Programa Acompanhante de Idosos completa 10 anos transformando vidas

Ao longo dessa década, já atendeu cerca de 15.500 idosos

Por Keyla Santos

O Programa Acompanhante de Idosos (PAI) completou 10 anos e traz em seu histórico muitas mudanças de vidas. Este programa é uma iniciativa do município de São Paulo, que foi oficializada em 2008 pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e visa atender aos idosos em situação de fragilidade e alta vulnerabilidade social.

A coordenadora da área técnica da Saúde da Pessoa Idosa, Rosa Maria Bruno Marcucci, destaca que o PAI é de fundamental importância para os idosos que, muitas vezes, vivem em situação de abandono pela família e de vulnerabilidade social. Alguns são acumuladores que vivem em situação precária. “O PAI tem uma conotação de reinserção desse idoso na Saúde, mas também de dar um suporte social, trazendo mais qualidade de vida e também os cuidados de saúde na situação de fragilidade que ele apresenta”, disse.

O programa tem, atualmente, 44 equipes distribuídas entre as seis Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e, ao longo dessa década, já atendeu cerca de 15.500 idosos, sendo 5.200 idosos atendidos por mês, aproximadamente, 120 por equipe, todos com diferentes graus de fragilidade funcional e vulnerabilidade social (grande parte sem nenhum tipo de suporte social), promovendo atendimento integrado às ações da Rede de Atenção à Saúde (RAS). As equipes contam com um assistente social (coordenador), um enfermeiro, dois técnicos/auxiliares de enfermagem, um médico e 10 acompanhantes de idosos.

Segundo Rosa, o cuidado oferecido pelas equipes do PAI é um projeto terapêutico singular, discutido pela equipe, com base numa série de avaliações, tanto da vulnerabilidade quanto da fragilidade. “Os idosos são acompanhados por um período. Alguns conseguem ter alta rapidamente, alguns, infelizmente, caminham para a institucionalização e outros permanecem no programa até que consigam ter condições de manter a autonomia com qualidade de vida”, afirmou.
 

PAI nas Coordenadorias Regionais de Saúde

"Isso me torna uma pessoa cada vez melhor"


Vânia Maria Andrade Matrone, de 57 anos, é acompanhante de idosos há sete anos. Atua na UBS Cássio Bittencourt Filho, no PAI Vila Esperança, na CRS Sudeste, e destaca que entre suas responsabilidades está criar vínculo por meio das trocas de experiências, carinho, afeto e atenção, dar suporte junto aos familiares e para aqueles que vivem sozinhos. “Além de todas as ações citadas, a atenção tem que ser mais acentuada, por meio do fortalecimento ou criação de rede de apoio, como vizinhos, conhecidos e estabelecimentos que prestam serviços para a comunidade. O apoio de toda equipe é fundamental para bons resultados”, disse.

A acompanhante de idosos sente-se grata ao realizar este trabalho, pois acredita que tudo que é realizado com amor, compromisso e dedicação tende a dar certo e os resultados são positivos mesmo diante dos desafios. “Quando comparamos o primeiro atendimento, podemos observar o quanto o vínculo e a relação de confiança trouxeram benefícios para ambas as partes, a gratidão é recíproca. Me sinto uma pessoa mais flexível, mais compreensiva, pois cada dia é um aprendizado e isso me torna uma pessoa cada vez melhor”, afirmou Vânia.

O trabalho de Vânia mudou a realidade de Amélia Cruz, de 90 anos. Ela participa do PAI há dois anos, vive sozinha, mas conta com o auxílio de uma sobrinha, que a inscreveu no programa. Amélia necessita de cuidados que encontrou por meio do programa. “O programa é excelente. Os profissionais são muito educados, atenciosos e sempre prontos a ajudar”, disse Amélia.

“Esse programa é de muita importância na minha vida”

A acompanhante de idosos Veraci Machado da Silva, de 44 anos, trabalha no PAI da UBS Nossa Senhora do Brasil, da CRS Centro, há nove anos e seis meses. Ela destaca que um acompanhante tem que ter responsabilidade em tudo que envolve a saúde do idoso, deve ficar sempre atento e observar as agendas médicas para o devido acompanhamento.

Veraci auxilia os idosos nas tarefas e nas atividades básicas do dia a dia. “Sinto-me realizada em poder ajudar o outro e devolver autonomia e independência para eles”, disse.

O idoso Renival Genezio da Silva, de 60 anos, é cuidado por Veraci e está no programa há um ano e três meses. Ficou sabendo do PAI durante uma consulta de rotina e a motivação para participar foi a falta de suporte da família e a dificuldade que tinha para acessar o sistema de saúde.

Com o auxílio da acompanhante, Renival conseguiu dar andamento ao seu tratamento de saúde e à busca ao benefício ao qual tem direito junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

“Sou grato ao PAI pela presença em minha residência, pelo auxílio e suporte. Há muito tempo estava abandonado. Sou analfabeto e tenho muita dificuldade. Moro em São Paulo há 10 anos e em péssimas condições de moradia. Estava tentando buscar uma oportunidade para me aposentar e com a chegada do PAI, eu consegui. Esse programa é de muita importância na minha vida”, disse Renival.
 

