Muito se engana quem pensa que a carteirinha de vacinação é importante somente para crianças. Apesar de ser comum abrir a pasta de documentos e se deparar com uma caderneta antiga de papel frágil, vítima do passar dos anos, ela é responsável por comprovar o histórico de vacinas tomadas ao longo da vida e precisa de atualização mesmo na fase adulta.

Algumas vacinas que são aplicadas na infância necessitam de reforços para a manutenção da produção de anticorpos e, dessa forma, caso haja uma exposição a um agente infeccioso ou toxina, o corpo consegue desenvolver uma resposta de defesa robusta.

Quem está com as vacinas desatualizadas coloca em risco a própria saúde e a de outras pessoas, pois se torna um transmissor de doenças. E isso pode atingir aqueles mais vulneráveis, como crianças e idosos.

Manter a caderneta de vacinação atualizada é fundamental em todas as fases da vida (Foto: Edson Hatakeyama)

Cobertura vacinal

Se vacinar é a forma mais eficaz de evitar a baixa cobertura vacinal. “Quando a cobertura vacinal fica abaixo dos 90%, que é o preconizado na maioria dos imunizantes, nós temos um risco de perpetuação desse agente infeccioso na sociedade”, explica Melissa Palmieri, médica da equipe de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa).

Um exemplo disso é o sarampo, que anteriormente foi eliminado, mas voltou a circular em 2018 e 2019, devido à baixa vacinação. Segundo a médica, alguns estados ainda reportam casos do vírus, menos do que nos anos citados, mas que pode aumentar se as pessoas não se vacinarem. Dessa forma, o vírus vai encontrando os suscetíveis, aqueles que não estão adequadamente imunizados.

O vírus influenza, causador da gripe, por exemplo, necessita de vacinação anual, porque o sistema de defesa precisa entender quais são os vírus mais atualizados para conseguir construir uma resposta protetora. “Há também casos em que a população precisa tomar as doses de reforço para relembrar o organismo dessa proteção, como é o caso da vacina de difteria, tétano e coqueluche, que possuem as doses de reforço”, ressalta a especialista.

Quatro vacinas que os adultos precisam tomar

De forma geral, um adulto precisa ter as seguintes vacinas em dia:

• Duplo adulto (difteria e tétano);
• Tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola);
• Febre amarela;
• Hepatite B.

Elas são gratuitas em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e devem estar atualizadas na caderneta de vacinação. Além disso, é importante mencionar que se a pessoa tiver alguma condição clínica especial, ela pode receber também:

• Vacina contra HPV, para quem vive com HIV. É gratuita para mulheres até 45 anos e homens até 26;
• Vacina pneumocócica, em caso de pacientes de alto risco, pessoas que vivem com HIV, pacientes oncológicos e transplantados;
• Vacina contra a gripe, em casos de grupos prioritários (idosos, crianças, gestantes, entre outros).*

*Até o momento, a vacina contra a gripe segue ampliada para todos os munícipes da cidade de São Paulo. As doses são distribuídas por ordem de procura, enquanto durarem os estoques.

Caderneta de vacinação perdida

Geralmente, as vacinas são aplicadas na mesma unidade. Assim, caso a pessoa perca a caderneta, o posto de saúde poderá fornecer o histórico e emitir uma segunda via. “Nós temos hoje no município de São Paulo o sistema informatizado das vacinas atuais, onde as doses são registradas. Isso começou depois que a cidade passou por grandes surtos como do sarampo e febre amarela”, pontua Melissa.

Se a pessoa esqueceu onde se vacinou e perdeu o documento, é considerada como não imunizada e precisa fazer a vacinação novamente. Vale esclarecer que não há sobrecarga imunológica de vacina, nesses casos. Até porque, antes de ser vacinado, cada indivíduo é questionado pelo profissional de saúde se ele está em uso de algum tratamento imunossupressor ou se ele tem alguma condição clínica especial. Isso porque, existem algumas vacinas, as de vírus vivo atenuado, que são contraindicadas em alguns casos.

Carteirinha de vacinação digital

É possível consultar a caderneta de vacinação pelo aplicativo e-SaúdeSP, que mostra as vacinas de acordo com o registro no Sistema de Gestão Ambulatorial (Siga) do município de São Paulo. Além disso, estão registradas também as doses da vacina antiCovid que foram aplicadas no estado de São Paulo, via serviço do governo do estado, o Vacivida.