Luciana Hardt conta como a Saúde controlou a raiva em São Paulo

Profissional da rede é pautada no conceito de saúde única para a prevenção e controle de doenças

Formada em medicina veterinária pela Universidade de São Paulo (USP) Luciana Hardt, 55 anos, participou de uma conquista muito importante da Saúde em São Paulo: o controle da raiva. Interessada desde a faculdade em trabalhos de prevenção, proteção e promoção da saúde pública, atualmente coordena o núcleo de vigilância epidemiológica, da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa). “O que rege esse trabalho é o conceito de saúde única, da Organização das Nações Unidas (ONU), que integra o homem, o ambiente e os animais para prevenir e controlar doenças.”

A primeira experiência de Luciana na Secretaria Municipal da Saúde (SMS) foi quando ela ainda era estudante. Um convênio entre a prefeitura e a USP possibilitou que os alunos atuassem nas unidades regionais da pasta. Em 1992, já concursada, a veterinária escolheu a região de São Miguel Paulista para trabalhar, e ficou por dois anos combatendo a dengue e roedores, mas era o controle de hidrofobia, popularmente conhecida como raiva, assunto que a atraía, que a levou para o antigo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) na capital.

Na foto está o personagem Luciana Hardt, uma mulher branca, de cabelos loiros, e com o logotipo, em vermelho, da Divisão de Zoonoses ao fundo

Luciana Hardt coordena o núcleo de vigilância epidemiológica, da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), da Covisa (Foto: Divulgação/SMS)

Foi então que vivenciou momentos relevantes da carreira. A veterinária conta que participou ativamente da primeira comissão de bem-estar animal na cidade mais populosa do Brasil. Com a equipe e o conhecimento adquirido em cursos, que teve a oportunidade de participar na época, estudou formas de fazer o monitoramento das populações de cães e gatos no município, atividade importante para o controle da raiva animal e humana. Paralelamente, ela atuava na vigilância da raiva em morcegos e na vigilância e controle de animais domésticos. Nesse período, também houve um empenho para mudar a percepção que a população tinha sobre os profissionais que trabalhavam nas chamadas “carrocinhas”. A SMS desenvolveu uma série de treinamentos sobre como remover cães e gatos, sempre levando em conta a integridade do animal e a segurança no trabalho. Além disso, participou de um dos mais importantes cursos, o de formação de oficiais de controle animal (Foca), do Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (Itec).

O trabalho desenvolvido no município fez com que a profissional fosse promovida diretora da CCZ e, em 2008, convidada a trabalhar em âmbito estadual, onde foi lotada no gabinete da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD). De lá, Luciana assumiu a coordenação do Comitê de Vigilância e Controle de Leishmaniose e a direção Instituto Pasteur, referência no estudo da raiva. Permaneceu à frente do trabalho coordenando uma série de ações de vigilância e controle da raiva em São Paulo. Em 2021, decidiu voltar para a prefeitura e compartilhar mais conhecimento. Mesmo podendo se aposentar, a veterinária acredita que pode contribuir com a DVZ, e segue envolvida em capacitações e auxiliando em políticas públicas para combater as zoonoses em São Paulo.

A profissional sentada em uma pedra, com uma cachoeira ao fundo e rodeada por mata; trajando camiseta branca e bermuda jeans

Registro especial de Luciana em um momento de contato com a natureza (Foto: Arquivo Pessoal)

Q+

Luciana gosta de meditar e estar em contato com a natureza. Ultimamente, ela tem estudado aromaterapia, com óleos essenciais e outras práticas de medicina integrativa. “O mais importante para mim é estar em paz e me dedicar ao que faz bem para a alma.”