PREFEITURA DE SÃO PAULO

Programa Acompanhante Comunitário de Saúde da Pessoa com Deficiência promove inclusão social

Equipes realizam desde visitas domiciliares até atividades ao ar livre

16/10/2014 13h34

Por Anna Carolina Alves

Exercer um papel na sociedade. Esse é o principal objetivo do Programa Acompanhante Comunitário de Saúde da Pessoa com Deficiência (APD). Criado em 2010 pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria com a Associação Saúde da Família (ASF), ele visa assistir pessoas com deficiência intelectual em situação de fragilidade e vulnerabilidade social.

O Programa é dividido em 20 equipes que atuam em territórios definidos na cidade. Cada uma conta com um enfermeiro, que supervisiona a equipe; um psicólogo, um terapeuta ocupacional, um assistente administrativo, um fonoaudiólogo e seis acompanhantes comunitários. A Região Norte, auxiliada pela Coordenadoria Regional de Saúde Norte, tem quatro equipes.

O trabalho é aplicado de forma ampla. Segundo a terapeuta ocupacional Priscila Cesconeto Hackbart, o tratamento é individual para cada usuário. “Eles chegam até nós por meio de encaminhamento. A equipe vai até a casa dessa pessoa, realiza o cadastro, conhece um pouco da história de cada um e junto com a família, monta um projeto terapêutico singular. Portanto, cada paciente tem um projeto próprio”, afirma Priscila.

Após a avaliação, a equipe faz uma proposta específica para as necessidades do usuário. Ela poderá incluir visitas às pessoas com deficiência em suas próprias residências, realizando atividades em domicílio, estimulando autonomia e independência nas atividades de vida diária ou na comunidade que ajudem no processo de inserção social e em alguns casos, inserção também no mercado de trabalho.

É importante ressaltar, no entanto, que o atendimento não se limita às visitas. Os APDs levam os usuários para participar de atividades sociais em clubes, parques e outras áreas de convivência, além de incentivarem o desenvolvimento da iniciativa e da autonomia na utilização dos serviços disponíveis na comunidade da pessoa atendida, promovendo a cidadania.

Na Região Norte, por exemplo, atividades físicas e lúdicas com os usuários são realizadas em parques locais, promovendo o bem estar e a interação dos participantes. Kelly Pereira, supervisora da equipe APD Santana/Tucuruvi/Jaçanã/Tremembé, aprova as atividades realizadas: “No dia em que é realizado o grupo, começamos com alongamento e depois realizamos algumas atividades físicas e de interação. Os benefícios que trazem às pessoas são notáveis”, diz.

A supervisora também reitera a importância do evento no parque para promover o convívio social: “A gente preza pela interação social, que é uma das dificuldades da pessoa com deficiência. É uma oportunidade deles conhecerem lugares novos e interagirem com outras pessoas”, confirma Kelly.

Mãe de um dos participantes das atividades no parque, Eliane da Costa Pereira aponta melhoras no comportamento do seu filho: “Ele está participando há um mês e já houve bastante mudanças em seu comportamento. Eu pude observar que agora ele tem mais facilidade em interagir com outras pessoas e é mais paciente. A assistência que ele recebe das acompanhantes é ótima também”, confirma Eliane.

A terapeuta ocupacional Priscila aponta a importância do programa para a vida não só dos usuários, mas para quem exerce a profissão: “Eu estou no programa desde seu início e é um trabalho muito gratificante, porque muitas vezes a pessoa com deficiência não acredita em seu potencial, e com a nossa ajuda e incentivo, os usuários começam a perceber que são capazes de freqüentar uma escola ou até mesmo trabalhar, enfim, exercer seu papel na sociedade.


Atendimento domiciliar

Sônia Dias, de 55 anos, é deficiente intelectual e mora sozinha. Ela participa do programa há dois anos e foi encaminhada pela Estratégia Saúde da Família da UBS Vila Albertina. No começo, tinha muita dificuldade para se organizar em suas atividades, assim como a limpeza da casa e a higiene pessoal se encontrava em estado precário.

A acompanhante de pessoas com deficiência Shirley Almeida da Silva auxilia Sônia há 6 meses nas tarefas do seu cotidiano. “O objetivo foi estimular a independência dela nas atividades do cotidiano, incluindo alimentação, higiene, vestuário e também estimular a autonomia, para que ela tenha o poder de tomar as suas próprias decisões”, afirma Shirley. Sônia confirma o seu progresso no programa: “agora eu faço até feira!”, diz em tom animado.