Saboya é destaque em notificações de potenciais doadores de órgãos

Unidade municipal fecha 2014 como o 28º hospital do Estado de São Paulo que mais notifica casos de doadores

Por Keyla Santos

A doação de órgãos pode salvar vidas. No Brasil, 95% dos transplantes são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), maior sistema público de transplantes do mundo, tornando o país uma referência na área. Em 2014, o Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya encerrou o ano como o 28º hospital do Estado de São Paulo (dados da Secretaria Estadual de Saúde), que mais notificou casos de potenciais doadores. Brasil apresenta atualmente queda no número de doadores.

No estado de São Paulo, entre janeiro e junho de 2015, foram notificados 1.306 doadores, sendo 409 doadores efetivos. Em 27 de setembro comemora-se o Dia Nacional de Doação de Órgãos. Nesse período o Ministério da Saúde (MS) enfatiza, por meio de campanhas, a necessidade de avisar a família sobre o desejo de ser um doador.

Ao se destacar pelas notificações de doadores, o Saboya atua efetivamente no auxílio do diagnóstico de morte encefálica, acolhimento aos familiares dos doadores e realização de capacitação da equipe multidisciplinar envolvida. Localizado na zona Sul, o hospital conta com uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott), que busca conduzir os casos de morte encefálica (quando o cérebro para de funcionar) e acolher as famílias para a doação de órgãos no âmbito do hospital.

Doador pode salvar até oito vidas

De acordo com Felipe Alves Moreira, enfermeiro do Núcleo de Captação de Órgãos (NCAP) e integrante do Cihdott do hospital Saboya, um único doador pode salvar até oito vidas. “Quando é constatada a morte encefálica, a pessoa pode ser doadora tanto de órgãos quanto de tecidos. Há alguns critérios para saber até que idade qual órgão pode ser doado. Uma pessoa com saúde, que evoluiu para um contexto de morte encefálica e a família aceitou a doação, pode chegar a ser doadora de coração, pulmões, fígado, rins, córneas, ossos, pele e tendões. Até sete ou oito vidas podem ser beneficiadas com esse ato”, disse Moreira.

Isso ocorre graças ao comprometimento de toda equipe multiprofissional do hospital no cuidado fornecido ao potencial doador e no acolhimento de forma individualizada e humana prestado a estes familiares. Toda família tem a possibilidade de ser doadora de órgãos e tecidos. Esta atitude tem beneficiado todos os anos centenas de pacientes inscritos no CTU (Cadastro Técnico Único) para transplantes.

Além da doação após diagnóstico de morte encefálica, é possível realizar doação de rim e de parte do fígado entre vivos. “A doação em vida é feita quando há alguém da família com condições de saúde bem mantidas. Após essa constatação é feita uma bateria de exames a fim de verificar a compatibilidade com o familiar que necessita do órgão. Sendo compatível, ele vai ser acompanhado por uma equipe multiprofissional que vai preparar tanto quem vai receber quanto quem vai doar o órgão”, explicou o enfermeiro.

Alerta: diminuição na taxa de doadores

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) divulgou as informações do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) referentes ao primeiro semestre de 2015. Pela primeira vez em oito anos foi observada uma diminuição na taxa de potenciais doadores, de doadores efetivos e no número de transplantes de rim, fígado e de pâncreas em relação ao ano anterior. Um dos motivos para a redução pode estar relacionada à elevada taxa de recusa familiar à doação, que chega a 44% na maioria dos estados.

A taxa de notificação de potenciais doadores, que foi de 49 por milhão de população (pmp) em 2014, com previsão para este ano de 53,5 (aumento de 10%), está sendo frustrada pela taxa obtida de 46,5 pmp. A taxa de efetivação está estagnada em 29%, enquanto que a esperada é de 32%, para obtenção de 17 doadores efetivos pmp neste ano. Entretanto, a taxa de doadores efetivos obtida foi de apenas 13,4 pmp (21% abaixo da taxa esperada).