Endometriose atinge mulheres entre 25 e 35 anos e pode levar à infertilidade

Doença caracterizada por dores abdominais intensas tem tratamento clínico, cirúrgico ou uma combinação de ambos

Em julho de 2020, quando estava grávida de seu primeiro filho, Rayana Passos da Silva, 23 anos, descobriu que é uma das milhares de mulheres que sofrem de endometriose. “Eu estava grávida e até então não sabia se tinha endometriose ou não, foi devido à gravidez que eu descobri”, conta a jovem.

Logo depois de sofrer um aborto natural, Rayana passou a sentir muitas dores abdominais, tão intensas que a impediam de trabalhar. Ela passou a apresentar atestados a cada 15 dias até chegar o momento em que a empresa passou a recusar os documentos e Rayana precisou pedir demissão.

Atendida no Hospital e Maternidade-Escola Vila Nova Cachoerinha, Rayana passou por uma avaliação que diagnosticou a endometriose, uma doença inflamatória que ocorre quando o endométrio, tecido que reveste o interior do útero, se implanta fora dele. Pode atingir áreas como ovários, intestino e bexiga.

Foto de Rayana Passos. Ela está olhando para a câmera e sorrindo. Usa uma blusa preta, óculos e está de batom vermelho, com os cabelos longos sobre os ombros

Rayana Passos recebeu o diagnóstico de endometriose após sofrer um aborto espontâneo que interrompeu sua primeira gravidez 

 

Geralmente, o problema aparece na adolescência ou acomete jovens adultas, entre 25 e 35 anos. De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cerca de 10% da população feminina é atingida pela endometriose no Brasil. O mês de março é dedicado à conscientização sobre a doença.

Sintomas
Infertilidade, dores abdominais para urinar e evacuar, além de fortes cólicas menstruais, que exigem medicação e tornam impraticáveis atividades do dia a dia, devem servir de alerta, afirma o médico Adalberto Aguemi, coordenador da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS). “A mulher não deve aceitar como normal uma cólica menstrual intensa, de forma regular e prolongada”, afirma o especialista.

Tratamento
Aquelas que têm histórico familiar devem ficar atentas e fazer os exames ginecológicos de rotina. Análises solicitadas pelo médico, como ultrassom endovaginal e ressonância magnética, costumam indicar a existência da endometriose.

De acordo com Aguemi, o tratamento da paciente pode ser clínico, cirúrgico (de preferência por videolaparoscopia, por ser menos invasiva e com melhor recuperação) ou a combinação de ambos.

A abordagem terapêutica deve estar embasada no diagnóstico correto da localização e extensão da doença, resultado de uma avaliação clínica criteriosa e de estudos de imagem meticulosos. “Independentemente do tratamento escolhido, o objetivo principal é o alívio da dor da paciente, a gravidez (se desejada) e a prevenção de recorrências”, explica o médico.

Na rede municipal, o Hospital e Maternidade-Escola Vila Nova Cachoerinha, na Zona Norte, realiza este tipo de atendimento à saúde da mulher. O hospital fica na Avenida Dep. Emílio Carlos, 3.100, Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo. Por conta da pandemia de Covid-19, as cirurgias de endometriose previstas para 2020 foram suspensas e estão sendo retomadas, de acordo com a urgência das pacientes.

Nesta quinta-feira (1), Rayana vai passar por cirurgia no Hospital Cachoeirinha para tratar a endometriose. Ela está ansiosa para poder voltar a trabalhar e tentar engravidar novamente. “Quero fazer essa cirurgia, me recuperar, ver qual vai ser o resultado e que eu tenha oportunidade de engravidar mais para a frente, porque eu pretendo trabalhar”, conta.