"Cada dia é um desafio onde aprendo um pouco com cada um deles"

Para a acompanhante de idosos, Eliane Cristina Feitosa, de 42 anos, que atua no programa há quatro anos e oito meses, na UBS Vila Dionísia II, na CRS Norte, há muitos desafios diariamente, mas, segundo ela, o principal é chegar à casa do paciente ou no ambiente em que ele estiver, identificar a necessidade e supri-la.
 

“Para mim, diariamente é um aprendizado. Cada dia é um desafio onde aprendo um pouco com cada um deles”, disse Eliane. A acompanhante destaca ainda que a cada dia torna-se um ser humano melhor, ao viver o dia a dia dos idosos. “Essa convivência está me fazendo aprender coisas que antes não imaginava que viveria com idosos”, afirmou.
 

Eliane acompanha a idosa Maria Gerolina de Souza, de 71 anos, que participa do PAI há três anos. Apesar de viver com o marido, Maria destaca que o programa trouxe muitos benefícios à sua vida, como os grupos de atividades e a alegria de viver. “A Eliane me atende muito bem, assim como todos os profissionais”, disse.
 

 

"O pessoal do PAI é a minha segunda família!"

Há sete anos Rogério Romão dos Santos, de 51 anos, atua como acompanhante de idosos no PAI Alto de Pinheiros, na CRS Oeste. O acompanhante explica que é necessário entender o contexto familiar para compreender os conflitos enfrentados pelos idosos. Destaca ainda que é importante ter um vínculo com o idoso para que ele tenha confiança de falar sobre as dificuldades do dia a dia, pois geralmente muitos deles vivem sozinhos com muita solidão.

"É preciso ter muita habilidade para exercer esta atividade que requer paciência, tolerância e discernimento. Enfim, é uma honra ter a oportunidade de crescimento moral e humano no contato com os idosos", disse o acompanhante.

Rogério atende o casal Neide Guedes Luca, de 81 anos e Hortêncio Luca, de 88 anos. Eles participam do PAI há dois anos e já contabilizam os benefícios. Neide relata que Rogério é um verdadeiro “anjo”, pois além de ajudar a cuidar do marido que tem baixa visão, a acompanha nos lugares nos quais precisa ir e vai às compras com ela.

“Eu também participo da Dança Sênior com a enfermeira Lívia toda sexta- feira lá no salão da escola. É muito bom! Na última sexta, além da dança, o Lau, que é outro acompanhante, deu uma aula muito joia de Tai Chi Chuan. O pessoal do PAI é a minha segunda família!”, disse Neide.

"Sinto-me grata por poder oferecer um pouco de mim, que é muito importante para eles"

A acompanhante de idosos, Maria Angelina Santiago, de 60 anos, atua no PAI São Mateus, da UBS São Mateus I, na CRS Leste, há dois anos e quatro meses. Ela acredita que as responsabilidades de um acompanhante de idosos incluem carinho e muita dedicação ao serviço prestado, identificar as necessidades dos idosos, como medicação, levar ao médico, lazer, conforto e alegria.

Maria destaca que o grande desafio dessa função é resgatar a vontade de viver nos idosos. "Sinto-me grata por poder oferecer um pouco de mim, que é muito importante para eles", afirmou.

A acompanhante é responsável pelos cuidados da idosa Maria dos Prazeres, de 66 anos, que participa do PAI há dois anos. Ela vive com a mãe que também é atendida pelo programa. Maria tinha vários problemas de saúde e de cunho pessoal, por isso, sentiu interesse em solicitar ajuda.

“Hoje, depois de algum tempo de programa me sinto mais feliz e não tenho mais vontade de me matar. Tomo meus medicamentos e me alimento melhor. O programa só fez bem à minha vida, só tenho a agradecer e pedir que esse programa nunca acabe”, disse Maria.
 

“Preciso muito da ajuda do PAI”

Gersonita Correia Bargallo, de 59 anos, trabalha como acompanhante comunitário de idosos há nove anos, no PAI Cidade Ademar, na CRS Sul. A acompanhante sente-se realizada ao exercer esta função, pois aprende um pouco a cada dia. Aprende, inclusive, a cuidar de sua mãe e levará as dicas para o seu envelhecimeto.

Entre os desafios, Gersonita destaca a aceitação na casa dos idosos e tirá-los de casa para atividades. “Sinto-me feliz como acompanhante, pois sei que a cada dia doo um pouco de mim a eles”, disse.

Gersonita acompanha Maria de Lourdes Pivato, de 72 anos, que participa do PAI há quatro anos. Ela vive com a mãe de 98 anos e com uma filha que a ajuda diariamente. A motivação para participar do programa veio por meio da tristeza. O marido de Maria morreu e ela ficou triste, desmotivada. A equipe entrou em ação e a ajudou a voltar a fazer passeios, caminhar e ir ao médico.

“Preciso muito da ajuda do PAI. Tenho Parkinson. Gosto muito, voltei a fazer Dança Sênior e Dança Circular em cadeira. Fico feliz quando tem festas, pois ajudo a fazer os enfeites. Gosto muito de artesanato e da minha protetora acompanhante, a Nita”, afirmou Maria.