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Sexta-feira, 22 de Maio de 2015 | Horário: 11:18

Cuidado com crianças autistas inclui trabalho com pais

Unidades da zona Sul realizam grupos para ajudar no desenvolvimento de menores autistas e na relação entre pais e filhos

Grupo foi conduzido pela fonoaudióloga da unidade, Helena Della Torre, que mostrou um vídeo para contextualizar a patologia

 

Por Felipe Aires e William Amorim

Autismo é um transtorno que compromete principalmente as habilidades de comunicação e interação social e apresenta características e perfis diferentes. Um exemplo está relacionado ao comportamento, que pode ser bem retraído ou agitado. Pensando em ajudar os pais a entender seus filhos autistas, o Núcleo Integrado de Reabilitação (NIR) de Parelheiros (zona Sul) realizou no dia 2 de abril um bate-papo entre profissionais da saúde, usuários da unidade e a comunidade para falar sobre o assunto.

O grupo foi conduzido pela fonoaudióloga da unidade, Helena Della Torre, que mostrou um vídeo para contextualizar a patologia. Em seguida, através de slides, explicou passo a passo do que, de fato, é ser um autista. “As pessoas precisam entender que o autista é uma pessoa totalmente capaz de realizar suas funções. É uma patologia que não é diagnosticável num primeiro momento, que requer tempo e muitas observações. Muitas vezes confunde-se uma possível surdez da criança com o autismo, e vice-versa. Isso também acontece em outras situações. O diagnóstico de um autista deve ser feito de uma forma multiprofissional”, disse Helena.

A fisioterapeuta Juliana Rocha ressaltou que o autista precisa receber muito estímulo para desenvolver-se. “É muito importante ajudar na orientação em casa, os pais têm uma responsabilidade ainda maior quando o filho é autista. A atenção, o cuidado, o carinho, enfim, tudo tem que ser redobrado”, afirmou a fisioterapeuta.

Cada caso é diferente do outro

Helena ressalta que o trabalho feito na unidade também inclui os pais, pois estes, muitas vezes, não entendem o problema que o filho possui e têm dificuldades para assumir e assimilar que seu filho nasceu com um distúrbio. “No vídeo que passei para o grupo, busquei esclarecer o que é o autismo e conscientizar, principalmente os pais com dificuldade de aceitarem o problema, que o filho apresenta. São crianças incríveis e com um grande potencial, mas que precisam, e muito, do apoio dos pais. É realmente imprescindível!”, afirmou a fonoaudióloga. “Cada caso de autista é diferente do outro. Não existem dois autistas iguais. Há os casos mais graves e os mais leves, mas, sempre, com suas particularidades”, completou.

Lúcio Mauro Gonçalves, um dos pais presentes na unidade, elogiou o trabalho feito pelo NIR e atribuiu a unidade à melhora que teve no relacionamento com seu filho. “No começo eu não quis acreditar que meu filho é autista. Tenho outros dois filhos e ambos nunca apresentaram nada, por isso a dificuldade em assumir o problema do meu caçula. Porém, sempre percebi nele um comportamento diferente do habitual e, por isso, procurei ajuda. Hoje sei lidar muito melhor com o universo do meu filho e ele me respeita muito. Meus outros filhos têm um pouco mais de dificuldade, mas passo pra eles todas as orientações que foram passadas a mim”, disse Gonçalves.

Desenvolvendo habilidades

O CAPS Infantil 2 Cidade Ademar (CAPSi) realiza diversos grupos para ajudar no desenvolvimento de crianças autistas e na relação dos pais com os filhos. “O trabalho com os pais é fundamental. Eles também precisam de um cuidado, pois muitos têm um pensamento de que foi algo errado com eles que causou o autismo no filho. Chegam muitas vezes assustados e culpados com o diagnóstico. Quanto mais entenderem mais vão ajudar no desenvolvimento dos seus filhos”, afirma a psicóloga Kate Delfini Santos.

Pensando nisso, a unidade criou um grupo formado apenas por pais. “A troca de experiências que as mães trazem pode ajudar em casa. Teve uma (mãe) que depois de começar a participar do grupo mudou seu comportamento com o filho. Ela estava com muita dificuldade, mas o relato de outras mães a ajudou. Umas duas semanas depois ela veio sorrindo, contando como o seu filho havia melhorado”, conta a enfermeira Elaine Silva de Oliveira.

O CAPSi também desenvolve um grupo que acontece uma vez por semana que envolve pais e crianças. “Criamos esse grupo ano passado, com a proposta de trabalhar a relação mãe e criança do zero aos três anos. O intuito é fazer intervenções precoces para que não sejam prejudicadas no seu desenvolvimento”, explica a psicóloga Thais Abasto Iglesias.

Durante a atividade os pais brincam com seus filhos e os ajudam a socializar com as outras crianças. “O meu filho Eric melhorou em vários aspectos. Antes a gente chamava e ele não atendia, agora ele percebe quando chamam o nome dele. Antes era um menino desligado, agora brinca com as outras crianças”, conta a diarista Rosane Martins Prates.

As crianças que estão na faixa dos seis anos participam de outro grupo que não envolve os pais, pois o intuito é que eles interajam entre si. São desenvolvidas diversas atividades como brincadeiras – no parquinho e na sala de jogos –, filmes e músicas. “Aqui (no CAPSi) eu acho maravilhoso. Desde que o meu filho Gustavo entrou, teve uma evolução e um crescimento. Ele aprendeu bastante e o grupo fortalece isso”, explica a dona de casa Silene Rodrigues.

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