Dia de Atenção à Gagueira conscientiza sobre cuidados e desafios

Distúrbio tem origem multifatorial e tratamento; remissão dos sintomas é possível

Por Gabriel Serpa

Em 22 de outubro se celebra o Dia Internacional de Atenção à Gagueira. A data foi criada em 1998 pela International Fluency Association (IFA) e pela International Stuttering Association (ISA) com o intuito de alertar para desafios vividos por quem sofre com essa condição que afeta a comunicação verbal. No Brasil, há cerca de dez milhões de pessoas que gaguejam, das quais dois milhões o fazem de maneira crônica, segundo o Instituto Brasileiro de Fluência (IBF).

A gagueira implica na interrupção da fluência verbal e é caracterizada por repetições ou prolongamentos de sons e sílabas. Ocorrem de maneira involuntária, e a natureza do distúrbio não pode ser atribuída a um só fator. Elementos genéticos, neurológicos, ambientais e psicológicos devem ser considerados em conjunto na tentativa de explicar a origem do transtorno. “Pesquisas mais recentes têm relacionado gagueira à ação deficitária dos núcleos da base, que estão envolvidos na automatização de tarefas. Quando não funcionam adequadamente interferem na sequencia motora da automatização dos sons da fala, ocasionando os prolongamentos, bloqueios e repetições”, explica Daniela Ribeiro, fonoaudióloga do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM).

Sinais mais evidentes da gagueira são percebidos por meio da fala do paciente, mas há também quem apresente tiques motores e vocais. Tais alterações gestuais compensatórias ocorrem na tentativa de auxiliar o “desbloqueio” de um determinado som. Sentimentos de medo e ansiedade são fatores determinantes na perpetuação dos sintomas pela tensão que geram. É importante lembrar que não devemos completar o que o indivíduo gago está falando, não peça que a pessoa respire ou se acalme, esses comportamentos pioram a fluência.

Além de ser mais comum em crianças, gagueira tem maior prevalência entre homens e as mulheres são mais propensas à remissão dos sintomas. O diagnóstico do distúrbio é clínico. “Exige investigação cautelosa das causas multifatoriais e do risco do paciente desenvolver gagueira crônica”, ressalta a fonoaudióloga. O acompanhamento com fonoaudiólogo é indicado desde o surgimento dos primeiros sinais para que seja elaborado tratamento adequado. “Nem toda criança que gagueja terá o distúrbio na vida adulta. Quando se torna problema crônico, o especialista precisa considerar variáveis para o prognóstico. Mas sempre há melhora na fluência”, elucida Daniela, que ainda explica que cantar não é um tratamento para a gagueira. Apesar do canto não ser afetado em alguns pacientes, outros podem vir a gaguejar ao cantar.

O HSPM oferece a servidores públicos municipais avaliações clínicas, orientações e terapias, que podem ser realizadas individualmente ou em pequenos grupos. O atendimento a pacientes que sofrem com gagueira visa aprimoramento da fluência da fala e melhora do bem estar. Como ressalta o slogan de campanha desta data: “Gagueira não tem graça, tem tratamento”. Procure um fonoaudiólogo.