Quais cuidados tomar com a saúde mental após dois anos de pandemia

Conhecidas como “doenças do século”, a depressão e a ansiedade podem estar presentes na retomada das atividades presenciais

Por Gabriel Serpa

Falar sobre saúde mental pode ser difícil para muitas pessoas. Apesar do sofrimento e angústia que condições como a depressão ou a ansiedade causam, ainda é comum que elas sejam interpretadas, erroneamente, como fraqueza, preguiça ou até mesmo desvio de caráter. No entanto, essa forma de lidar com doenças psíquicas revela que o tema permanece sendo tabu em nossa sociedade e, mais do que nunca, precisa ser tratado de maneira aberta e livre de preconceitos.

É comum pensarmos no corpo físico e na mente humana como partes separadas que compõem a nossa individualidade, mas este entendimento nos afasta do tratamento devido à questão. Como explica a Dra. Ana Carolina Jaen Saad, psicóloga do Hospital do Servidor Público Municipal, “é uma questão de Saúde Pública. A importância de se cuidar da saúde mental reside no fato da mesma integrar a saúde [como um todo] de um indivíduo, e há muito que se desmistificar sobre o assunto”.

É preciso estar atento aos sintomas mais sutis, que podem ser detectados sempre que houver sofrimento por parte do paciente. Além disso, é importante saber que aquilo que gera trauma para uma pessoa pode ser inofensivo para tantas outras — fato que torna a prevenção dessas condições mais difícil e imprevisível.

 

“Felicidade, irritabilidade e tristeza fazem parte da vida, mas quando associadas ao sofrimento, este pode ser o sintoma de que algo não vai bem. O sofrimento é o melhor parâmetro para alguém buscar ajuda, a qualquer sinal dele, ainda que não seja possível eliminá-lo da vida, mas para que possa ser cuidado”, nos ensina a psicóloga.

Ademais, tanto o período de isolamento, causado pela pandemia da Covid-19, quanto a posterior retomada das atividades podem ter impacto na saúde mental daquelas pessoas que estavam habituadas a uma determinada vida social e profissional e tiveram de se adaptar a um novo modelo.

O mais importante no apoio àqueles que ainda sentem dificuldade de buscar a ajuda de um psicólogo, ou de outros profissionais de saúde mental, é demonstrar disposição para acolher e ouvir. “Temos dificuldade em escutar o outro atentamente. Gostamos de falar de nós mesmos. Às vezes é preciso apenas escutar. Ao ser escutado, o sujeito se sente acolhido e se torna mais permeável à indicação de cuidados”, finaliza a Dra. Ana Carolina Jaen Saad.