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Terça-feira, 21 de Março de 2017 | Horário: 16:09

A médica que faz a diferença na saúde e na felicidade do próximo com o forró, uma dança e um ritmo típicos do nordeste brasileiro

A doutora Maria Goreti Matos Guimarães, que trabalha e é voluntária nas unidades em Jaçanã, criou um grupo de Aeroforró. Consolidado como um projeto de sucesso, a iniciativa já reúne cerca de cem participantes

Por Isabella Jarrusso e Aline Oliveira
Fotos Edson Hatakeyama
Edição Cármen Ludovice


De origem nordestina e apaixonada por dança, a médica pediatra Maria Goreti, 62 anos, trabalhou trinta anos na prefeitura de São Paulo. Embora já esteja aposentada desde o ano passado da UBS Dr. José Toledo Piza, ela decidiu continuar colaborando como voluntária. Há seis anos trabalha na UBS Parque Edu Chaves, da Coordenadoria Regional de Saúde Norte (CRSN). “Sou formada há 35 anos, na Escola Paulista de Medicina, atualmente UNIFESP, aqui em São Paulo. Fiz residência médica em Pediatria”, conta.

Ela que sempre atendeu no dia a dia vários pacientes com um quadro de doenças parecido, quis fazer algo a mais para a saúde dessas pessoas – “algo que só os remédios não curariam”. Assim, bastou misturar assuntos que ela gosta – a saúde, a diversão e a cultura – para surgir, há doze anos, o grupo Aeroforró. Hoje, o projeto não só é admirado pela área da saúde, como também já foi notícia algumas vezes, além de tema de dois TCCs – Trabalho de Conclusão de Curso.

Médica conversa rodeada de pacientes. Ao fundo cadeiras empilhadas.

Saúde, cultura, alegria

“Fui gerente da UBS Dr. José Toledo Piza entre 2002 e 2009, conta. “E, durante o acolhimento aos usuários à procura de consultas e exames, “senti que faltava um instrumento de integração para a terceira idade. Daí tive a ideia de montar uma atividade física ao som de forró”, relembra.

Misturando atividades aeróbicas com forró, o grupo já conta com cem participantes. Inicialmente voltado apenas para pacientes a partir de 60 anos, hoje também atrai pessoas de diferentes faixas etárias, incluindo adolescentes, como Thamires Castilho, por exemplo, que entrou para o grupo em busca de ajuda para a mãe que sofria de obesidade.

Apresentada ao Aeroforró por uma amiga, Thamires, 16 anos, afirma que hoje sua mãe está bem melhor. “Gosto muito de dançar aqui”, vibra a adolescente, “a dança ajuda na saúde, alegra as pessoas”. Além disso, ela continua, “a doutora Gorete é uma grande incentivadora, uma pessoa muito importante para o grupo e uma médica muito boa”.

E a gente se diverte...

A médica queria criar algo que pudesse melhorar, de fato, a vida dos seus pacientes. Tendo como foco uma vida saudável, as atividades ajudam no condicionamento físico, a controlar e melhorar a hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia – níveis elevados de lipídios (gorduras) no sangue. “Também promovemos a socialização que ajuda a melhorar o estresse e a depressão. Muitos participantes fizeram amizades aqui, postando fotos frequentemente nas redes sociais, e até criaram um grupo no WhatsApp”, orgulha-se a doutora.

As aulas de Aeroforró são bem monitoradas, para que não haja incidentes com os pacientes. “Além da atividade física, temos o controle laboratorial anual de cada participante e encaminhamento para diversas especialidades médicas, como a cardiologia, por exemplo. Antes de cada aula, profissionais da enfermagem medem a pressão arterial de todos, contraindicando a participação se estiver elevada”, explica.

Ela também promove palestras sobre alimentação saudável, cuidados com o sol, prevenção de acidentes, entre outros assuntos. Tratando os seus pacientes com carinho e preocupação, virou uma grande mãe para todos. “Sempre comemoramos os aniversários do mês com o apoio dos membros do próprio grupo, que trazem pratos doces e salgados”, conta a médica do Aeroforró.

Depois de entrar para o grupo, a maioria dos participantes diz ter percebido melhoras na saúde física e mental. “Venho aqui porque gosto bastante, eu tinha depressão quando cheguei, agora não tenho mais. As pessoas são extrovertidas, a doutora passa uma energia boa, uma pessoa nota dez, não descrimina ninguém, e a gente se diverte”, conta Maria Aparecida Trindade, no grupo há oito anos.

As aulas acontecem todas às terças-feiras, na UBS Toledo Piza, às 13h e, alternadamente, quarta ou quinta-feira a cada 15 dias na UBS Parque Edu Chaves, com duração de aproximadamente uma hora. As atividades ocorrem em centros comunitários próximos às unidades.

As celebrações ao som do forró

Todos os anos o grupo realiza eventos em datas comemorativas no Centro Comunitário do Parque Edu Chaves cedido pela comunidade.

“Realizamos três grandes confraternizações anuais. A maior delas é a nossa já tradicional festa junina, com apoio dos comerciantes locais, da academia de dança do professor Ivan Ribeiro e de personal dancers, do conselho gestor, de gerentes e colaboradores de ambas as UBS”.

Todos os integrantes do grupo dançam a quadrilha, com banda de forró ao vivo. Os familiares e amigos participam ativamente. No último ano compareceram mais de trezentas pessoas. O segundo evento acontece no mês de outubro, no Restaurante Andrade, com a participação de cerca de cem pessoas. O terceiro é o Natal, com direito a amigo secreto e Papai Noel”, explica a inventora do Aeroforró.

Fazendo a diferença...

Para a médica, é extremamente gratificante ver os participantes do Aeroforró interagindo, diminuindo as medicações para dores, insônia e depressão, e, especialmente, sorrindo mais. “Muitos chegam aqui deprimidos, com a ‘síndrome do ninho vazio’, se sentindo sozinhos, os filhos não podem dar tanta atenção, então eu digo que eles precisam viver com gente da mesma idade, para interagir. Não tem dinheiro que pague a felicidade deles”, relata.

Aneta Cordeiro, 62 anos, voluntária no grupo, que ajuda no que pode, é testemunha desse aumento de alegria na vida dos ‘aeroforrozeiros’. “Estou aqui desde o começo. Estava com depressão, mas nunca contei para ninguém. Porém, a doutora Goreti descobriu e me ajudou. Não tenho palavras para falar sobre ela. O clima aqui é muito bom, aprendo com todos e tudo o que ela diz guardo como ensinamento”, reverencia a voluntária.

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