PREFEITURA DE SÃO PAULO

“As pessoas não estão se vacinando”: surto de meningite alerta paulistanos

Casos de meningococo C em São Paulo reforçam importância da imunização

29/11/2022 10h16


Por Gabriel Serpa

Entre os meses de julho e setembro, cinco casos de meningite bacteriana, causados por meningococo C, foram registrados na Zona Leste da capital paulista. O episódio foi classificado como surto — três ou mais casos numa determinada região no intervalo de 90 dias. Dr. Ricardo Cantarim, infectologista do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), atribui o evento à queda na cobertura vacinal: “Para ter imunização adequada, é preciso cobertura acima de 95%. Nós fazíamos isso, mas as pessoas não estão se vacinando mais”.

Meningite é uma inflamação nas membranas que recobrem todo o sistema nervoso central (SNC) — chamadas meninges. Elas conferem proteção tanto de ordem mecânica (contra impactos ou cortes) quanto de filtragem do sangue que circula pelo cérebro e medula espinal. “Tudo que está no sangue e vai para o cérebro encontra a meninge recobrindo a região”, ensina Dr. Ricardo.

A inflamação pode ser causada por vírus, bactérias e fungos — ainda que casos relativos ao último sejam menos comuns. O infectologista do HSPM atenta para uma distinção: “Existe a meningite e a meningo-encefalite, caracterizada pela inflamação das meninges e do SNC. Esta é mais associada às viroses, enquanto bactérias, como meningococo e pneumococo, tendem a causar meningite”. No entanto, detectar inflamações nas meninges por meio de sintomas pode ser enganoso. “Dor de cabeça, febre e alteração do nível de consciência, quando combinados, podem ser indicadores. Mas é preciso realizar exames e obter diagnóstico adequado.”

São diversas as formas de transmissão. Isso porque a meningite não apresenta uma única causa: “Ela decorre de outra condição”, explica o infectologista, que aponta para a necessidade de se investigar a origem da infecção. “A transmissão tende a acontecer por contato íntimo ou por via respiratória. Mas dengue pode causar meningite — nesse caso, a transmissão se dá pelo mosquito”, complementa.

Vacinação é a principal forma de prevenção contra meningite. Imunizantes contra meningococo, pneumococo e Haemophilus influenzae estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Também é possível se vacinar contra alguns vírus, como varicela (em crianças) e zoster (em adultos). Nos casos em que há infecção bacteriana, o tratamento é feito pelo uso de antibióticos. Quando causada por vírus, tratam-se os sintomas.

Dr. Ricardo explica que à medida que doenças são controladas, campanhas para manutenção da imunização são deixadas de lado. “Antes da pandemia, a Europa sofreu com surtos de sarampo, por deixarem de se vacinar, graças às campanhas antivacina”, alerta o infectologista — e vê semelhança com o recente surto de meningite na capital paulista.

O HSPM dispõe dos recursos necessários para a realização de exames e obtenção de diagnósticos, além de oferecer acompanhamento especializado e tratar casos de meningite aguda e crônica, para servidores públicos municipais. Seja no Pronto-Socorro, onde pacientes são submetidos à triagem, ou nos ambulatórios.