Saúde amplia atendimento para população LGBTI na capital

UBS Santa Cecilia acompanha a hormonioterapia em mais de 700 pacientes

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ampliou o atendimento à comunidade LGBTI. Só em 2019, mais de 700 pessoas estão sendo acompanhadas na unidade básica de saúde (UBS) Santa Cecília, que atualmente é referência em hormonioterapia. A intenção é fazer com que essa população seja acolhida pelo seu nome social e tenha um atendimento integral de saúde.

No Brasil, a exclusão social à qual esta população está submetida e as violências vividas fazem com que grande parte de seu adoecimento seja relacionado ao sofrimento por sua condição social. A grande maioria destas pessoas não tem acesso aos cuidados de saúde, a hormonização e a cirurgia de redesignação sexual.

Uma das necessidades de saúde específica desta população é a prescrição e oferta de hormônios para as pessoas que desejam realizar, desta forma, transformações corporais.

A dificuldade em acessar os serviços de saúde levam à automedicação, na maioria das vezes com hormônios de tipos, doses e/ou formas de aplicação inadequadas, o que habitualmente acarretam muitos efeitos adversos e problemas de saúde.

A população de pessoas transexuais e travestis, devido à sua vulnerabilidade social, possui altas incidências de infecções sexualmente transmissíveis (IST). A partir da abordagem de sexualidade e da percepção de riscos para ISTs, é possível oferecer rastreamento para ISTs específicas. Uma situação comumente percebida pelas pessoas transexuais e travestis nos serviços de saúde é a associação direta que profissionais costumam fazer entre sua identidade de gênero e comportamentos sexuais de risco, o que alimenta estigmas e as afasta do serviço de saúde

“Grande parte da população trans só procurava os serviços de saúde quando a situação já era precária, pois não encontravam um lugar onde poderiam ser acolhidas e ter um bom acompanhamento médico”, afirma Salete Monteiro Amador da área de Saúde LGBTI da SMS.

Ao ampliar o atendimento, o município passa a oferecer a estrutura necessária para a Hormonioterapia e procedimentos demandados por essa população.

Inclusão Social

A Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Complexo Prates incluiu mulheres transexuais na equipe do Consultório na Rua (CnR). A ideia é fazer com que as mulheres trans se sintam representadas na sociedade também nos serviços de saúde prestados à população.

A agente social do Consultório na Rua, Paloma Santos, informou que muitas mulheres trans como ela precisam desse acolhimento para buscar os serviços de qualidade. “Eu vejo as trans muito perdidas, não sabendo dar os primeiros passos. Converso e digo que elas podem fazer hormonioterapia, mas antes disso existe um acompanhamento psicológico, para que elas saibam o que querem para suas vidas”, afirma.

Já a agente do Consultório da Rua, Alessandra de Sousa, explicou que sempre quis fazer enfermagem e que encontrou no Centro Social Nossa Senhora Bom Parto uma oportunidade para mudar a sua realidade. “Através do meu trabalho eu consegui deslanchar e ir pra frente, sempre quis fazer enfermagem. Ter entrado no Bom Parto foi um passo importante, eu sempre quis ser enfermeira. Se me chamarem, vou adorar”, confessa a agente.