Eliminar fatores de risco ajuda a evitar o câncer

No Dia Mundial do Câncer, prevenção para reduzir os riscos de desenvolver a doença e diagnóstico precoce são pilares relevantes da Saúde municipal

Por Maria Lúcia Nascimento


Dia de conscientização no mundo todo, o 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, expõe o tema mobilizando a sociedade e os poderes públicos. A média de casos novos de câncer na cidade de São Paulo é de aproximadamente 35.000 ao ano, como tem se mantido nos últimos dez anos. Este número inclui os diagnósticos da rede municipal, estadual e particular de saúde. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio de sua equipe de Atenção Básica, atua na promoção e prevenção da saúde.

De acordo com o oncologista da área técnica de Oncologia da SMS, Luís Fernando Pracchia, é possível destacar passos positivos no tratamento da doença. “De positivo, há de se destacar a incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de medicamentos bioterápicos e medicamentos-alvo, o que demonstrou um aumento da chance de cura dos pacientes”, comenta o especialista.

Pracchia afirma que com as terapias acima descritas e, quanto mais localizado, o câncer é uma doença curável. “Por exemplo, uma mulher com câncer localizado na mama (sem metástases), tem chance de cura acima de 95%”, explica.

No município, o diagnóstico de câncer pode ser efetuado em todos os equipamentos como Hospitais Dia, hospitais municipais e também nos cinco centros oncológicos sob gestão municipal: A.C. Camargo, Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (Ibcc), Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (Icavc), Hospital Municipal Vila Santa Catarina Dr. Gilson de C. Marques de Carvalho e no Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc).

Você sabe o que é câncer?

O câncer é uma proliferação anormal das células, que fogem parcial ou totalmente ao controle do organismo, com efeitos agressivos sobre o paciente. Pracchia explica que câncer é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos vizinhos. “Os mais comuns são o câncer de pele, mama, próstata e intestino, mas os cânceres podem aparecer em praticamente todos os órgãos humanos”, alerta.

Segundo o especialista, células normais podem sofrer alterações no DNA e nos genes. Aquelas, em que o material genético foi alterado, passam a receber instruções erradas para as suas atividades e se transformam em tumores.

O câncer pode ser hereditário, porém é mais raro. “A pessoa pode nascer com a alteração genética, mas ela corresponde a apenas de 10 a 20% dos casos de câncer. Essa alteração, contudo, pode se desenvolver ao longo da vida por exposição a fatores de risco, como tabagismo, que é a causa mais frequente e responsável por 80 a 90% dos tumores”, adverte o oncologista.

Fatores de risco

Os fatores de risco modificáveis para o câncer estão relacionados, principalmente, aos hábitos e estilo de vida das pessoas. De acordo com pesquisas realizadas no Instituto Nacional do Câncer (Inca), o risco de uma pessoa desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando. O uso de bebidas alcoólicas também pode causar câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, mama, intestino grosso (cólon) e reto. A exposição ao sol, sem proteção contra raios UV, provoca câncer de pele.

Alguns vírus também estão bastante associados ao surgimento do câncer, como: leucemia (HTLV), câncer do colo do útero (HPV) e câncer de fígado (vírus da Hepatite C).

“O sedentarismo aumenta o risco de câncer de cólon e reto, de mama e endométrio. Outro fator de risco muito frequente e modificável é a obesidade, que está relacionada a diversos tipos de câncer, como câncer de mama, útero (endométrio) e vesícula biliar”, explica Pracchia.

Medidas preventivas

Segundo o Inca, a prevenção pode reduzir os riscos de ter a doença, saiba como:

- Não fume;
- Alimente-se de forma saudável;
- Mantenha o peso corporal adequado;
- Pratique atividades físicas;
- Amamente;
- Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer o exame preventivo do câncer do colo do útero a cada três anos;
- Vacine contra o HPV as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos;
- Vacine contra a hepatite B;
- Evite a ingestão de bebidas alcoólicas;
- Evite comer carne processada;
- Evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, e use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar, inclusive nos lábios.


Sinais e sintomas

Os sintomas variam muito e dependem da localização do câncer. Muitas pintas pelo corpo que mudam de cor, textura ou tamanho, manchas e feridas na pele que não cicatrizam, podem indicar um câncer de pele. Um tumor no estômago pode ser revelado por meio de náuseas e desconforto abdominal. Tosse persistente e rouquidão também precisam ser bem avaliadas, pois são sinais que indicam câncer no pulmão.

Tratamento

Pracchia esclarece que o tratamento depende do tipo de câncer e sua localização. Além da cirurgia, são utilizados três principais modalidades de tratamentos: quimioterapia, hormonioterapia e radioterapia.

Quimioterapia: é a forma de tratamento sistêmico do câncer que usa medicamentos, chamados genericamente de quimioterápicos, bioterápicos, imunoterápicos e alvoterápicos que são administrados continuamente ou a intervalos regulares, de acordo com os esquemas terapêuticos. Estes medicamentos podem ser utilizados em todos os tipos de tumores, por via oral ou endovenosa.

Hormonioterapia: consiste no uso de substâncias semelhantes ou inibidoras de hormônios, para tratar as neoplasias (tumores) que são dependentes destes. A sua administração pode ser diária ou periódica e se caracteriza por ser de longa duração. Os tumores malignos sensíveis ao tratamento hormonal são os carcinomas de mama, o adenocarcinoma de próstata e o adenocarcinoma de endométrio. Podem ser administrados por via oral ou injetável.

Radioterapia: é o método de tratamento localizado do câncer, com equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo humano, prévia e cuidadosamente demarcadas. Pode ser utilizada em todos os tipos de tumores.

O oncologista ainda destaca a imunoterapia e as terapias-alvo para o tratamento do câncer. A imunoterapia consiste em medicamentos que despertam o sistema imunológico do paciente a combater o câncer e que agem, seletivamente, mais nas células tumorais que nas normais. Este tratamento é bastante aplicado em pacientes com Linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B.

As terapias-alvo são tratamentos que consistem na utilização de substâncias que atacam alvos moleculares ou enzimáticos específicos, direcionando a ação de medicamentos, quase exclusivamente aos tumores, reduzindo os danos às células saudáveis e os efeitos colaterais. Essas terapias são utilizadas, por exemplo, no tratamento da leucemia mieloide crônica, do tumor do estroma gastrintestinal e do câncer de mama HER-2 positivo.

“Nem todos os tipos de câncer necessitam de todas as modalidades de tratamento”, explica o oncologista.

Metástase

A metástase é uma disseminação do tumor de seu local originário para outro local do corpo. Em um câncer de mama, por exemplo, a presença de doença em ossos caracteriza metástase óssea da doença. “A maioria dos tumores que estão disseminados pelo corpo são incuráveis. Alguns tipos de cânceres do sangue, porém, podem ser curados, mesmo na presença de metástases”, finaliza o especialista.

Direitos dos pacientes

Os pacientes com câncer têm vários direitos assegurados por leis específicas, tais como: saque do FGTS, saque do PIS/PASEP, Auxílio-Doença, Amparo Assistencial ao Idoso e ao Deficiente (LOAS), entre outros. Para a lista completa acesse a página de perguntas frequentes sobre direitos sociais da pessoa com câncer, no site do Inca.