Dia Nacional do Surdo relembra a importância da inclusão e acessibilidade

Perda da audição tem causas diversas; som abafado, ouvido ‘entupido’ e zumbido são sinais

 Por Gabriel Serpa

 

Cerca de dez milhões de brasileiros apresentam deficiência auditiva, segundo estudo realizado pelo Instituto Locomotiva em 2019. Dentre eles 2,3 milhões sofrem com a forma severa. De olho nas próximas décadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2,5 bilhões de pessoas padecerão com perda auditiva em 2050 — nada menos que um quarto da população mundial. É com esse pano de fundo que se celebra, em 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo. A data marca a luta por inclusão e acessibilidade, além da conscientização de conquistas e desafios vividos pela comunidade surda no Brasil.

A surdez é a mais comum das deficiências sensoriais e pode ser encontrada em todas as fases da vida. Tem diversas causas: hereditariedade, infecções pré-natais ou após o nascimento, traumatismos, doenças sistêmicas ou ainda o envelhecimento. Além dessas, “tumores também podem gerar perda da audição”, alerta a coordenadora da Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), Dra. Fátima Regina Alves. Outra forma é a chamada surdez súbita. “Deve ser diagnosticada e tratada rapidamente”, ressalta a otorrinolaringologista.

É preciso atentar a sensações de entupimento do ouvido ou abafamento do som — normalmente acompanhadas da necessidade de se aumentar o volume da televisão, por exemplo. Outro sinal que pode indicar perda da audição são zumbidos. Nesses casos, a compreensão de sons e falas fica comprometida. Em crianças, é importante observar como se relacionam com o ambiente: “se desperta com ruídos, se acalma com sons familiares e se a fala é produzida de acordo com marcos de desenvolvimento”, explica Dra. Fátima.

Tratamentos e próteses auditivas devem ser indicados por um especialista, o que ressalta a importância de visitas regulares ao otorrinolaringologista. Mas a prevenção de danos à saúde auditiva é essencial. Cuidar e tratar de doenças sistêmicas que afetam a audição, como diabetes e hipertensão, pode evitar perda precoce dessa capacidade sensorial. Além disso, “evitar a exposição a sons intensos são de grande importância para a preservação da audição”, aconselha a coordenadora da Clínica de Otorrinolaringologia do HSPM.

A perda auditiva afeta a comunicação e tende a limitar as interações sociais de quem padece dela. Em muitos casos, pode favorecer o desenvolvimento de doenças psicológicas, como depressão. Em crianças, pode comprometer a aquisição da fala, uma vez que não são expostas a sons e palavras. Acessibilidade e inclusão desses pacientes na vida coletiva são fundamentais à garantia do bem-estar e aumento da qualidade de vida dessas pessoas.

Dra. Fátima explica que no HSPM existe um exame de audiometria para confirmação do tipo e grau da perda auditiva. Além disso há também tratamentos para surdez súbita, cirurgias de reconstrução do tímpano de otites crônicas, dentre outros.