As doenças que mais afetam as mulheres no Brasil

Condições autoimunes, cânceres e patologias ligadas a fatores hormonais estão entre as de maior incidência em pessoas do sexo feminino

Seja por causas fisiológicas, genéticas, hormonais ou ambientais, existem doenças que acometem mais a população feminina, causando prejuízos à sua qualidade de vida e mesmo elevando estatísticas de mortalidade. É o caso, por exemplo, do câncer de mama, que atinge cerca de 60 mil mulheres ao ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Várias dessas patologias podem ter seus efeitos minimizados ou mesmo ser evitadas por meio de medidas de prevenção, mudanças de hábito ou diagnóstico precoce. Saiba mais sobre as origens, sintomas e cuidados com algumas delas, além dos cuidados oferecidos por meio da rede municipal de saúde.

Câncer de mama
O câncer de mama integra o grupo das neoplasias que, depois das doenças cardiovasculares, são a principal causa de morte no Brasil. Só o câncer de mama registrou 66 mil novos casos em 2021, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Entre os fatores de risco estão os genéticos, idade (acima de 50 anos) e ambientais (obesidade, inatividade física e tabagismo, entre outros). Manter hábitos saudáveis e realizar exames como a mamografia periodicamente, especialmente após os 50 anos de idade, são medidas importantes para evitar ou detectar precocemente o problema. Quando descoberto em estágio inicial, o câncer de mama tem grandes chances de cura.

HPV/câncer do colo do útero
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que só em 2020 mais de meio milhão de mulheres em todo o mundo tiveram câncer do colo do útero, e que cerca de 342 mil morreram em decorrência desta neoplasia, provocada pelo papiloma vírus humano (HPV). O câncer do colo do útero ainda causa milhares de mortes de mulheres todos os anos no Brasil. Anualmente são mais de 18 mil casos e quase seis mil óbitos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os exames preventivos, como Papanicolau e colposcopia, são indispensáveis para detectar a presença do vírus e tratá-lo adequadamente, evitando agravamentos. Além disso, a vacina contra o HPV está disponível no Calendário Nacional de Imunizações do SUS, para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

Osteoporose
A osteoporose é uma doença caracterizada pela redução da massa óssea, e que atinge principalmente mulheres após a menopausa, em função da queda nos níveis do hormônio feminino estrogênio. A OMS estima que existam hoje no Brasil pelo menos 10 milhões de pessoas com osteoporose. A doença avança silenciosamente ao longo dos anos, sem sintomas, deixando os ossos mais porosos e finos, e as pessoas sujeitas a fraturas de fêmur, vértebras e rádio. Apesar de haver uma predisposição genética, estilo de vida também conta: sedentarismo, alimentação inadequada, fumo, álcool e café em excesso agravam o problema. A prevenção, portanto, está diretamente ligada a uma dieta rica em cálcio e à prática de exercícios físicos para fortalecer a musculatura.

Alzheimer
O Alzheimer é um tipo de demência, um distúrbio cerebral irreversível e progressivo que afeta a memória e as habilidades de pensamento e, em alguns casos, a capacidade de realizar mesmo tarefas consideradas simples. A doença acomete principalmente pessoas com mais de 60 anos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Estima-se que só no Brasil existem 1,2 milhão de pessoas com Alzheimer, e que cerca de dois terços sejam mulheres. Essa maior incidência pode ser explicada em parte pelo fato de que elas são mais longevas que os homens; outra hipótese aponta a queda nos níveis de estrogênio após a menopausa. O Alzheimer não tem cura, mas seu avanço pode ser retardado com medicamentos. Manter hábitos saudáveis ao longo da vida é apontada como a melhor forma de prevenção.

Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica do sistema imunológico, de origem desconhecida, que afeta o sistema nervoso central e causa inflamação no cérebro e na medula espinhal. Estima-se que 40 mil pessoas convivam com a doença no Brasil, sendo que as mulheres têm pelo menos duas a três vezes mais probabilidade de desenvolvê-la que os homens. Os primeiros sintomas costumam aparecer cedo, entre os 20 e os 40 anos. A condição é associada em parte a fatores genéticos, mas ainda não se sabe como preveni-la. Algumas das hipóteses são a manutenção de bons níveis de vitamina D no organismo e de um estilo de vida saudável.

Como a rede municipal atua para prevenir, diagnosticar e tratar
Por meio do SUS, a rede municipal de saúde oferece suporte para prevenir, diagnosticar e tratar a principais doenças que acometem as mulheres em todas as faixas etárias. A prevenção é feita por meio de estratégias como a vacinação (contra o HPV, por exemplo, que é o principal causador do câncer de colo do útero) e do estímulo a hábitos de vida mais saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de atividades físicas.

As chamadas atividades de promoção da saúde fazem parte da rotina dos equipamentos da rede municipal. O estímulo e a realização de atividades físicas, por exemplo, estão na programação das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), dos Centros de Práticas Naturais (CPN), Centros de Convivência e Cooperativa (Cecco), Unidade de Referência em Saúde do Idoso (Ursi), Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e dos Polos Similares à Academia da Saúde, que, por meio das equipes multiprofissionais, promovem também as chamadas Práticas Integrativas e Complementares (Pics).

Realizar o acompanhamento periódico por meio de consultas e exames é outra forma de detectar precocemente qualquer problema de saúde, cuidado tanto mais importante quanto mais se tem consciência de que muitas vezes as doenças que mais matam as mulheres evoluem silenciosamente. Para agendar consulta com um clínico geral, basta dirigir-se à UBS mais próxima, levando consigo documento de identidade ou carteirinha do SUS.

A localização de todas as unidades de saúde da capital pode ser visualizada por meio da página do Busca Saúde.