Rede Municipal adquire implantes contraceptivos de longa duração para ampliar gama do Planejamento Reprodutivo

Implanon terá foco na prevenção à gravidez indesejada em populações vulneráveis; estima-se que a prefeitura economizará de R$ 73.250 a R$ 646.500 com gastos diretos hospitalares para cada mil implantes inseridos

 


Após projeto piloto no Hospital Municipal e Maternidade Escola Doutor Mario de Moraes Altenfelder Silva (Maternidade Cachoeirinha), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) anunciará nesta sexta-feira (13) a aquisição de mil implantes subdérmicos de etonogestrel para contracepção (Implanon) para uso em toda a Rede Municipal. O anúncio será feito nesta sexta-feira (12/2), às 8h, durante um seminário sobre o tema.


O Seminário “Anticoncepção Reversível de Ação Prolongada: Opção Contraceptiva mais Adequada para Populações Vulneráveis e uma Alternativa para Postergar a Anticoncepção Definitiva”, contará com a presença de especialistas que explicarão a opção pela adoção do novo método.


O projeto piloto atendeu 120 mulheres segundo o perfil preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - adolescentes com muitos filhos e/ou usuárias de drogas.


São duas as razões para a recomendação deste método: por serem de longa ação, oferecem proteção contra a gravidez em longo prazo, podendo durar até três anos. Além disso, não exige disciplina da mulher, pois não é de uso diário. Estes contraceptivos podem ser interrompidos a qualquer momento, caso haja a vontade de engravidar, recuperando a fertilidade preexistente de forma rápida logo após a remoção.


A inserção do implante é simples e deve ser realizada por médico treinado com a utilização de anestésico local. O procedimento é ambulatorial e feito preferencialmente na face interna do braço. A margem de falha é inferior a 0,1% e a duração preconizada pelo fabricante é de três anos. A paciente pode retomar as atividades diárias logo após a inserção.

Populações vulneráveis à gravidez não programada


A literatura médica mostra que a taxa de reincidência de gestação na adolescência são altas. Entre 25% e 50% das jovens têm outro filho em até dois anos.


Levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça revela que, em média, 370 mil brasileiros de todas as idades usaram regularmente crack e similares (pasta base, merla e óxi) nas capitais ao longo de pelo menos seis meses em 2012.


O levantamento apontou que 30% das usuárias de crack e/ou similares ouvidas já fizeram sexo para financiar o vício e que 10% estavam grávidas no momento da entrevista. Entre as mulheres usuárias pelo País, 22,8% afirmaram já ter engravidado duas a três vezes desde que iniciaram o uso da droga; 17,3% engravidaram pelo menos uma vez e 6,5% engravidaram quatro vezes ou mais desde o início do consumo.

No relatório final da pesquisa este dado foi apontado como um achado preocupante devido às consequências importantes do consumo do crack durante a gestação sobre o desenvolvimento neurológico e intelectual das crianças expostas. Além disso, mais de um terço de todos os usuários entrevistados admitiu não ter utilizado preservativo em nenhuma das relações sexuais vaginais no mês anterior à entrevista. A maior parte dos usuários são pessoas de extrema vulnerabilidade social.


A gravidez de dependentes químicas pode acarretar em inúmeros problemas para a mãe e o bebê. Para a mãe, existe risco de abortamento espontâneo, aumento da pressão arterial, descolamento da placenta e parto prematuro, entre outros. As complicações cardiovasculares resultantes do efeito do abuso de drogas, tais como isquemia ou infarto agudo do miocárdio, são maiores na gravidez em virtude da maior demanda pelo oxigênio durante a gestação.


Para o bebê, os maiores riscos são de taquicardia fetal, morte fetal intrauterina, alterações bioquímicas e estruturais do cérebro do feto, que podem ser manifestadas na vida pós-natal por deficiências no aprendizado. Como a droga atravessa a placenta e circula livremente pelo corpo do bebê, ele pode nascer com problemas respiratórios e insuficiência hepática, além de sofrer de síndrome de abstinência ao nascer, tendo tremores e dificuldade para mamar e necessitando de tratamento a base de tranquilizantes.

