Dislexia: transtorno afeta 15% da população mundial

Transtorno acomete principalmente crianças em fase escolar

Por Beatriz Rodrigues

A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem, que tem origem neurobiológica (genética e hereditária) e afeta de 10 a 15% da população mundial.

De acordo com pesquisa realizada pela American Psychiatric Association, o indivíduo com dislexia apresenta, como principal característica, um rendimento escolar inferior ao esperado para a idade cronológica, apesar de seu potencial intelectual e nível de escolaridade estarem adequados para sua idade.

Assim, o desenvolvimento de habilidades como leitura, escrita, soletração e aritmética, tornam-se um desafio para estes indivíduos, que passam a experimentar um grande período de estresse e se sentirem desestimulados a permanecer na escola.

Em relação à faixa etária em que se manifesta a dislexia, a fonoaudióloga Fabiana Mendes, da Clínica de Fonoaudiologia do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) comenta que "já na infância algumas crianças podem apresentar dificuldade em desenvolver habilidades como desenvolvimento da fala, produção e identificação de rimas. Além disso, estas crianças podem ter entes familiares que também possuem dificuldade de leitura".

A identificação precoce da dislexia é fundamental para viabilização de encaminhamentos educacionais de intervenção. Para fechar o diagnóstico são necessários vários testes, mas estes só podem ser realizados após a criança ter passado por dois anos de escolarização.

O processo de análise deve ser realizado por equipe multidisciplinar composta por fonoaudiólogo, neuropsicólogo e psicopedagogo, além do neurologista. Neste processo deve ser verificado se as falhas de aprendizagem não estão relacionadas à falta de estimulação em casa, falhas pedagógicas por baixa qualidade de ensino ou origem emocional, assim como dificuldades sensoriais. Para que seja realizado este diagnóstico de exclusão, será necessário também a realização de exames complementares como audiometria, Processamento Auditivo Central (PAC) e avaliação oftalmológica.

Após a realização do diagnóstico, é necessário que se faça uma adaptação do currículo escolar, como por exemplo, realização de provas orais e receber auxílio de ledor (pessoa que auxilia na leitura para deficientes visuais ou pacientes que têm algum transtorno), além de manter o acompanhamento profissional com uma equipe multidisciplinar. Esse transtorno acompanhará o indivíduo pela vida toda, por isso é necessário que se faça acompanhamento constante. A dislexia não tem cura, mas tem tratamento.