Diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis podem agravar quadro de Covid-19

Dia Nacional do Diabetes (26/06) reforça importância da adesão aos cuidados com hábitos saudáveis e a importância do autocuidado em tempos de pandemia

#PraCegoVer: arte possui fundo verde claro que lembra uma parede onde há seis janelas. Nas janelas há a ilustração de pessoas usando máscara. Cada pessoa usa uma camiseta onde se lê: doença renal, doença respiratória, câncer, diabetes, pressão alta e obesidade. Equivalente textual da arte: Cuidando de todos - Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) - Diabetes/Coronavírus - 26 de junho - Dia Nacional do Diabetes. Controle a glicemia sempre, inclusive durante a pandemia

 

Epidemias por infecção respiratória, como a que estamos vivenciando neste momento, comprovam a necessidade da promoção e prevenção em saúde para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) continuadamente. As informações de óbitos de pessoas com COVID-19 e DCNT, também o diabetes demonstram desafios importantes para a população e para os profissionais de saúde do município de São Paulo.

Até o dia 18/05/2020, 32.753 (19,4%) foram classificados como casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda, dos quais 13.083 foram confirmados para COVID-19. Em relação aos fatores de risco ou comorbidades dos óbitos confirmados para a COVID-19, a maioria apresentava cardiopatia (1.505 – 65,3%), seguida de diabetes (1.027 – 44,6%) e doença neurológica (331 – 14,3%).

No município de São Paulo, estima-se que 7,4% da população com mais de 18 anos possui diagnóstico de diabetes (ISA Capital, 2015). As pessoas com diabetes, assim como os que possuem hipertensão, neoplasias, obesidade, doenças cardiovasculares e pulmonares, em geral, possuem fatores de risco em comum: tabagismo, atividade física insuficiente, uso nocivo do álcool, alimentação não saudável e outros.

Adotar hábitos de vida saudáveis e de autocuidado é sempre necessário, evitando muitas das DCNT. O alerta é do Programa Cuidando de Todos da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, liderado pela área técnica de DCNT da Atenção Primária à Saúde do Município de São Paulo.

“As DCNTs levam a um estado crônico de saúde, associado a um maior risco para a instalação de outras doenças, transmissíveis ou não. Este momento 'dentro de casa' pode ser uma oportunidade para iniciar algumas mudanças em busca de uma vida mais saudável. Recomendamos que todos pensem no que podem mudar na sua alimentação, atividade física, saúde do sono e como podem reduzir o tabagismo, ingestão de álcool, de modo a prevenir e controlar as doenças crônicas”, destaca a Dra. Suely Miya Shiraishi Rollemberg Albuquerque, da Coordenadoria de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde.

Além da ausência de hábitos saudáveis, existem outros fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento do diabetes: fatores genéticos; pré-diabete; pressão alta; colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue; sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura. Também é preciso estar atento a doenças renais crônicas; mulher que deu à luz criança com mais de 4 quilos; diabetes gestacional; síndrome de ovários policísticos; diagnóstico de distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar -; apneia do sono; uso de medicamentos da classe dos glicocorticoide e pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes.

Os principais sintomas do diabetes tipo 1 são fome frequente, sede constante; vontade de urinar diversas vezes ao dia; perda de peso; fraqueza; fadiga; mudanças de humor; náusea e vômito. Já os do diabetes tipo 2 são fome frequente; sede constante; formigamento nos pés e mãos; vontade de urinar diversas vezes; infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele; feridas que demoram para cicatrizar; e visão embaçada.

Para garantir uma vida mais saudável, quem tem doença crônica não transmissível precisa seguir à risca as recomendações médicas e orientações dos profissionais de saúde quanto à prática de atividades físicas, o consumo de alimentos saudáveis, o sono regular e outros fatores de risco. Os pacientes que já apresentam doença crônica e necessitam de tratamentos devem manter o autocuidado e seguir as orientações dos profissionais de saúde, inclusive para os medicamentos.

Se possível ficar em casa, sair só quando necessário e manter o distanciamento social são as ações para reduzir a transmissão da COVID-19. No entanto, é importante adaptar-se, alimentar-se adequadamente e manter-se ativo mesmo em casa, pois o comportamento sedentário e os baixos níveis de atividade física podem ter efeitos negativos na saúde, na imunidade, no bem-estar e na qualidade de vida.

Manter hábitos de higiene constantes como: lavar constantemente as mãos com água e sabão ou utilizar álcool gel; higienizar superfícies que possam estar contaminadas; e utilizar máscara individual higienizada (não compartilhar), como barreira física ao vírus.

A população negra está mais vulnerável às doenças crônicas não transmissíveis, principalmente pelas condições socioeconômicas que propiciam a desenvolver hipertensão arterial mais precocemente, a progressão pode ser mais rápida e com risco aumentado para complicações mais graves.


Pequenas medidas, grandes mudanças:

Lembre-se: os cuidados com o diabetes, as DCNT e com a COVID-19 devem ser contínuos.

Higiene

- Lave as mãos com água e sabão ou use álcool gel diversas vezes por dia;

- Limpe superfícies que possam estar contaminadas;

- Utilize máscara, que funciona como barreira física ao vírus. A máscara deve cobrir nariz e boca. Caso seja de pano, deve ter duas camadas/dupla face. As trocas devem ocorrer quando ficar úmida e elas precisam ser lavadas ao chegar em casa.

