Secretaria Municipal da Saúde

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Quinta-feira, 23 de Março de 2017 | Horário: 15:23

Tijolo por tijolo

Maria Aparecida dos Santos Campos, ou Cida, como é mais conhecida, fala sobre os seus mais de trinta anos de trabalho na Prefeitura de São Paulo, sua luta em prol do bem-estar da comunidade, entre outras batalhas que enfrentou em sua vida pessoal e profissional

Por Taynara Carmo
Foto Marie Serafim
Edição Cármen Ludovice

Nascida em São Paulo, capital, no bairro da Lapa, atualmente Cida mora em Diadema. Separada, a profissional que trabalha com gestão participativa há treze anos, tem três filhos, uma mulher e dois homens. Natalie, a primogênita, que é publicitária, já morou e trabalhou em Londres. Hoje, vivendo com a mãe, ela dá expediente na USP – Universidade de São Paulo. O filho do meio, Caio, fez Robótica e mora e trabalha no Canadá. Já Luan, o caçula, cursou Administração de Empresas e vive em Osasco, onde está empregado e atuando em sua área de eleição.

Ela, que namora há onze anos, e pretende um dia “juntar os trapinhos”, ainda sonha fazer curso de Libras e trabalhar com pessoas especiais, torce ela. Já deu aula para um casal de cegos e para dois surdos-mudos que tempos depois “começariam a namorar”. Também lecionou no antigo Mobral – programa de ensino contra o analfabetismo que foi extinto em 1985.

Cida assim se define: “Estou sempre pronta para aprender; sou curiosa; gosto do novo; de viver; e ainda me sinto jovem apesar dos meus 58 anos de idade”, diverte-se.

Cida sorri ao lado de uma planta ornamental

Minha história

“Minha história profissional”, conta ela, “começa em 26 de abril de 1985, data em que comecei a trabalhar na Prefeitura de São Paulo”. Ela enumera: “comecei na UBS Jardim Eliane, depois fui para a Chácara Santo Antônio e logo em seguida fui transferida para a UBS Guacuri, onde trabalhei uns dezesseis anos; torci para ir para lá, porque a unidade ficava na rua onde eu morava”, comemora.

O Conselho Gestor em sua vida

Quando surgiu o Conselho Gestor, ela foi votada pelos colegas para representá-los. Isso aconteceu na época em que o leite que as mães recebiam para seus bebês havia sido cortado e várias mulheres carentes ficaram sem ter como alimentar os seus filhos. “Diante disso”, conta Cida, “as assistentes sociais Ruth e Olga me convocaram para decidirmos o que fazer para amenizar aquela situação tão angustiante, de fome. Como eu tinha amizade com uma costureira, a Ester, resolvemos chamar aquelas mulheres para aprender a costurar. Naquele tempo, eu fazia parte da Associação de Moradores do Bairro e concordamos em usar a nossa sede para ministrar as aulas de corte e costura. Começamos, então, a organizar bazares para vender as roupas ali confeccionadas e dividir o dinheiro entre as costureiras. Daí, uma representante da C&A Modas ficou sabendo do nosso projeto, e passou a trazer as roupas cortadas para a gente costurar. Com isso, todas as costureiras ganharam, sendo que muitas delas também conseguiram emprego na empresa.

O primeiro tijolo 

Segundo Cida, a luta era grande e os moradores sempre se reuniam para debater e tentar encontrar soluções para a melhoria do bairro e das condições de saúde da comunidade. Assim, iniciaram uma mobilização para reivindicar a instalação de um hospital. “Tenho o prazer de contar que eu, meus três filhos e vários moradores locais colocamos o primeiro tijolo para o início das obras daquele que viria a ser o Hospital Pedreira, atendendo a um antigo sonho da comunidade local”.

Quanto mais a gente ensina, mais aprende

Por sempre gostar de atuar no Conselho Gestor, Cida foi convidada a trabalhar na Supervisão de Saúde de Santo Amaro e Cidade Ademar, onde passou a ministrar cursos para conselheiros, tendo, como a própria entrevistada diz, “também aprendido muito”.

Além disso, atuou, ainda, na Supervisão Técnica de Saúde de Parelheiros, o que considera o seu maior desafio. “Os conselheiros”, explica ela, “embora fossem atuantes, não tinham uma metodologia adequada para garantir a efetividade do SUS. Por isso, passamos a colocar na pauta da reunião ordinária palestras sobre os fundamentos que orientam a prática do conselheiro, cuja principal função é a de fazer parte do controle social na gestão das políticas para garantir o acesso igualitário à saúde para todos”.

“Hoje percebo que o fato de estar sempre aberta ao novo, enfrentar os desafios e atuar com muito respeito, faz toda a diferença na vida profissional e pessoal: eu ensinei, mas aprendi muito mais”, constata.

Do trabalho e estudos

Devido à mudança de Gestão, Cida foi trabalhar no COAS – Centro de Orientação e Apoio Sorológico Santo Amaro, hoje CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento Santo Amaro. Segundo ela, suas sempre amáveis colegas de trabalho – Maria Paula Camargo, Lucia Yusim, Maria Salun, Kátia, Doris, e muitas outras –, a incentivaram a cursar uma faculdade. “Minha situação nessa época era difícil, pois tinha três filhos pequenos. Mas ainda assim consegui entrar em Pedagogia na Fundação Santo André – que é uma instituição de ensino de caráter público e de direito privado. Foi um grande salto em minha vida, pois já estava havia vinte anos sem estudar”, espanta-se.

Na Fundação, Cida diz ter conseguido se realizar como ser humano. “Meu desejo inicial era fazer Serviço Social, mas como o centro universitário não oferecia esse curso na época em que lá estudei fazer Pedagogia acabou sendo a concretização dos meus ideais”, reconhece.

Depois disso, a gestora ávida por sempre saber mais ainda fez pós-graduação em Educação e Saúde Pública.

Também ganhou um concurso de poesia no CTA, cujo prêmio era uma vaga para um curso de rádio e comunicadores. Assim, ela e a gerente do CTA, Ruth Barreto Ramos, passaram a ter um programa na rádio comunitária do bairro Guacuri, onde morava na época, com o tema “Seja feliz, use camisinha”, finaliza.

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