Pelo terceiro ano seguido, São Paulo tem queda nos casos de HIV e atinge marca histórica

Saúde comemora menos notificações de infecção por HIV, entre 2018 e 2019; novos casos diminuíram quase 12%

Um feito histórico e inédito. Pelo terceiro ano consecutivo, desde o primeiro registro do vírus na capital paulista, em 1981, os novos casos de HIV caíram. As notificações de aids também apresentam uma diminuição ininterrupta desde 2015.

Dados do Boletim Epidemiológico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)/Aids da cidade de São Paulo de 2020 foram divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde nesta terça-feira, 1º de dezembro, Dia Mundial da Aids, e revelam que em 2019 foram registrados 2.946 novos casos de HIV, 11,7% a menos do que em 2018, quando houve 3.340 notificações. Se a comparação for com 2017, a diminuição chega 25% (3.889 casos). Em relação à aids, a queda foi de mais de 20% entre 2018 e 2019 (2.033 casos para 1.623) e chega a 30% na comparação entre 2015 e 2019 (2.421 para 1.623 casos).

“Esses resultados exitosos refletem o trabalho de prevenção e assistência que a Coordenadoria de IST/Aids, em conjunto com outros órgãos da Secretaria Municipal da Saúde, tem feito na cidade de São Paulo. Nos últimos anos, ampliamos os pontos de distribuição de camisinhas, chegando a mais de 40 estações do metrô e da CPTM, implantamos e expandimos a PrEP [Profilaxia Pré-Exposição] - hoje temos mais de 8 mil pessoas que já iniciaram a profilaxia –, diminuímos em mais de 80% o tempo entre o diagnóstico de HIV e o início do tratamento, com média atual de apenas 20 dias, e ainda a cidade foi certificada pela eliminação da transmissão vertical do HIV, que acontece da mãe para o bebê”, diz Maria Cristina Abbate, coordenadora da Coordenadoria de IST/Aids.

Perfis
O sexo ainda é a principal via de transmissão do HIV, representando 89% dos novos casos. No sexo masculino, 70,9% dos casos notificados se declararam homossexuais ou bissexuais e 18,5% heterossexuais.

Em 2019, dos cerca de 3 mil novos casos de HIV, mais de 80% (2.404) foram em homens. Nesta proporção, a cada quatro notificações no sexo masculino, uma é no feminino. Os jovens entre 15 e 29 anos concentram quase metade dos novos registros (1.467), com predominância na faixa de 25 a 29 anos.

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Em relação ao quesito raça/cor, a maioria dos novos casos de HIV foi na população autodeclarada como negra, que soma pretos e pardos, com uma taxa de detecção de 100 casos para 100 mil habitantes destes grupos populacionais. Na população autodeclarada como branca, a taxa é de 19,4 casos.

No mapeamento da cidade, todas as regiões apresentaram queda na taxa de detecção (TD) – número de casos a cada 100 mil habitantes – do HIV em 2019. O declínio mais acentuado é observado na região central, onde a taxa de 94,6 em 2018 caiu para 74,9 em 2019. A zona sul é a que apresenta o menor índice no município, com 20,6 casos a cada 100 mil habitantes.

Aids
Os homens também representaram 80% do total dos novos casos de aids, a doença causada pelo HIV, em 2019 na cidade de São Paulo. No entanto, a aids atingiu uma população um pouco mais velha, entre 25 e 34 anos, representando 35% do total de novos casos no ano passado.

Assim como o HIV, a exposição sexual foi a principal forma de transmissão do vírus nos novos pacientes diagnosticados com aids. Dos mais de 1.600 casos, cerca de 50% foram em homossexuais ou bissexuais e quase 40% em heterossexuais.

A taxa de detecção de aids nos territórios da cidade também diminuiu entre 2018 e 2019, sendo puxada majoritariamente pela região central. No ano passado, foram registrados 27,1 casos a cada 100 mil habitantes, contra uma taxa há dois anos de mais de 40 casos.

Os dados epidemiológicos de aids por raça/cor mostram que a taxa de transmissão é de 54,5 na população autodeclarada como negra e de 10,7 na população autodeclarada como branca.

Além da queda dos novos casos de HIV e aids, outra conquista da cidade de São Paulo é a queda, desde 2009, da taxa de mortalidade pela doença. No ano passado, o índice chegou a 4,8 mortes por 100 mil habitantes, o menor desde 1988. Se comparado com 10 anos atrás, há uma redução de 50% na taxa de mortalidade na capital paulista.

Boletim Epidemiológico
O Boletim Epidemiológico está disponível à população. O documento técnico inclui ainda os dados de sífilis (adquirida, em gestantes e congênita) e os principais índices sobre os serviços da Rede Municipal Especializada (RME) IST/Aids, como pacientes vivendo com HIV/Aids em seguimento e testes realizados em 2019.

A publicação traz ainda uma pesquisa inédita no Sistema Único de Saúde sobre a prevalência de casos de clamídia e gonorreia, realizada pela Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo, em quatro unidades da RME IST/Aids.

Os dados do Boletim Epidemiológico baseiam-se nos casos de aids, HIV e sífilis (gestante e congênita) notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e foram coletados até 30 de junho de 2020.