Hospital Municipal Ermelino Matarazzo utiliza redes na incubadora para acalmar recém-nascidos prematuros

Uso do acessório faz parte de um programa de humanização de UTIs neonatais e será estendido a todos os hospitais municipais

Por Rose Silva

O Hospital Municipal Alípio Correa Netto (HM Ermelino Matarazzo) instalou redes dentro das incubadoras da UTI neonatal com o objetivo de acalmar os bebês. A ideia é reproduzir o aconchego do útero da mãe e posicionar o recém-nascido para que organize sua capacidade neurológica. As redes são usadas para bebês que nascem com menos de dois quilos, estão clinicamente saudáveis, respiram sozinhos e se alimentam por via oral ou sonda.

O uso do acessório faz parte de um projeto de humanização baseado no método canguru, que é recomendado pelo Ministério da Saúde e busca preservar o desenvolvimento físico e emocional dos bebês. O projeto, desenvolvido pelo Programa Parto Seguro em parceria com o Centro de Estudos Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), será estendido a todos os hospitais da rede municipal. O próximo a adotar o método será o Hospital Municipal Waldomiro de Paula, em Itaquera, que receberá 10 redes para a unidade neonatal nos próximos dias.

O Hospital Alípio Correa Netto realiza em torno de 300 partos por mês, dos quais 30% são prematuros. De acordo com a médica responsável pelo setor neonatal, Márcia Dias Zani, o ambiente estressante e os estímulos dolorosos aos quais os bebês ficam submetidos durante a internação - muitas vezes por vários meses - pode causar prejuízo ao desenvolvimento neurológico e às suas funções reguladoras, tais como temperatura, ritmo cardíaco e pressão arterial e intracraniana. Por isso é muito importante desenvolver um ambiente acolhedor, capaz de minimizar o estresse e mantê-los calmos.

Além disso, a movimentação excessiva dos recém-nascidos pode levá-los a desperdiçar a energia necessária à sua recuperação. “Observamos que os bebês colocados nas redes apresentaram rapidamente sinais de conforto e os que choravam se acalmaram até entrar em sono profundo. Além disso, os pais que presenciaram seus filhos acomodados em redes perceberam o método como uma forma de dar aconchego”, afirmou Márcia. Outras vantagens apontadas pela médica são o baixo custo de produção das redes e a facilidade de manuseio pela equipe do hospital.

Humanização

Além do uso das redes, o Hospital Alípio Correa Netto vem utilizando uma série de recursos de humanização com o objetivo de propiciar um melhor desenvolvimento dos bebês prematuros e até diminuir o tempo de internação. O principal deles é estimular a presença da família na UTI para o fortalecimento do vínculo afetivo, que, de acordo com a especialista Marcia Dias Zani, pode ser determinante para que o bebê sobreviva sem sequelas.

As mães são estimuladas a manter seus filhos na posição canguru, sempre que possível, de preferência no contato pele a pele. Também são utilizados “ninhos” - pequena cama colocada dentro da incubadora que facilita a permanência da criança na posição fisiológica, semelhante à posição fetal, considerada ideal para seu desenvolvimento neste período.