Saúde faz visita casa a casa na zona Norte em mais um dia de luta contra o Aedes aegypti

Ações rotineiras levam para os bairros agentes de combate a endemias da Vigilância em Saúde previstas no Plano Municipal de Enfrentamento às Arboviroses em toda a cidade


Agentes de combate a endemias chegam às casas, em mais um dia de luta, no bairro do Jaçanã

 

Por Keyla Santos e Gabriela Pasquale
Fotos: Edson Hatakeyama

 

Quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019, 9h30. Cinco agentes de combate a endemias da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) Jaçanã entraram em ação em mais um dia de luta contra o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e Zika vírus. A atividade de bloqueio casa a casa nesta manhã foi motivada pela notificação de um caso suspeito de dengue no entorno da Avenida Campos de Guaíra. No total, foram listados 127 imóveis, no entanto, apenas 47 foram trabalhados. É que muitas vezes os agentes não conseguem entrar nas casas, mas desistir é palavra que não existe no vocabulário desses profissionais. “Alguns moradores nos dizem que não há mosquitos e essas atitudes impossibilitam a vistoria dos agentes, que só têm acesso à casa se o munícipe permitir”, afirma Renato Sinnhofer Sugimoto, analista de saúde biológica da Uvis Jaçanã há quase dez anos. Ele compara o momento com o de quando começou a trabalhar na Prefeitura. “O Aedes aegypti tem se adaptado a diferentes criadouros artificiais".

A rotina é o combate educativo e preventivo nas áreas pré-determinadas por território. Os agentes realizam vistorias, orientam a população sobre as medidas necessárias para evitar a proliferação do Aedes aegypti nas residências e, todos os dias pela manhã, analisam casos na região.

 


Agente vistoria quintal de munícipe durante ação casa a casa realizada nesta quarta-feira (20)

Em casos suspeitos de dengue, faz-se o bloqueio dos criadouros. Os agentes vão de casa a casa analisando se há recipientes com água parada que podem ser possíveis locais de criação do mosquito. Se eles encontram algo, eliminam esse foco. Se há caso de dengue confirmado, é realizado o bloqueio de nebulização, para matar o mosquito adulto.

 


Vasos de plantas, quando não cuidados, podem se tornar criadouros do Aedes aegypti

Pontos estratégicos

A ação como a de hoje também é feita em pontos estratégicos e em imóveis especiais, que são aqueles com grande acúmulo de recipientes com água parada, e locais de grande circulação de pessoas, como hospitais, Assistência Médica Ambulatorial (AMA), Unidade Básica de Saúde (UBS), clubes, centros religiosos, entre outros. Nesses locais, a visita é programada.

“Se encontramos larvas do mosquito, fazemos a eliminação mecânica ou pela utilização de produtos larvicidas, um defensivo biológico que faz a larva morrer”, explica o analista de saúde biológica.

Se a nebulização é a opção, o munícipe precisa ficar fora de sua residência entre 15 e 30 minutos, que é o tempo necessário para o veneno agir e decantar. Após esse período é recomendável que ele higienize qualquer utensílio que o veneno possa ter atingido, mesmo com a orientação de que cubra tudo o que houver dentro da casa antes do início do trabalho.

Conscientização


Morador é orientado sobre as medidas necessárias para evitar a proliferação do Aedes aegypti na residência

Grande parte dos cidadãos está ciente da necessidade e da importância do trabalho realizado pelos agentes. Este é o caso de Josineide da Silva Santos, moradora do bairro Jaçanã há 28 anos. Ela conta que os agentes vistoriam seu quintal e sempre passam orientações, como a de não deixar água parada.

“A busca casa a casa é muito boa porque é uma forma dos munícipes se conscientizarem sobre a importância de deixar a sua casa sempre limpa e sem nada acumulado. Esse cuidado vale, principalmente, para quem cuida de criança, que é o meu caso. Há cinco anos cuido de uma garotinha e a mãe dela confia em mim devido a essa limpeza. Uma coisa que sempre faço é avisar os vizinhos sobre a importância de não deixar água parada e ficar sempre de olho nos potinhos que os animais de estimação costumam usar. Na minha casa, por exemplo, eu troco a água dos meus cachorros duas vezes por dia.”

Já o funcionário público do Instituto Médico Legal (IML), Antônio de Carlos Faria, considera excelente o trabalho dos agentes e diz que abre as portas de sua casa toda vez que os agentes passam pela rua. “Cuidar da minha casa é uma forma de ter zelo com a saúde das outras pessoas”, afirma.

Faria está ciente de que o verão torna a situação ainda mais delicada. “Nessa época a prevenção se torna ainda mais importante, para evitarmos os focos do mosquito Aedes aegypti. Como temos plantas e animais em casa, o ambiente precisa estar sempre limpo e arrumado, que são atitudes que sempre prezamos. As campanhas têm sempre alertado sobre os problemas por causa de água parada e outras situações de risco”, orgulha-se.

Comunidade Saloá


Agentes vacinaram seis moradores da Comunidade Saloá durante ação desta quarta-feira (20)

 

Em outra localidade da zona Norte, mais dez profissionais da Uvis Pirituba saíram às ruas da Comunidade Saloá. Casa a casa, fizeram busca ativa de não vacinados e inspeções de pontos estratégicos. Ao todo, 410 casas foram investigadas, 1.400 pessoas abordadas e seis vacinas contra a febre amarela foram aplicadas.

Essa rotina dos agentes da Saúde está prevista no Plano Municipal de Enfrentamento às Arboviroses, desde novembro de 2018, quando mais de 1.200 atividades foram organizadas. Orientação à população, controle com busca ativa por criadouros do mosquito Aedes aegypti e vacinação contra febre amarela, em todas as regiões da cidade. Até agora, a imunização na capital já atingiu 77,05% e segue em campanhas extra muros, em postos volantes e em todas as unidades de saúde.

Casos de arboviroses na capital

Em 2017, a capital paulista contabilizou 866 casos confirmados de dengue. No ano passado, foram 563 casos confirmados, e outros 201, em 2019, até 12 de fevereiro. Como a prevenção depende da informação e iniciativa da população da cidade, a SMS investe nesse corpo a corpo para tentar reverter as estatísticas. “Precisamos entender que há um ciclo epidemiológico da doença e que, nesse período do ano é natural que os casos aumentem, esclarece a coordenadora da Vigilância em Saúde de São Paulo, Solange Maria de Saboia e Silva.

O município teve ainda 33 casos com diagnósticos positivos para chikungunya, em 2017 e 35 em 2018. Foram três casos de zika vírus em 2017 e nenhum no ano passado. O maior crescimento foi o de notificações de febre amarela silvestre, que subiram de zero em 2017, para 13 casos confirmados no ano passado, causando a morte de seis pessoas, sendo os 13 casos autóctones, ou seja, contraídos no município de São Paulo. Em 2019, não foram registrados casos de Chikungunya, Zika e Febre Amarela autóctones.