Saúde responde a sete questionamentos sobre a vacinação contra a poliomielite

Doença é alvo de campanha nacional; doses estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde para crianças com até 4 anos e 11 meses

Efeitos colaterais, segurança, efetividade, são muitos os argumentos utilizados por quem se opõe à vacinação. No caso da poliomielite, a queda global nos níveis de vacinação na última década traz consigo o risco do retorno de uma doença infantil altamente contagiosa e que pode causar sequelas graves, como paralisia permanente ou mesmo morte. Veja a seguir alguns dos questionamentos mais comuns em relação à vacina contra a poliomielite e as respostas a eles.

Por que preciso vacinar meu filho contra a poliomielite, se há décadas não há registro da doença no Brasil?
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994, mas até que a doença seja erradicada no mundo, existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular, afinal vivemos em um mundo altamente interligado. Vale lembrar que o vírus ainda circula em vários países e retornou às Américas. Há alguns dias a cidade de Nova Iorque decretou estado de emergência após a constatação de que o poliovírus selvagem voltou a circular.

Por que devo me preocupar, se a maior parte dos casos de infecção pelo vírus da poliomielite é assintomática?
A maior parte é assintomática e outra parte apresenta sintomas semelhantes aos da gripe, mas ainda assim, em 1 a cada 200 casos o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Em casos mais raros, pode ainda atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte.

Prefiro adotar outras formas de prevenção contra a poliomielite.
A principal forma de prevenção é a vacina, inclusive porque o poliovírus selvagem é altamente contagioso. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece duas vacinas contra a pólio, que se complementam: a inativada e a atenuada. A vacina inativada é aplicada por meio de injeção e deve ser tomada por bebês de 2, 4 e 6 meses de idade. Já o reforço da proteção contra a doença é feito com a vacina atenuada via oral (em gotinhas). A vacina em gotinhas deve ser tomada entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade. Cada dose da vacina corresponde a duas gotas. A vacina contra a pólio pode ser feita junto com as outras vacinas oferecidas no calendário de vacinação do SUS.

Receio que meu filho possa ter reações adversas decorrentes da vacina contra a poliomielite.
Geralmente, as reações adversas à vacina são passageiras e desaparecem em 24 a 48 horas. Alguns efeitos são dor ou vermelhidão no local da injeção, febre moderada, dor de cabeça ou dor pelo corpo. Os estudos clínicos envolvendo novas vacinas são rigorosos e incluem análises não apenas de sua eficácia, mas também segurança. Caso haja problemas em qualquer um dos aspectos, os estudos são descontinuados, e sem a conclusão desses estudos não há possibilidade de um medicamento ou vacina ser aprovado pelas agências regulatórios.

Tomar mais de uma vacina no mesmo dia não sobrecarrega o organismo da criança?
A criança tem uma resposta vacinal mais efetiva que os adultos, e não há sobrecarga do sistema imunológico com a aplicação de múltiplas doses no mesmo dia. Ao contrário: existem evidências de que a aplicação simultânea – as chamadas vacinas combinadas – melhora a formação de anticorpos sem aumentar significativamente os efeitos colaterais.

O mercúrio usado como conservante não é perigoso para a saúde?
O timerosal (composto orgânico à base de mercúrio) é um conservante que está presente em algumas vacinas – nos frascos com mais de uma dose – e em pequena quantidade. Além disso, é devidamente metabolizado pelo organismo e não oferece risco à saúde.

A vacinação é uma obrigação?
Não, a vacinação não é obrigatória, mas vale ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 14, estabelece que os pais têm o dever de vacinar as crianças, e podem ser multados caso não o façam. É importante ainda frisar que a imunização é um pacto em prol à saúde coletiva, uma vez que ela não beneficia somente a pessoa que recebeu a dose, mas toda a sociedade. Com a diminuição da circulação dos vírus e bactérias que causam as doenças, a população se beneficia como um todo.

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