Zerar emissões do transporte público é prioridade para Prefeitura de São Paulo

SPTrans anunciou parceria técnica com C40 e ICCT

“Acelerar a transição para ônibus com zero emissões de poluentes e gases de efeito estufa é prioridade da gestão Bruno Covas para São Paulo”, informou Luiz Alvaro Salles Aguiar de Menezes, Secretário de Relações Internacionais da cidade durante evento realizado nesta terça (8) pela Prefeitura em parceria com a C40 e o ICCT. A informação foi confirmada por Edson Caram, Secretário de Mobilidade e Transportes, que lembrou que “sustentabilidade é uma pauta prioritária para o prefeito Bruno Covas e uma diretriz para todas as secretarias”. Nesse contexto, Paulo Ce?zar Shingai, presidente SPTrans, anunciou o acordo de cooperação técnica com C40 e ICCT para contribuir com o avanço da frota limpa.

Atualmente São Paulo tem um projeto piloto com 15 ônibus a bateria e uma ambiciosa meta: zerar as emissões do transporte público em 20 anos. Para tanto, a nova concessão do transporte público da cidade, cujos contratos foram assinados no último dia 6 de setembro, prevê a total renovação da frota de 14 mil veículos nos próximos 15 anos. A perspectiva é que pelo menos seis mil novos ônibus estejam circulando na capital paulista até o final do próximo ano, em um dos mais ambiciosos projetos de corte de emissões do transporte público no mundo.

“São Paulo tem a oportunidade de se tornar uma das líderes no enfrentamento da crise climática entre as grandes metrópoles da América Latina”, destaca Ilan Cuperstein, vice-diretor regional para a América Latina da C40. “Temos o compromisso e a vontade política e agora estamos trabalhando para favorecer a viabilidade financeira, técnica e operacional dessa importante mudança”, completa o secretário de Mobilidade e Transportes de São Paulo, Edson Caram.

Além do acordo de cooperação técnica, São Paulo é também uma das cidades apoiadas pelo projeto ZEBRA de aceleração da transição para ônibus zero emissões na América Latina. Liderado pela C40 e pelo ICCT, o ZEBRA busca garantir o compromisso das cidades, da indústria e das entidades financeiras para implantação de tecnologias limpas de transporte, desenvolvendo para isso atividades que favoreçam a troca de informações e interlocução. Esse processo exige um esforço planejado e coordenado com diversos atores para equacionar pontos críticos como a viabilidade econômica da mudança dentro das regras dos novos contratos e a garantia da continuidade e confiabilidade do serviço de transporte público durante a transição.

O evento no qual o acordo foi anunciado é uma dessas atividades. Ele reuniu operadores do transporte público, fabricantes de ônibus zero emissões, bancos de desenvolvimento, investidores e consultores, além da Prefeitura de São Paulo, em um dia de apresentações e debates sobre modelos de negócio que favorecem a implementação tecnologias de emissão zero. Entre os participantes estiveram representantes de fabricantes de ônibus BYD, Higer e Eletra, dos bancos BNDES, Caixa, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de investidores como Asymmetric Return Capital, Siemens Financial Services e Engie, de think tanks como WRI-Brasil e Clean Energy Works. Representantes do sistema de transporte público de Santiago, como a operadora Metplu?s (Operador RED Santiago) compartilharam informações sobre a experiência chilena de transição que já conta com mais de 200 ônibus elétricos em operação na cidade.

O sistema de ônibus é fundamental para a mobilidade da cidade. Em São Paulo, a frota de 14 mil ônibus transporta 10 milhões de passageiros por dia, percorrendo 3 milhões de quilômetros diariamente, nos dias úteis. Mas a prevalência do diesel nessa frota gera um grave problema de saúde pública. Pesquisa em parceria entre o Instituto Saúde e Sustentabilidade e Greenpeace avaliou os impactos da poluição do ar na saúde da população se houvesse a substituição do diesel por ônibus elétricos. Até 2050, 12.796 vidas seriam salvas se já? se tivesse adotado a matriz 100 % elétrica. Em valores evitados em mortes (perda de produtividade evitada), a estimativa é de R$ 3,8 bilhões.

A Lei Municipal nº 16.802, de 2018, estabeleceu um prazo de 10 anos para a redução de 50% emissões de dióxido de carbono (CO2) dos ônibus usados no transporte municipal e 20 anos para sua total eliminação. No caso do material particulado (MP), a lei prevê uma queda de 95% e a emissão de óxido de nitrogênio (NOx) deverá ser reduzida em 95% até 2028.

Secretário Luiz Alvaro ao lado do Secretário Edson Caram, do senhor Paulo Ce?zar Shingai e de Ilan Cuperstein.


Sobre a C40:
Em todo o mundo, a C40 Cities conecta 94 das maiores cidades do mundo para que adotem ações climáticas ousadas, abrindo caminho para um futuro mais saudável e sustentável. Representando mais de 700 milhões de cidadãos e um quarto da economia global, os prefeitos das cidades que integram a C40 estão comprometidos em cumprir as metas mais ambiciosas do Acordo de Paris em nível local, bem como em limpar o ar que respiramos.
Mais informações: https://www.c40.org/

Sobre o ICCT:
O Conselho Internacional de Transporte Limpo é uma organização independente sem fins lucrativos fundada para fornecer pesquisa imparcial de primeira classe e análises técnicas e científicas aos reguladores ambientais. A missão é melhorar o desempenho ambiental e a eficiência energética do transporte rodoviário, marítimo e aéreo, a fim de beneficiar a saúde pública e mitigar as mudanças climáticas.
Mais informações: https://theicct.org/

Sobre a iniciativa ZEBRA
Financiada pela P4G, uma rede global de líderes e inovadores em crescimento econômico verde, a parceria ZEBRA (sigla em inglês para Acelerador de implantação rápida de ônibus com emissão zero) é liderada pela C40 e pelo ICCT e apoiada pelo Centro Mario Molina no Chile e pelo World Resources Institute. O objetivo da ZEBRA é acelerar a implantação de ônibus com zero emissões nas principais cidades da América Latina, superando barreiras técnicas, de produtos e financeiras e apoiando a implantação de uma transição de toda a frota para veículos de emissão zero, com o objetivo final de atingir as metas climáticas, melhorar a qualidade do ar e a qualidade geral do transporte público.