População em situação de rua recebe atendimento preventivo contra o novo coronavírus

Com a parceria do Programa Consultório na Rua, Prefeitura realiza ações de saúde e assistenciais para reduzir o risco da Covid-19 na cidade de São Paulo

 A Prefeitura de São Paulo aumentou a atenção a pessoas em situação de rua, atendida pelo programa Consultório na Rua, com a Saúde municipal. Por conta da pandemia por coronavírus e da covid-19, as ações colaborativas entre as secretarias municipais da Saúde (SMS), da Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e das Subprefeituras são para reduzir o risco de contaminação pela doença entre a população nessa condição.


O atendimento consiste em pulverizações com solução não tóxica e ações sanitárias estratégicas para a contenção da transmissão por contato com a superfície que, possivelmente, possa estar contaminada com partículas do coronavírus.
Considerando todas as necessidades e demandas apresentadas pela população que vão além do cuidado em saúde, as equipes passaram a priorizar locais com aglomerações de pessoas nos quais, diariamente, ofertam orientações baseadas nas normas técnicas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial da Saúde (OMS).


"Assim que se identificou a possibilidade da doença se proliferar entre essa população vulnerável, as equipes do Consultório na Rua já foram preparadas para atuar", conta a coordenadora do Consultório na Rua do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, Marta Regina Marques Akiyama.


Os profissionais dessas equipes vêm reforçando, principalmente nas regiões Centro e Sudeste, o acompanhamento e monitoramento diário aos idosos entre os que estão nessa condição e que nem sempre são receptivos ao encaminhamento para os equipamentos sociais da cidade. Para esses munícipes com mais de 60 anos, que se encontram em grupo de risco e são mais vulneráveis, a vacinação foi prioridade.


Números da população de rua na cidade


De acordo com o censo da população em situação de rua (2019), são 24.344 pessoas nesta condição, sendo a maior concentração e circulação na região central, abrangida pela Subprefeitura da Sé. Essa região soma 11.048 pessoas em situação de rua, sendo 3.455 delas acolhidas e 7.593 vivendo nas ruas.


A Secretaria Municipal das Subprefeituras instalou bebedouros públicos no Centro, banheiros e 11 pias com água potável fornecida pela Sabesp, para que as pessoas possam fazer a higienização das mãos, na Praça da Sé, Praça Ouvidor Pacheco e Silva, Largo São Francisco, Largo Paissandu, Pateo do Colégio, Praça da República, Largo do Arouche, Parque Dom Pedro, Largo General Osório e Praça da Liberdade e Praça Princesa Isabel. Nesses locais, o Consultório na Rua também atua com orientações e encaminhamento das pessoas para os serviços de saúde, quando necessário.


Para evitar a disseminação do coronavírus, novas medidas estão sendo adotas em caráter emergencial. Desde o dia 14 de março, todos os eventos agendados na rede socioassistencial foram cancelados e as visitas suspensas. Os serviços conveniados à SMADS intensificaram os cuidados com a higiene.


Fluxo de atendimento


As ações da SMS e SMADS acontecem de maneira sistematizadas uma vez que, ao encontrar pessoas em situação de rua com suspeita de covid-19, elas precisam ficar em isolamento social. Os munícipes, órgãos governamentais e não governamentais também podem ajudar indicando onde essas pessoas estão pela central telefônica 156 ou pelo APP 156.


Esteja no equipamento social ou na rua, a pessoa precisa ser avaliada pela equipe de saúde. Observando que o paciente tem sintomas, o médico pode sugerir o isolamento. Com o laudo e o CID, escrito "suspeita de covid", a equipe entra em contato com a Coordenação de Pronto Atendimento Social (CPAS), da SMADS, que vai disponibilizar as vagas na rede de acolhimento em dois serviços de referência:


1) Pessoas com sintomas (homens e mulheres): Centro de Acolhimento (CA) Pelezão (Lapa);
2) Pessoas com diagnóstico confirmado (homens e mulheres): CA Vila Clementino;


Os casos de suspeita e/ou sintomas de covid-19 também são acompanhados pelas equipes da saúde nos serviços de acolhimento.


Sobre o Consultório na Rua


O Consultório na Rua nasceu em 2004, da Estratégia Saúde da Família (ESF), parceria entre o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e a Secretaria Municipal de Saúde, com o objetivo de oferecer atendimento à saúde da população em situação de rua. Em iniciativa pioneira, os agentes comunitários de saúde (ACS) foram contratados por meio de processo seletivo feito com pessoas que tiveram a vivência de situação de rua/albergue.


O documento que norteia este trabalho se fundamenta nos princípios do SUS de integralidade, universalidade e equidade. As equipes realizam diretamente o atendimento integral da saúde da população de seu território, bem como facilita o acesso nos serviços de especificidades em saúde da região, para um cuidado emergencial e pontual.


Dentre os problemas de saúde encontrados nesta população estão a tuberculose, as doenças sexualmente transmissíveis, os transtornos mentais, a dependência química, a hipertensão arterial, as sequelas ortopédicas e as alterações dentárias.
Atualmente, o Programa conta com 18 equipes multiprofissionais (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, agentes de saúde) atuando na área da saúde. As equipes ficam locadas em unidades básicas de saúde UBS nas regiões Centro – dez; Sudeste – quatro; Oeste – duas; Leste e Sul.