As máscaras são de uso individual e não podem ser compartilhadas.

Alimentação saudável

- Pessoas com diabetes devem controlar a quantidade de carboidratos ingerida, evitar a adição do açúcar, o qual eleva a glicemia rapidamente e tem pouco valor nutricional;

- A melhor escolha de carboidratos são frutas, cereais integrais, leguminosas e laticínios desnatados. A escolha de alimentos in natura e preparações caseiras são melhores que os alimentos ultraprocessados;

- Não há fruta proibida para quem tem diabetes. A não ser para quem tem alguma complicação renal. Existem frutas que aumentam a glicemia mais rapidamente, como o melão e a melancia, mas não são proibidas. O mais importante é controlar o tamanho da porção, ingerir uma fruta média por vez ou porção picada de em torno de 150 gramas. Banana, laranja, manga, caqui e uva podem ser consumidas, pois tratam-se de frutas de médio e baixo índice glicêmico;

- Escolher alimentos de menor índice glicêmico, incluindo alimentos integrais ricos em fibras, aveia, leguminosas como feijões, vegetais e frutas com casca e bagaço, batata doce, inhame, inclusão de gorduras boas como castanhas e proteínas magras de boa qualidade, como queijo branco;

- Para quem tem diabetes tipo 2 e tem excesso de peso, a prioridade é a perda de peso para melhora da resistência à insulina. Para isso, o total de carboidratos é importante, mas também o total calórico e as escolhas saudáveis em geral;

- Se você utiliza insulina ou outros medicamentos que aumentam os níveis de insulina, lembre-se de monitorar os níveis de glicose e de carregar algum carboidrato de ação rápida para casos de hipoglicemia;

- Diabéticos devem manter uma alimentação equilibrada, regular, variada e natural. Fracionar de três em três horas para evitar hipoglicemia e descontrole da fome, resultando em maior ingestão de alimentos após longos períodos sem alimentar;
- O controle de açúcar, sal, frituras, colesterol e gordura saturada é bom para todas as pessoas, inclusive para quem tem diabetes, hábitos tais que devem ser prioridade;

- Consuma menos de 2g de sódio por dia, o que equivale a 5g de cloreto de sódio;

- Utilize temperos frescos que dão sabor à comida e diminui a necessidade de sal;

- Faça e utilize o sal de ervas: bata no liquidificador meia xícara de sal, manjericão, orégano, alecrim, salsinha e coloque em um pote de vidro fechado. Use no lugar do sal;

- Deixe o saleiro no armário e não o leve à mesa.

Atividades físicas

Para as pessoas com diabetes, a prática de exercício físico é muito benéfica. Ela auxilia na perda e manutenção de peso, no aumento da sensibilidade à insulina e no melhor controle dos níveis sanguíneos de glicose.

- Faça atividades físicas dentro de casa: caminhe, no mesmo lugar, movimentando bem os braços ou ande de quatro a seis passos, vire e ande mais quatro a seis passos, ande quatro a seis passos em marcha ré; repita durante 15 minutos e ir aumente até 30 a 40 minutos: inicie de uma a três vezes na semana e aumente gradativamente;

- Massageie o corpo todo diariamente com auxílio das mãos e dos pés;

- Movimente-se em casa, no trabalho: ande, dance, levante-se e relaxe.

Saúde mental e autocuidado

O estresse, associado a outros fatores de risco, pode ser muito danoso. A pandemia pode aumentar a pressão psicológica, estresse, que provoca excesso de atividade do sistema nervoso e pode elevar a pressão arterial e o nível elevado de colesterol. Ele também estimula o vício de fumar e provoca excessos alimentares. O estresse aumenta em 60% o risco de infarto. Mantenha a rotina e crie novas atividades saudáveis. Exercícios, sono regular e dieta balanceada fazem a diferença.

- Uma enxurrada constante de notícias pode levar à ansiedade, depressão e ao estresse. Siga notícias confiáveis e evite boatos que vão somente causar desconforto;

- Aproveite para conversar, curtir bons momentos com sua família, use sua criatividade! Afetividade e amizade são importantes escolhas para uma vida saudável;

- Se possível, fique em contato com sua rede de amigos, você pode manter a proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, etc. No entanto, não fique preso à rede digital;

- Pare de fumar;

- #FiqueEmCasa, mas se precisar sair de casa, use máscara higienizada e não compartilhe; pode ser de pano dupla face, feita em casa.

- Medicamentos

Caso tenha alguma doença crônica não transmissível e utilize medicamento de uso contínuo, mantenha e siga sempre as orientações dadas pelo médico. No período de epidemia, o paciente pode solicitar uma avaliação para uma receita com validade ampliada. Solicite informações aos profissionais das UBS. Isso reduz o trânsito desnecessário nas unidades de saúde e farmácias (nota técnica - nº 04/2020 Assistência farmacêutica – março / 2020 MSP).

O Programa Cuidando de Todos - DCNT da AT DCNT/SH da Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde conta com apoio da iniciativa Cuidando do Seu Coração, em parceria com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) e American Heart Association (AHA).