Secretaria Municipal da Saúde

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Sábado, 13 de Fevereiro de 2021 | Horário: 09:00

Consultório na Rua realiza mais de 164 mil atendimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade durante a pandemia

No total, foram 30.299 consultas médicas e 63.296 realizadas pela equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais

Profissional do Consultório na Rua ampara uma pessoa em situação de rua numa praça, que está enrolada a um cobertor

Programa Consultório na Rua atua em três turnos atendendo diariamente em torno de três mil pessoas que vivem em situação de extrema vulnerabilidade social (Foto: Secretaria Municipal da Saúde)

 

Eles se aproximam com cuidado, abaixam próximos ao chão e chamam o senhor pelo nome. Em situação de rua há mais tempo do que goste de lembrar, o homem recebe atendimento no meio da praça Marechal Deodoro, ao lado do minhocão, área central da cidade. O atendimento é individual e personalizado, um a um. Sintomas de Covid-19 são os primeiros a serem checados, depois sinais de síndrome gripal e demais comorbidades que o paciente possa ter, além de curativos e muita conversa. Em caso de pessoas que apresentam suspeitas de síndrome gripal, com sintomas leves, uma ambulância é chamada e elas são encaminhadas para os Centros de Acolhida com isolamento social. Nos casos mais graves, os pacientes atendidos são encaminhados aos serviços de saúde. Sob chuva, sol, frio ou calor, essa é a rotina diária da equipe do Consultório na Rua, programa da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo que atua em três turnos atendendo diariamente em torno de três mil pessoas que vivem em situação de extrema vulnerabilidade social.

O programa, em parceria com a ONG Bompar, Programa Redenção e IABAS (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), realizou entre abril e dezembro do ano passado 164.250 atendimentos nas ruas e em equipamentos sociais da cidade. No total, foram 30.299 consultas médicas e 63.296 realizadas pela equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.

Foram 7.751 ações específicas para Covid-19 nos equipamentos sociais e nas ruas, com 274.514 questionamentos para buscar ativamente casos sintomáticos respiratórios e 351 pessoas diagnosticadas com a doença.

Profissional do Consultório na Rua afere a pressão de um paciente. A foto mostra o aparelho no braço de uma pessoa

Entre abril e dezembro do ano passado foram realizados 164.250 atendimentos nas ruas e em equipamentos sociais da cidade (Foto: Secretaria Municipal da Saúde)

 

O Consultório na Rua existe desde 2004 para atender uma população que, de acordo com o senso realizado pela Prefeitura de São Paulo em janeiro de 2020, inclui 24.344 pessoas.

Cristiano Dantas de Almeida, médico da equipe que vai às ruas todos os dias, acredita que o cenário é um organismo vivo e desafiante. “O Consultório na Rua tem essa peculiaridade, muda a cada hora do dia, semana ou temperatura. É empático. Vemos que o paciente precisa de muito mais do que apenas remédio, como atenção e acolhimento. Sinto que somos um elo de sustentação, conforto e segurança. A ligação entre essas pessoas que estão em situação de rua, a sociedade e o Estado”, conta.

De acordo com ele, o perfil das pessoas e do atendimento pode variar bastante conforme o período do dia e local onde vivem, mas a recepção é sempre positiva. “Faz um tempo atendi uma família na Praça Bento, que fica na Armênia. Antes de ir embora, um garotinho correu até mim, olhou nos meus olhos e me pediu um abraço. Meu coração se despedaçou. Eles sabem que são cuidados. Sentem que estão sendo atendidos de maneira digna. Costumo dizer que nosso consultório é na rua e os pacientes são todos aqueles que precisam”, completa Cristiano.

Agente de saúde do Consultório na Rua aplica uma vacina em uma pessoa em situação de rua, que está de costas

Aplicação de vacinas também está entre as ações realizadas pelos agentes do programa Consultório na Rua (Foto: Secretaria Municipal da Saúde)

 

Além de assistência médica e psicológica, o Consultório na Rua também desempenha um papel de reintegração da pessoa em situação de vulnerabilidade à sociedade. Todos os agentes são pessoas que estiveram, em algum momento da vida, em abrigos ou nas ruas. Muitos deles vão se reestruturando e buscando mais qualificação profissional. Hoje existem ex-agentes de saúde que são assistentes sociais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, interlocutores e até médicos.

Em novembro de 2020, o programa venceu o prêmio Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19, idealizado pelo jornal Folha de S. Paulo, em parceria com a Fundação Schwab. A premiação contempla as dez iniciativas de maior impacto social diante da pandemia do novo coronavírus. Como recompensa, o projeto Consultório na Rua passa a fazer parte do Banco de Boas Práticas da ONU 2021, que contempla organizações sociais combatentes da Covid-19 e pode, a partir de agora, receber investimento de diversos países, que serão direcionados à ajuda humanitária da população de rua.

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