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Quinta-feira, 23 de Março de 2017 | Horário: 17:53

Projeto de Economia Solidária promove reinserção de usuários do Caps Prates

Mais que um projeto, uma oportunidade de inserção social para os participantes pela arte. Ou a pedra de toque de vidas que se querem reiventadas

Artesão manuseia peças coloridas em cima de um banco de madeira

 

De pedaço em pedaço, com uma dose de paciência, os cacos vão se juntando em imagens caprichadas. Além da arte, o ofício é uma oportunidade de inserção social para participantes do Confiart, que tem a Economia Solidária como norteadora. "Aqui, eles deixam de ser pacientes e viram profissionais", afirma a oficineira Elizabeth de Castro, uma das responsáveis pelo programa, no Caps AD Prates, gerenciado pelo IABAS – Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde no Centro de São Paulo.

No Confiart, os usuários já em fase final de tratamento com aptidão para trabalhos manuais se dedicam à produção de peças que são vendidas. O objetivo é contribuir para a reinserção social dos participantes, tanto como fonte de renda quanto como qualificação da mão de obra. Além do artesanato com mosaico, o projeto também trabalha a produção de luminárias.

O controle de qualidade é rigoroso para que cada peça seja terminada com a maior perfeição possível. Quando não estão boas, são desmanchadas e refeitas. "Eles brincam que eu sou chata, mas eu não quero que as pessoas comprem as peças porque eles são pacientes dos Caps. Eles não são coitados, são profissionais", ressalta Elizabeth.

O que é arrecadado é dividido entre os usuários, o cofre do projeto e a compra de material para novas peças. "Temos muito orgulho de ver a pessoa assumindo suas responsabilidades. Isso é importante para eles, porque é uma oportunidade de ocuparem a cabeça com outras coisas e terem um prazer que não vem da substância", comenta Irene Alves, redutora de danos.

 Artesão monta ladrilhos coloridos dentro de uma caixa. Ao fundo, azulejos e tintas coloridas

 

 

Pedra de toque

Para o usuário, Irene compara, o mosaico acaba sendo uma ressignificação da própria vida: o que era quebrado se junta para se tornar algo bonito. Foi justamente isso que fez Wagner, 45 anos, perder a resistência com o trabalho. "No começo, foi muito difícil, mas gente se sente a peça e começa a gostar". Ele é um dos pioneiros no Confiart, e aprendeu o ofício por conta própria, assim como os oficineiros.

Há cinco meses no projeto, Ceilton, 53, hoje se dedica principalmente aos desenhos mais delicados e já consegue repassar o conhecimento: é o professor de Irene. As miudezas, conta, são o que mais prende a atenção. "Gosto principalmente pela distração. Venho aqui todo dia porque é uma forma de diminuir os problemas da cabeça".

Alumiando as tardes com luminárias

À tarde, a sala do Confiart se ilumina e se transforma numa oficina de luminárias. As ideias vêm do redutor de danos Marcos Roberto Santos e do oficineiro Jonathan Tavares. "Curioso", como se diz, Marcos procura ideias na Internet, testa em casa e traz as lições para o projeto. Entre as propostas que fizeram sucesso estão as luminárias de bola, feitas com barbantes, e a de garrafa com pisca-piscas.

Dar independência ao usuário é o grande objetivo do projeto, comenta Jonathan. "A gente pensa no material, na forma de produção. Não é só o lucro: há outras questões que atravessam o trabalho. Aqui, tudo é discutido com os participantes. Essa ocupação dá uma grande autonomia para eles porque quanto mais tocarem os trabalhos por conta própria, melhor", finaliza o redutor de danos.

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