São Paulo realiza mais de 342 mil triagens em recém-nascidos para identificar perda de audição

Exames em neonatos contribui para o tratamento precoce, processos de aprendizado e relações sociais

Um diagnóstico precoce pode mudar a vida de bebês, crianças e até adultos que foram identificados com alguma deficiência auditiva ao nascer. Esse é o objetivo da triagem auditiva neonatal, realizada em 15 hospitais e maternidades da rede da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS). Entre janeiro de 2016 e agosto deste ano, foram realizadas 342.756 triagens, que são testes feitos em recém-nascidos a fim de identificar bebês com maior chance de perda de audição e que precisam ser encaminhados rapidamente para o diagnóstico.

As equipes de saúde identificam a presença de indicadores de risco para a deficiência auditiva e realizam, ainda durante o período de internação dos neonatos, um protocolo de testagem em todos os bebês da unidade. Aos que falham no primeiro teste, realizam um segundo em até 20 dias. Havendo mais uma falha, a próxima etapa é orientar mães e familiares dos bebês sobre os resultados da triagem e as etapas do desenvolvimento da audição e linguagem, que deverão ser acompanhadas no decorrer do crescimento. A partir daí, eles são encaminhados aos Centros Especializados em Reabilitação (CERs) para identificação e tratamento de acordo com as necessidades especificas de cada um. Recebem também terapia fonoaudiológica e acompanhamento pela equipe multiprofissional. Nos casos em que os bebês não comparecem para o reteste, é realizada uma busca ativa, por telefone e por telegrama, para notificar pais ou responsáveis sobre a importância da segunda etapa.

Heloísa, de quatro anos, filha de Sabrina Aparecida Ribeiro da Silva, 23, fiscal de loja, foi diagnosticada com perda auditiva profunda bilateral e, graças ao diagnóstico feito por meio da triagem, hoje usa um implante coclear, além de fazer terapia fonoaudiológica, fisioterapia, acompanhamento com otorrinolaringologista e neuropediatra no CER Penha, na zona leste da capital. Após uma gravidez de risco, ela nasceu aos seis meses de gestação e, ao receber alta da unidade de terapia intensiva (UTI), com nove meses de vida, já foi encaminhada para a unidade de referência e iniciou uso de aparelhos auditivos e terapia fonoaudiológica. “Para mim foi muito difícil receber o diagnóstico, mas é gratificante ver a evolução da minha filha. Mesmo nos momentos de repreensão, era complicado, pois, ela não ouvia e entendia o que era certo ou errado, o que poderia ou não fazer. Hoje, é uma criança mais tranquila e comunicativa. Para alguns pode parecer pouco, mas para mim, é lindo quando ela olha para nós ao ouvir seu nome, saber quem é, que é a Heloísa e tem seu lugar no nosso mundo”, conta a mãe.

De acordo com a coordenadora da Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência da SMS, Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida, audição é um sentido fundamental para o desenvolvimento e aprimoramento da linguagem e comunicação humana. “A deficiência auditiva interfere significativamente na vida das pessoas, comprometendo em diferentes graus e formas a aquisição da linguagem, o processo de aprendizado e as relações sociais. Quanto mais precoce for diagnosticada uma deficiência auditiva, melhor será o processo terapêutico e a inserção do indivíduo na sociedade”, explica.