Osteoporose atinge 10 milhões de pessoas no Brasil

Doença fragiliza os ossos e acomete, principalmente, idosos e mulheres, na pós-menopausa

Por Maria Lúcia do Nascimento

A osteoporose afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, 10 milhões de pessoas têm a doença caracterizada pela fragilidade dos ossos, que diminui a quantidade de massa óssea e, consequentemente, leva à fratura especialmente nas vértebras, nos punhos, no fêmur e nos quadris, causadas, até mesmo, por baixo impacto como um espirro.

“A osteoporose é a principal causa de fraturas na população acima de 50 anos e provoca dor, incapacidade física e deformidades, comprometendo a qualidade e expectativa de vida. As quebras de quadril são as mais graves, impossibilitam os pacientes a manterem uma vida independente e aumentam a taxa de mortalidade em 12% a 20% nos dois anos seguintes ao rompimento”, explica a ginecologista obstetra e assessora da Saúde da Mulher da Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Norte, Rubia Marques.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a osteoporose é silenciosa. “Como não apresenta sintomas até que ocorra a primeira fratura, análises da história clínica e o exame físico detalhado são fundamentais em todos os pacientes. A identificação da população de risco é fundamental para a prevenção”, acrescenta a médica.

A osteoporose é 10 vezes mais frequente na mulher na pós-menopausa, devido aos baixos níveis de estrógenos, o que contribui para a perda da massa óssea. “Estima-se que a cada cinco homens acima dos 50 anos, um sofrerá uma fratura decorrente da osteoporose e aumentará para um a cada três, a partir dos 60 anos. Enquanto que, uma a cada três mulheres, acima dos 50 anos, sofrerá uma fratura e aumentará para uma em cada duas, a partir dos 60”, alerta Rubia.

A hereditariedade é um fator muito importante no surgimento da osteoporose. “Mas os hábitos, como o sedentarismo, a baixa ingestão de cálcio e vitamina D, o uso abusivo de álcool e o tabagismo, também influenciam bastante no aparecimento da doença”, disse a ginecologista.

Entre os mais importantes fatores de risco relacionados à osteoporose também estão: etnia branca ou oriental, baixa densidade mineral óssea (DMO) do colo de fêmur, baixo índice de massa corporal, uso de glicocorticoide oral (dose ≥ 5,0mg/dia de prednisona por período superior a três meses), fatores ambientais e baixa ingestão dietética de cálcio.

Prevenção

A prevenção da osteoporose pode ser dividida em primária e secundária. A primária deve ser realizada para contribuir na formação e no crescimento ósseo que ocorre principalmente na adolescência, baseada em alimentação rica em cálcio e vitamina D, além da prática de exercícios físicos.

A prevenção secundária está relacionada ao diagnóstico da osteoporose, por meio do exame de densitometria óssea. “Nesse caso, orienta-se algumas medidas para diminuir a possibilidade do avanço da doença e da ocorrência de fraturas”. A especialista acrescenta que os exercícios de impacto e de fortalecimento da musculatura dos membros inferiores também promovem a melhora do equilíbrio e reduzem o número de quedas.

Em mulheres com mais de 50 anos é recomendado o consumo de até 1.200mg de cálcio ao dia, preferencialmente por meio da dieta, especialmente o leite e derivados. “Quando é impossível fazê-lo por meio de fontes nutricionais, suplementos de cálcio são recomendados, com avaliação de riscos e benefícios.”

Em pacientes com osteoporose pós-menopausa, recomenda- se avaliar as concentrações plasmáticas da 25(OH) vitamina D e, em casos de deficiência, realizar a reposição. “A cada redução de um desvio padrão na DMO, detectado no exame de densitometria óssea, o risco de fratura também aumenta em duas a três vezes. É importante a identificação dos fatores clínicos de risco para osteoporose e fraturas, pois nos auxiliam na avaliação do risco absoluto para cada indivíduo e na seleção dos pacientes a serem tratados”, esclarece Rubia.

A implantação de medidas para minimizar o risco de quedas é de fundamental importância como: apoios e tapetes antiderrapantes no banheiro, evitar pisos escorregadios, tapetes soltos, melhoria da luminosidade e cuidados com escadas e degraus.

Tratamento

Como a cura da osteoporose é quase impossível, o objetivo do tratamento é controlar a dor, retardar ou interromper a perda de massa óssea e o principal, prevenir fraturas, a fim de impedir o agravamento da doença. A escolha do tratamento e dos medicamentos administrados aos pacientes irá depender da causa, se por excesso de reabsorção óssea ou por criação de massa óssea deficiente, ou se há outras doenças associadas.

O tratamento precoce da menopausa também é um auxiliar na prevenção da osteoporose. “Na pós-menopausa, deve-se intervir sobre os fatores de risco que são modificáveis e estimular as mulheres a praticarem atividade física”, finaliza a médica.