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Sexta-feira, 25 de Junho de 2021 | Horário: 16:03

Jovem com sequelas pós-Covid reaprende atividades de rotina com ajuda da reabilitação oferecida pela saúde municipal

Aos 29 anos, Aline chegou a precisar de auxílio para conseguir se alimentar e se vestir: “Acabei ficando acamada”

Relatadas com frequência nos serviços de saúde, as sequelas pós-Covid precisam ser acompanhadas e tratadas com atenção e cuidado. Mesmo quem teve um quadro leve da doença pode desenvolver a chamada Síndrome pós-Covid, que ocorre quando um ou mais sintomas persistem ou até pioram após um determinado tempo da infecção.

Foi esse o caso da nutricionista Aline Falcões Crepaldi, de 29 anos, sem comorbidades, que desenvolveu sequelas graves depois de se infectar com a Covid-19. Ela, então, passou a fazer reabilitação no Núcleo Integrado de Reabilitação (NIR), na UBS Jaçanã, para conseguir voltar a fazer atividades simples de rotina sem precisar de nenhuma ajuda.

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Os sintomas começaram no dia 22 de fevereiro de 2021. Três dias depois, Aline realizou o teste e teve resultado positivo. “Tive bastante falta de ar, saturação entre 87 e 88, dor de cabeça intensa, dor no corpo, fraqueza muscular, diarreia, falta de apetite, perda de paladar e perda de olfato”, conta ela. A nutricionista não precisou ser internada, mas ia diariamente ao hospital, já que sempre estava com a saturação muito baixa.

Ao se aproximar do 14º dia de infecção, período em que a maioria das pessoas costuma apresentar uma grande melhora dos sintomas, Aline percebeu que estava, na verdade, piorando. "Eu não conseguia me alimentar sozinha, não conseguia tomar banho sozinha, me vestir sozinha. Eu comecei a ver que aquilo provavelmente era uma sequela", lembra.

A imagem mostra uma mulher com cabelos pretos na altura do ombro, óculos e uma máscara de proteção preta sentada em uma cadeira. Ela está usando uma camisa de botões branca com detalhes em amarelo, de mangas longas. Em uma das mãos, ela tem um aparelho no dedo indicador. A outra mão está estendida, com um aparelho que mede a pressão. Em pé, em frente a ela, está uma profissional de saúde com um jaleco branco e máscara branca. Ela tem cabelos loiros, amarrados com um acessório rosa. Ao fundo da imagem está uma mesa com um monitor de computador preto e uma bolsa rosa apoiada

Aline passou a fazer acompanhamento para se recuperar das sequelas pós-Covid (Foto: Alexandre Moreira)

Vale pontuar que, assim como a Covid-19 em si, as sequelas da doença também podem atingir pessoas em qualquer faixa etária, mesmo as que levam um estilo de vida mais saudável, como Aline. "Eu fazia atividade física, fazia caminhada, estava iniciando corrida. Sempre fiz atividade, então eu tinha um ritmo bem intenso. E aí, de um dia para o outro, eu acabei ficando acamada", desabafa.

Processo de recuperação
Patricia Pereira Gouvea Theodoroff, supervisora do Núcleo Integrado de Reabilitação (NIR), explica que o paciente com sequela pós-Covid passa por uma avaliação multiprofissional antes de iniciar o tratamento de recuperação. A partir dessa avaliação inicial, a equipe de saúde define um projeto terapêutico singular para cada caso, dependendo da necessidade do paciente. "Aí ele vai ser direcionado para a fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia ou para psicologia. A gente conta com neurologista e ortopedista, que também dão esse suporte, caso seja necessário”, diz.

Ela ainda destaca que o serviço de saúde tem recebido bastante pessoas com sequelas no âmbito da saúde mental também. "Muitos pacientes com questão de ansiedade, depressão e medo. Tudo em torno da questão relacionada à Covid", fala Patrícia.

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O tratamento da Aline começou em março. Ela lembra que mal conseguia conversar no primeiro dia de avaliação, quando chegou à unidade de saúde, por conta da falta de ar e cansaço excessivo. "Do que eu estava, para agora, não tem nem comparação. Agora eu estou conseguindo voltar a ter a minha independência", pontua. Após cerca de três meses de recuperação, ela já consegue sair sozinha, tomar banho e fazer outras atividades do dia a dia sem precisar pedir ajuda.

Para o caso dela, a reabilitação indicada foi a fisioterapia. Os exercícios eram feitos na própria unidade uma vez por semana, mas também eram passados para que a nutricionista fizesse em casa, todos os dias.

Stephanie Hackradt Przadka, fisioterapeuta que atende casos de sequelas pós-Covid no NIR e fez parte do tratamento da Aline, explica que não propõe obrigatoriamente séries específicas de exercícios para todos os pacientes. "Normalmente eu vou trazendo exercícios de acordo com a demanda, tanto do que os pacientes pedem, falando do que eles têm dificuldade em casa e o que não conseguem fazer pra gente melhorar isso, associado a exercícios de respiração", comenta.

Uma estratégia utilizada pela fisioterapeuta é pedir que cada pessoa tenha um caderno para anotar os exercícios feitos. Dessa forma, é possível acompanhar a evolução do quadro com o passar das semanas e o paciente também tem acesso ao conteúdo para praticar em casa.

Do lado esquerdo está uma profissional da saúde com jaleco branco, máscara de proteção branca e cabelos loiros presos para cima. Ela está olhando Aline, que está no canto direito da foto. Ela tem cabelos pretos na altura do ombro, usa óculos e está com uma máscara preta. Veste calça preta e uma camisa de botões e manga longa branca com detalhes em amarelo. Ela está segurando uma bola verde com detalhes pretos, com as mãos esticadas. No fundo da imagem, mais para o centro, está uma cama azul com aparelhos de fisioterapia pretos em cimaFisioterapia é uma das técnicas de reabilitação para pacientes com sequelas pós-Covid (Foto: Alexandre Moreira)

Hoje, Aline ainda está se recuperando das sequelas que teve, mas já sente uma melhora significativa e agora leva a própria experiência como forma de alertar outras pessoas sobre o risco da Covid-19. "A gente sempre acha que quando acontecer com a gente não vai ser tão grave, acha que vão ser sintomas leves. Que vai perder olfato e paladar e logo está melhor, mas não é assim. Eu não tinha comorbidades, tinha uma vida ativa e acabei ficando com sintomas muito graves. Então, isso de só ter piora se for mais velho ou só ter um quadro pior se tiver comorbidade... Nesse período, já não se encaixa mais”, conclui.

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Ela também ressalta a importância de seguir com os cuidados necessários para prevenção, com uso de máscara, higienização das mãos e, sobretudo, distanciamento social: “Agora não é o momento para festas, para aglomerações. Eu acho que vai ter uma hora que a gente vai voltar a ter nossa rotina normal, mas é esperar um pouquinho”.

Atendimento de reabilitação pós-Covid na capital
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça que usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que estejam com sequelas pós-Covid podem procurar uma das 468 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade de São Paulo para solicitar atendimento. Inicialmente, a avaliação médica é realizada por teleconsulta pelas equipes de saúde. Em seguida, de acordo com a necessidade clínica, cada caso é encaminhado à rede especializada do município.

Atualmente, mais de 16 mil pacientes egressos de internação por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), devido ao diagnóstico de Covid-19, já estão sendo acompanhados nos serviços da Rede de Atenção à Saúde do Município. Veja a lista dos endereços e detalhes de atendimento dos serviços de saúde da capital.
 

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