Secretaria Municipal da Saúde
Irotilde, mais de três décadas ajudando mulheres contra a violência sexual
Por Ana Paula Costa
Fotos Edson Hatakeyama
Edição Cármen Ludovice
Irotilde Gonçalves Pereira, 70 anos, mais conhecida como Tilde pelos ex-companheiros de trabalho, dedicou 35 anos da sua vida para ajudar mulheres vítimas de violência sexual no Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara. Recém-aposentada, ela deixou um legado de luta, respeito e, principalmente, de muito amor por onde passou.
Nascida no interior paulista, o nome dela é facilmente relacionado com o pioneirismo na luta pelo direito das mulheres estabelecido pelo artigo 128 do Código Penal Brasileiro, que versa sobre o aborto legal em casos de estupro, risco para a mãe ou feto incompatível com a vida. Tilde também é referência na implantação do Programa de Atenção à Violência Sexual contra Mulheres na cidade de São Paulo. Ela fez parte da primeira equipe de atendimento, criada em 1989, e enfrentou a necessidade de trabalhar com a sensibilização dos demais profissionais.
O propósito
No início de sua jornada profissional, Tilde ficou viúva e se tornou responsável pela criação dos dois filhos. Ela chegou a ter sua casa vandalizada por pessoas que não entendiam a importância do seu trabalho. Apesar de todas as dificuldades, a assistente social nunca desistiu do propósito de auxiliar as mulheres violentadas, física e psicologicamente.
“Todas as mulheres estão sujeitas a sofrer violência sexual. Não importa a classe, a condição social, a cor da pele, o nível cultural. É difícil para a mulher aceitar ter um filho de quem ela não conhece, de quem ela não autorizou a mexer em seu corpo, e concebido em um ato extremamente violento. Porque eles, os estupradores, agridem, batem e machucam muito suas vítimas. Lutar contra isso é uma questão de direitos humanos, de vital importância para toda a sociedade”, alerta.
O anjo de branco
Durante seus anos de trabalho no hospital, lidando diariamente com o sofrimento e a violência, ela recebia a vítima de braços abertos naquele momento de profunda dor física e moral. Muitas vezes era a primeira pessoa a ficar sabendo do crime que fora cometido contra aquela mulher. Ela auxiliou diversas delas a retomar suas vidas e chegou a receber o título de ”anjo de branco” de uma paciente que havia sido estuprada, e que encontrou auxílio, afago e orientação nas palavras da assistente social. "Uma vez atendi uma mulher que tinha sido estuprada pelo amigo do filho, outra pelo próprio namorado que se juntou a três amigos e fingiu convidá-la para uma festa. Algumas conseguem se recuperar e refazer a vida, outras não. Minha função era ajudá-las", explica.
Serviços de Violência Sexual e Aborto Legal da Cidade de São Paulo
Ao sofrer uma violência sexual, a mulher deve procurar o mais rápido possível um serviço de saúde especializado para receber a profilaxia das Infecções Sexualmente Transmissíveis e HIV e a contracepção de emergência para evitar a gravidez.
A denúncia da violência sexual e o Boletim de Ocorrência são importantes para apurar e punir o crime sexual, mas não obrigatórios para atendimento e interrupção da gravidez.
Serviços Municipais
Hospital Dr. Mario de Moraes Altenfelder Silva - Vila Nova Cachoeirinha
Av. Dep. Emílio Carlos, 3100 - Limão
(11) 3986-1151 – serviço social (localizado no ambulatório – sala 12)
(11) 3986-1128 / 3986-1159 – Pronto-Socorro
Hospital Prof. Mário Degni - Jardim Sarah
Rua Lucas de Leyde, 257 - Vila Antônio
(11) 3394-9394 (ramais 9395/ 9396/ 9397) – serviço social (localizado próximo à recepção)
Hospital Fernando Mauro Pires da Rocha
Estrada de Itapecerica, 1.661 - Vila Maracanã, Campo Limpo
(11) 3394-7619 / 3394-7620 – serviço social (localizado no Pronto-Socorro)
Hospital Arthur Ribeiro de Saboya
Av. Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro, 860 - Jabaquara
(11) 3394-8519 / 3394-8520 – serviço social (localizado no andar do pronto-socorro)
Hospital Municipal Tide Setúbal
Rua Dr. José Guilherme Eiras, 1123 - São Miguel Paulista
(11) 3394-8840 – serviço social (localizado no primeiro andar)