A vacinação contra a poliomielite é prevenção eficaz e é oferecida gratuitamente

Pólio exige atenção: “enquanto houver uma criança infectada, todas correm risco”

Por Gabriel Serpa 

Dia 24 de outubro é a data em que se celebra o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, uma doença viral que pode infectar crianças e adultos e causar paralisia em membros do corpo. Apesar de o último caso registrado nas Américas ter ocorrido em 1991, o risco de “importação” do vírus ainda existe. Além disso, baixas coberturas vacinais compõem outro fator que preocupa especialistas — preocupação direcionada, em grande medida, às crianças menores de cinco anos.

A poliomielite é doença contagiosa aguda, potencialmente mortal, causada pelo poliovírus. “Casos graves podem acarretar paralisia em todos os membros, bem como afetar a respiração”, alerta Dra. Cristiane Rocha, neurologista infantil do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM). Pode ser transmitida por contato direto entre pessoas, por alimentos e água contaminados com fezes de portadores da doença ou pelo contato com secreção. A falta de saneamento básico e a higiene precária privilegiam a transmissão do vírus.

Nos casos em que manifesta sintomas, “o quadro se inicia como uma virose: febre, mal-estar, dor de cabeça e garganta, vômitos, diarreia e uma progressiva perda de força muscular”, explica a neurologista do HSPM. No entanto, a paralisia também pode se instalar de forma súbita, acarretando deficiência motora e acompanhada apenas de febre e flacidez muscular persistente. Nesses casos, a sensibilidade do paciente fica preservada, mas todas as partes do corpo inervadas por nervos espinais são afetadas.

“O vírus se aloja na ponta anterior da medula. O processo inflamatório e infeccioso do local leva à lesão dos nervos da região, que perdem funcionalidade”, ensina Dra. Cristiane. A paralisia dos membros decorre desse processo. A poliomielite não tem cura. Portanto, a vacinação contra pólio é de fundamental importância por ser “a única forma de prevenção realmente eficaz”, destaca a especialista. Tratamentos, como fisioterapia após fase aguda, são medidas de suporte, com único fim de combater sintomas e sequelas deixadas pela doença. Apesar de a doença ser conhecida como “paralisia infantil”, adultos não imunizados também podem ser acometidos pela pólio.

O Ministério da Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomendam que a primeira dose seja ministrada em crianças aos dois meses de idade. A segunda, aos quatro e a terceira dose, aos seis meses. A criança recebe as primeiras doses do esquema de forma injetável (VIP). Já a vacina oral contra poliomielite (VOP) continua sendo administrada como reforço aos 15 meses, aos quatro anos e anualmente durante a campanha nacional de vacinação. A dose de reforço é feita com a VOPb (duas gotas via oral).

A vacinação contra poliomielite pode ser realizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de forma gratuita. O imunizante corresponde a duas gotas, por via oral. Além de manter o esquema vacinal completo, “é recomendado higienizar sempre as mãos, cuidado com alimentos durante o preparo e beber água tratada”, finaliza Dra. Cristiane Rocha.