Alto grau de imunossupressão: quem se encaixa neste grupo?

Com resposta imune menor para as vacinas, os imunossuprimidos precisam receber a dose de reforço para evitar casos graves de covid-19

Uma terceira dose da vacina contra a covid-19 está disponível para maiores de 18 anos com alto grau de imunossupressão, ou seja, pessoas com o sistema imunológico debilitado por uso de medicamentos ou por causa de alguma doença crônica ou congênita devem receber um reforço vacinal.

O sistema imunológico é responsável por proteger o nosso corpo, criando mecanismos de defesa para agentes estranhos como vírus e bactérias. No caso de indivíduos imunossuprimidos, a proteção fica deficiente. As pessoas são mais vulneráveis a infecções e respondem menos a qualquer tipo de vacina.

Algumas pessoas possuem imunodeficiências primárias, por terem nascido com uma doença congênita devido a uma má formação genética. Há também casos de imunodeficiências secundárias, em pacientes com HIV ou tratamento de câncer. Até mesmo o uso de medicamentos para doenças autoimunes também pode danificar as defesas do organismo.

Por terem um sistema imunológico mais comprometido, as pessoas desse grupo têm uma resposta imune mais baixa para as vacinas do que pessoas saudáveis. Mesmo assim, é extremamente importante que recebam o imunizante. Esses pacientes correm o risco de contrair o coronavírus e evoluírem para um caso grave.

Os indivíduos com alto grau de imunossupressão são:

• Portadores de imunodeficiência primária grave
• Em tratamento de quimioterapia para câncer
• Transplantados de órgão sólido ou de células tronco hematopoiéticas (TCTH) em uso de drogas imunossupressoras
• Pessoas vivendo com HIV/Aids
• Usam corticoides em doses acima de 20 mg/dia de prednisona, ou equivalente, por mais de 14 dias
• Fazem uso drogas modificadoras da resposta imune *
• Pacientes em terapia renal substitutiva (hemodiálise)
• Pacientes com doenças imunomediadas inflamatórias crônicas (reumatológicas, auto inflamatórias, intestinais inflamatórias).

Dose adicional

A médica Melissa Palmieri, que integra a equipe de Vigilância Epidemiológica da Covisa, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde do município de São Paulo e é diretora da regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Imunizações, revela que dados de produção de anticorpos de pessoas imunossuprimidas vacinadas para covid-19 têm demonstrado menores taxas, variando conforme os diferentes graus de imunossupressão. A correlação desses achados com a efetividade do esquema vacinal dessa população ainda é incerta. No entanto, há correlação entre a formação de anticorpos neutralizantes e a efetividade das vacinas contra a Covid-19.

Dessa forma, explica a médica, é possível que os achados de menor resposta de defesa desta população estejam relacionados à menor efetividade esperada, potencialmente associada a menor duração da resposta imune.

Com base nesses dados, recentemente o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos atualizou suas recomendações para incluir a possibilidade de doses adicionais de vacinas Covid-19 (terceira dose) em pessoas com alto grau de imunossupressão. No Brasil, o Ministério da Saúde implementou a medida em Nota Técnica de 26 de agosto de 2021.

A recomendação do intervalo para a dose de reforço deverá ser de 28 dias após a última dose do esquema básico, seja de duas doses ou dose única.

Na capital, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) convoca os integrantes deste grupo para atualizar a sua situação vacinal e convida a população a informar alguém que precisa receber a dose adicional.

* Drogas modificadoras de resposta imune consideradas para fim de elegibilidade a dose adicional da vacina para pessoas imunossuprimidas: metotrexato; leflunomida; micofenolato de mofetila; azatioprina; ciclofosfamida; ciclosporina; tacrolimus; 6- mercaptopurina; biológicos em geral (infliximabe, etanercept, humira, adalimumabe, tocilizumabe, canakinumabe, golimumabe, certolizumabe, abatacepte, secukinumabe, ustekinumabe); inibidores da jak (tofacitinibe, baracitinibe e upadacitinibe)