Meningite: saiba mais sobre a doença e o esquema vacinal para preveni-la

Além do público infantil, entre os adultos podem se vacinar profissionais de saúde em todos os serviços de saúde da cidade e, no momento, moradores das regiões de Vila Formosa e Aricanduva, onde ocorreu surto localizado da doença

Entre 16 de julho e 15 de setembro, a capital registrou cinco casos de meningite meningocócica na região de Vila Formosa e Aricanduva, na zona leste, o que configura surto localizado. Esta doença é evitável por meio da vacinação disponível na rede municipal de saúde.
As doses são indicadas para crianças e adolescentes e trabalhadores da saúde com até 64 anos de idade. Para a região onde ocorreu o surto, a imunização foi estendida temporariamente para os moradores, estudantes e trabalhadores que têm entre 3 meses e 64 anos de idade.
Veja a seguir mais informações sobre a meningite, suas causas e a vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além da relação das ruas incluídas no bloqueio vacinal estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

O que é a meningite?
Meningite é uma inflamação das meninges, que são membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença pode ser causada por vírus (meningite viral), bactéria (meningite bacteriana), fungos (meningite fúngica) e parasitas.

Quais os sintomas da doença?
Os sinais e sintomas de meningite variam conforme a idade.

Nos bebês, os sintomas e sinais mais frequentes são:
• febre, mãos e pés frios (dificuldade de circulação);
• baixa atividade (criança “largadinha”) ou irritabilidade, choro intenso e inquietação;
• rigidez de nuca (dificuldade para flexionar a cabeça);
• recusa alimentar - não aceita nada do que é oferecido;
• gemência e sonolência, com dificuldade para despertar;
• manchas vermelhas na pele;
• convulsões;
• fontanela abaulada (moleira abaulada);
• vômito, diarreia.

Nas crianças maiores, adolescentes e adultos, os principais sintomas são:
• febre alta;
• dor de cabeça;
• vômitos, muitas vezes em jato;
• rigidez de nuca (dificuldade para flexionar a cabeça);
• sonolência;
• convulsões;
• dor nas articulações;
• aversão à luz.

Quais são os principais tipos de meningite?
A meningite viral é uma doença causada por vários tipos de vírus como, por exemplo, os enterovírus. É a meningite que ocorre mais frequentemente, e em geral evolui bem. Pode ser transmitida pelo contato com a saliva e a secreção respiratória ou por meio da água e alimentos contaminados. Um surto de meningite viral pode ser definido como a ocorrência de dois ou mais casos suspeitos de meningite em um mesmo local (escola, creche, acampamento, alojamento etc.), em um intervalo de até três semanas.
Já a meningite bacteriana é uma doença grave, que pode ser causada por várias bactérias, entre elas, o meningococo (Neisseria meningitidis), o pneumococo (Streptococcus pneumoniae), o Haemophilus influenzae, entre outras. As bactérias são transmitidas pela tosse ou espirro do paciente, por meio de secreções eliminadas pelo trato respiratório (nariz e boca). Para que essa transmissão ocorra, há necessidade de contato direto, íntimo e frequente com a pessoa doente (troca de secreção).
As meningites causadas pelo meningococo são denominadas doença meningocócica (DM). Quando a bactéria é o meningococo, a presença de manchas vermelhas na pele que não desaparecem quando se faz pressão sobre elas, define o quadro de meningococcemia, que é a infecção generalizada.
Segundo o Guia de Vigilância do Ministério da Saúde, um surto comunitário de doença meningocócica é a ocorrência, em um período menor ou igual a três meses e em uma mesma região, de três ou mais casos do mesmo subgrupo da bactéria Neisseria meningitidis (o tipo C, por exemplo), que não tenham relação entre si e confirmados por exames laboratoriais. Além disso, para ser considerado surto, o número de casos deve maior ou igual a 10 por 100 mil habitantes.
É importante lembrar que o meningococo não sobrevive no meio ambiente, fora do corpo humano. Nem todas as pessoas que adquirem o meningococo ficam doentes, pois o organismo se defende com a produção de anticorpos e desenvolve resistência à doença. Algumas pessoas podem se tornar portadoras do meningococo no nariz ou na garganta e não ter a doença, mas podem transmitir a bactéria para outras pessoas com as quais convivem.

Quais os números de casos de doença meningocócica na cidade de São Paulo?
Em toda a cidade o número de casos de meningite meningocócica diminuiu em 2022 na comparação com 2019, ano anterior à pandemia de Covid-19. Neste ano, até esta quinta-feira (6), foram notificados 58 casos da doença em toda a capital. De janeiro a setembro de 2019, foram registrados 158 casos da doença, ou seja, uma redução de 63,2% no âmbito geral. O número de óbitos decorrentes da doença somam agora dez em 2022, ante 28 entre janeiro e setembro de 2019.

Como é a vacinação contra a meningite bacteriana?
O Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde (MS) indica a vacinação de bebês e adolescentes contra a meningite, cobrindo vários tipos de bactérias causadoras da doença. O esquema vacinal é feito da seguinte forma:

Aos 2 meses e aos 4 meses de vida: primeira e segunda doses da vacina pneumocócica 10 valente (conjugada) - protege contra doenças graves causadas pela bactéria pneumococo, como a meningite, pneumonia e otite média aguda, causadas por Streptococcus pneumoniae de sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F e 23F.

Aos 3 meses e aos 5 meses de vida: primeira e segunda doses da vacina meningocócica C (conjugada), que previne as doenças provocadas pela bactéria Neisseria meningitidis do subtipo C, causa de várias infecções graves, incluindo a meningite.

Aos 12 meses de vida: primeira dose de reforço das vacinas pneumocócica 10 valente (conjugada) e meningocócica C (conjugada). Para as crianças que por algum motivo perderam a oportunidade de receber a vacina nas idades indicadas, recomenda-se a administração de uma dose da vacina pneumocócica 10-valente até os 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade e da vacina meningocócica C (conjugada) até os 10 anos, 11 meses e 29 dias.

Dos 11 aos 14 anos (para adolescentes de 13 e 14 anos, a vacina está disponível até junho de 2023): é feita a aplicação da vacina meningocócica ACWY, em dose única. Essa vacina previne contra quatro tipos diferentes de bactérias causadoras da meningite. A vacinação é importante porque os adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença na comunidade pois mesmo que de forma assintomática, podem ser portadores da bactéria, que normalmente se aloja na região da nasofaringe (a parte mais alta das vias aéreas, situada logo atrás do nariz).

Adultos podem tomar a vacina contra a meningite?
Apenas em situações excepcionais, como a do surto localizado que ocorre no momento nos distritos da Vila Formosa e Aricanduva, os imunizantes são indicados para adultos. A exceção são profissionais de saúde, que podem ser vacinados mediante comprovante de vínculo empregatício em serviço de saúde do município de São Paulo, documento de Conselho de Classe, comprovante de profissão, certificado ou diploma.

O que os moradores das regiões de Vila Formosa e Aricanduva devem fazer para se vacinar?
A vacinação está sendo realizada dentro de um perímetro de 3 km na área de abrangência das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Jardim Iva, Guarani, Vila Formosa II e Comendador José Gonzalez. Podem ser vacinados moradores e estudantes que têm entre 3 meses e 64 anos de idade e para trabalhadores até 64 anos de idade. Para receber o imunizante, os cidadãos que moram, estudam ou trabalham no perímetro delimitado devem apresentar comprovante de residência, de trabalho ou de estudo. Para consultar se o endereço de residência, de emprego ou escolar está contemplado no perímetro delimitado para a vacinação basta acessar a página da Covisa.