Gravidez não planejada e a Saúde Pública


Segundo um estudo publicado em 2014[1], há cerca de 1,8 milhão de gravidezes não planejadas por ano no Brasil. Elas resultam em:
• 1,58 milhão de nascimentos;
• 159.151 abortamentos espontâneos;
• 48.769 abortamentos induzidos;
• 312 mortes maternas;
• 10 abortos inseguros.


Segundo o mesmo estudo, os gastos decorrentes dessas gestações atingem R$ 4,1 bilhões por ano, dos quais:


• R$ 32 milhões com abortamentos espontâneos e
• R$ 4,07 bilhões com partos e complicações de parto (R$ 1,22 bilhão com custos diretos do parto e R$ 2,84 bilhões com complicações na saúde das crianças).


Estima-se que a prefeitura economizará de R$ 73.250 a R$ 646.500 apenas com gastos diretos hospitalares para cada mil implantes inseridos, considerando o custo estimado de uma gestação não planejada de R$ 2.293,00. Esse valor considera apenas gastos com assistência hospitalar relacionados ao parto, nascimento e às complicações. O valor não considera gastos de saúde ambulatoriais como, por exemplo, consultas de rotina, vacinação e medicamentos, nem outros encargos públicos sociais.


Exemplos de Métodos de Contracepção e Planejamento Reprodutivo realizados sob gestão da Prefeitura de São Paulo em 2015 (até novembro):


Laqueadura ou Ligadura de Trompas 2.783
Distribuição de Preservativo Masculino 61.286.299
DIU 280
Contraceptivos orais (comprimidos) 559.431
Anticoncepcionais injetáveis (suspensão/seringa) 754.789


Em Nova Iorque


Segundo estudo do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade do Estado de Nova Iorque, com 110 mulheres, das quais 55 admitiram o uso do crack durante a gestação, as usuárias de crack foram maioria (50,9%) entre as que deram a luz em até 37 semanas. Crianças expostas à substância durante a gestação foram 3,6 vezes mais propensas a retardo do crescimento intrauterino e 2,8 vezes mais propensas a apresentarem circunferência da cabeça menor que o normal para a idade gestacional. Além disso, entre as mães usuárias, cerca de 60% não realizaram o acompanhamento pré-natal.

Serviço:


Endereço: Avenida Deputado Emílio Carlos, 3100 – Vila Nova Cachoeirinha


Programação:


8h Recepção e apresentação


8h30 Abertura institucional: Dr.Geraldo Maurício de Nadai, Coordenador da clínica ginecológica do HMEC; Dr Pedro Alexandre Federico Breuel, Diretor de departamento técnico do HMEC; Dr. Alexandre Padilha, Secretário Municipal da Saúde da Cidade de São Paulo


9h Implante Subdérmico de Etonogestrel e SIU- LNG; mecanismos de ação, eficácia, complicações e contra-indicações - Prof.ª Dra. Cristina Guazzelli, Professora livre-docente de obstetrícia da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP; Setor de Planejamento Familiar - UNIFESP


9h40 Taxas de gestações não planejadas em populações vulneráveis no Município de São Paulo - Dr. Adalberto Kiochi Aguemi, Coordenador do Programa de Saúde da Mulher da SMS


10h - 10h30 Coffee Break


10h30 Gravidez não planejada: experiência com o SIU-LNG no HMEC - Dr. Thiago Guazzelli, Coordenador do Programa de Planejamento Reprodutivo do HMEC


10h50 Implante Subdérmico de Etonogestrel e SIU LNG: uma alternativa interessante para postergar a anticoncepção definitiva - Dr. Cristião Rosas, Chefe do Serviço de Violência Sexual do HMEC


11h10 Discussão - Coordenação: Dr. Geraldo Maurício de Nadai Coordenador da Clinica Ginecológica do HMEC