São Paulo terá Museu de Arte Moderna Nipo-Brasileira

Projeto conta com investimentos da Prefeitura e da iniciativa privada


A Prefeitura de São Paulo assinou convênio com o Instituto Manabu Mabe para o restauro do antigo Colégio Campos Salles, na Liberdade, que será transformado no Museu de Arte Moderna Nipo-Brasileira. Pelo convêniuo, assinado pelo prefeito paulistano no último dia 4, serão investidos R$ 2 milhões em obras internas. A recuperação total do prédio está orçada em R$ 10 milhões e conta com a parceria de 13 empresas da iniciativa privada e do governo do Estado.

"É um museu muito importante para a comunidade japonesa e, mais do que isso, também para a cultura paulistana, paulista e brasileira. Esperamos que com esta parceria possamos antecipar a conclusão das obras", disse o prefeito.

O museu será instalado em um espaço onde, em 1914, funcionou o Grupo Escolar São Joaquim, que teve seu nome modificado para Escola Estadual Campos Salles. A edificação foi projetada pelo arquiteto italiano Giovanni Bianchi e considerada, na ocasião, a mais bela construção da rua São Joaquim. Em 1986, o prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), órgão do Governo do Estado.

Quando concluído, o museu receberá uma exposição do acervo do artista Manabu Mabe, com cerca de duas mil obras dos principais pintores nipo-brasileiros, e de outros artistas abstratos que participaram dos pioneiros "Grupo 15" e "Grupo Seibi", entre eles: Handa, Takaoka, Tamaki, Tanaka, Susuki, Higaki, Fukushima, Kaminagai, Mori, Ohtake, Wakabayashi, Toyota, Tsuchimoto, Shiró. No local também serão realizados congressos, simpósios, workshops, palestras, oficinas e mostras de artes visuais.

O projeto arquitetônico, já aprovado pelo Condephaat, prevê a criação de numerosos ambientes, como espaço dos artistas nipo-brasileiros, área de exposições temporárias, jardim de esculturas, lojas do museu, cafeteria, biblioteca de artes, área de reserva técnica, centro de restauração, salas de administração, auditório para 250 pessoas com sistema de projeção e tradução simultânea, ateliê para escolas de artes, elevador, entre outros.

"De fato, falta em São Paulo espaço onde se possa celebrar a cultura japonesa no mais alto nível, e aqui é o lugar. Aqui cabe perfeitamente a homenagem ao grande Manabu Mabe", afirmou o secretário municipal de Cultura.

Manabu Mabe

Nascido na província de Kumamoto, no Japão, em 1924, Manabu Mabe imigrou com a família para o Brasil em 1934, aos dez anos. A família se instalou na cidade de Birigüi e depois se mudou para a cidade de Lins (ambas no interior do Estado). Em 1942, aos 18 anos, iniciou sua trajetória como pintor, atividade que exercia quando não estava trabalhando no cafezal.

Em 1947, freqüentou o Grupo 15, criado por artistas japoneses. Em 1950, iniciou sua carreira como pintor profissional e, em 1951, casou-se com a senhora Yoshino, com quem teve três filhos. Mudou-se para São Paulo em 1957 e foi morar no bairro do Jabaquara. Em 1959, durante a 5ª Bienal de Jovens de Paris, Mabe recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional, das mãos do então presidente Juscelino Kubitschek. A partir de 1959, Mabe recebeu diversos prêmios, incluído o Braun, na I Bienal de Jovens de Paris. Faleceu em setembro de 1997 em São Paulo.

Fonte: Secom