obstétricas, ou seja, com especialização em obstetrícia, e uma obstetriz, profissional formada pelo curso superior de obstetrícia, todas capacitadas para realizar partos normais de baixo risco, além de sete auxiliares de enfermagem e uma gestora, Fernanda Ribeiro Viviani, que também é enfermeira obstetra.

A foto mostra sete mulheres usando uniformes, posando em frente uma fachada, na qual estão uma placa identificando “Casa do Parto Sapopemba”, de um lado, e uma pintura mostrando um bebê recém-nascido dentro de um coração

Parte da equipe da Casa do Parto Sapopemba (Foto: Acervo SMS)

Conforto para mãe e bebê
A estrutura da casa inclui duas suítes de parto equipadas com banheira e uma série de acessórios (como bola para massagem, cadeira para parto humanizado, banqueta e berço aquecido), uma recepção de recém-nascidos, cinco leitos de puerpério, onde as mulheres e seus filhos podem permanecer por 24 horas, e um consultório de enfermagem.

A foto mostra uma suíte hospitalar; nela, vê-se duas camas com edredons em tons de azul, uma poltrona preta, além de uma mesa, frigobar e televisão

Suítes da casa de parto permitem conforto às gestantes e acompanhantes (Foto: Acervo SMS)

O consultório é o primeiro local por onde as gestantes passam. Elas podem ingressar na linha de cuidados da casa de parto a partir de 35 semanas de gestação, desde que esta seja de baixo risco. Também precisam ter realizado pré-natal e apresentar os resultados dos exames do primeiro, segundo e terceiro trimestres dentro da normalidade. Neste caso, voltarão na 37ª semana para o acompanhamento final da gestação, que segue até o momento do parto.

Além do parto natural, a Casa do Parto Sapopemba (bem como a Casa Ângela, na zona sul, que também é mantida pela Secretaria Municipal da Saúde) segue os preceitos do chamado parto humanizado, no qual os desejos das gestantes são respeitados. Isso inclui desde a possibilidade da presença de dois acompanhantes até o que fará ao longo do processo do parto: caminhar, comer, receber massagem, tomar banho, ficar na banheira, ouvir música, escolher a posição para o nascimento do seu filho, entre outros, sempre assistida pela equipe e pela sua doula, caso esteja acompanhada desta profissional que dá suporte físico e emocional à futura mãe.

Limite para atendimento é até 41 semanas
A gestante só será encaminhada a um hospital no caso de algum episódio que envolva risco à sua vida e à do bebê, como um quadro hipertensivo, por exemplo, e caso a gravidez complete 41 semanas sem que o trabalho de parto se inicie. “Isso não significa que ela não terá um parto natural, mas que possivelmente terá um parto normal induzido, o que requer a presença de uma equipe médica, num ambiente hospitalar”, explica Fernanda, acrescentando que a unidade conta com uma ambulância disponível 24 horas e vaga garantida no Hospital Estadual da Vila Alpina, a poucos minutos de distância.

Segundo a gestora, ao longo de 2023 a média de partos mensais na casa tem sido de 20, com um pico de 27 partos no último mês de agosto. Em relação ao perfil das mulheres que buscam o parto natural e humanizado, ela diz que é muito heterogêneo do ponto de vista socioeconômico, de idade, local de moradia (a casa aceita mulheres vindas de outros municípios que representam cerca de 40% dos atendimentos) e número de gestações. “Uma característica comum a todas, no entanto, é que elas são muito bem-informadas, pesquisaram muito e buscam o parto humanizado.”

É o caso da auxiliar administrativa Valéria Cristina Alves de Souza, 30, de Ermelino Matarazzo, que está na 39ª semana de sua primeira gestação e já passou por quatro consultas na Casa do Parto de Sapopemba, sempre acompanhada do marido, o mecânico Julyanders Dias de Freitas, 33. A gestante conta que, inspirada pela experiência da avó, que foi responsável pela sua criação e teve 12 filhos de parto natural, nunca cogitou outra forma de nascimento para a filha, Flora.

“Comecei a pesquisar alternativas e me deparei com informações sobre as casas de parto; como moramos na zona leste, optamos pela Casa do Parto de Sapopemba”, diz Valéria, que faz coro ao marido ao declarar-se “apaixonada” pelo local, pela equipe e pelo atendimento. “É muito calmo, diferente de um hospital, e sentimos muita segurança no atendimento”.

A foto mostra uma mulher jovem de cabelos ruivos; ela veste roupas pretas, está grávida e posa em frente a uma parede decorada com a pintura de um bebê dentro de um coração, que imita um útero

Valéria: localização da casa e busca por parto humanizado guiaram sua escolha (Foto: Acervo SMS)

Exames nos recém-nascidos
Após a sua chegada, Flora, como os demais bebês nascidos na casa de parto, terá direito a vários testes, como o Teste do Pezinho, capaz de identificar cerca de mais de 50 doenças genéticas, metabólicas e infecciosas de maneira precoce, o Teste Auditivo Neonatal Universal (Tanu), o Teste do Reflexo Vermelho na retina, o teste da linguinha e o teste do coraçãozinho. Além disso, Valéria e a filha terão direito a três consultas puerperais e de puericultura, com cinco, 15 e 30 dias após o parto.

Vínculo
Ao todo, são cerca de dois meses de cuidados com a mãe e o bebê, em um período crucial em suas vidas e suficiente para que muitas famílias criem fortes laços com a casa de parto e sua equipe. “Temos por exemplo a história de uma mãe que teve seus quatro filhos aqui, e recentemente acompanhou o nascimento de sua primeira neta, assistida por nossa equipe”,

Os laços de afeto valem também para quem trabalha na casa, como a auxiliar de enfermagem Tereza, que chegou ao local “uma menina”, como gosta de dizer, e mais de 23 anos depois, continua encantada com o papel que desempenha neste momento tão importante na vida de tantas famílias. “A casa de parto é um sonho, conseguimos acolher não apenas a gestante, mas toda a família, e com isso criamos um vínculo que permanece”.

Comemoração
A comemoração do aniversário de 25 anos da Casa do Parto de Sapopemba, realizada na manhã desta segunda-feira, contou com exposição de fotos e vídeos, apresentações musicais, dança circular, tai chi chuan, pintura na barriga de gestantes acompanhadas e a presença de famílias acolhidas pela casa ao longo dos anos.

A foto mostra três mulheres posando em frente a um painel com fotos de bebês recém-nascidos; elas sorriem, duas delas usam jalecos brancos e uma veste um uniforme azul

A partir da esquerda: a obstetriz Camila Licciarde, a auxiliar de enfermagem Tereza de Sousa Maciel e a gestora Fernanda Ribeiro Viviani (Foto: Acervo SMS)

 

A foto mostra Valéria, uma mulher jovem de cabelos ruivos; grávida, ela está deitada em uma cama hospitalar e conversa com uma profissional de saúde, que examina sua barriga; sentado do outro lado da cama, um homem segura sua mão

A obstetriz Camila examina Valéria Cristina Alves de Souza, no 39º mês de gestação (Foto: Acerco SMS)

 

 A foto mostra uma mulher jovem de cabelos pretos e presos; usando um jaleco branco; ela está inclinada sobre um berço hospitalar e segura um bebê recém-nascido, que chora

A auxiliar de enfermagem Tereza em foto do início de carreira: vínculo com as famílias (Foto: Acervo SMS)

collections
Galeria de imagens