Agricultores familiares chilenos conhecem o Mercadão

Doze produtores de nozes estiveram no equipamento municipal, onde viram a realidade do abastecimento da maior cidade da América Latina. A agenda faz parte de projeto do Ministério da Agricultura chileno para fomentar cooperativas de pequenos agricultores.

Doze agricultores de nozes chilenos visitaram neste segunda-feira (13) o Mercado Municipal de São Paulo, onde puderam conhecer melhor o funcionamento e as articulações comerciais do maior mercado varejista do mundo. Os pequenos proprietários vêm da província de Coquimbo, centro norte do Chile, onde têm produções de nozes de diversas variedades.

A agenda em São Paulo compõe uma série de visitas, organizadas pelo Ministério da Agricultura chileno em parceira com o consulado na capital paulista, a cooperativas em cidades como Tupã, São Miguel de Arcanjos, Dois Córregos e Taubaté, onde os produtores puderam conhecer a forma como elas se organizam.

Abigail Moyano, 57 anos, é produtora de nozes da variedade CER com produção de 2.500 kg/hectare. Segundo ela, é importante conseguir organizar os pequenos agricultores e conseguir atingir, sem intermediários, o mercado brasileiro. “Queremos ter um contato aqui para exportar . Viemos também ver como os brasileiros se organizam em cooperativas”. Felipe Vega, técnico agropecuário de órgão ligado ao Ministério da Agricultura chileno, explicou que a figura do intermediário impacta toda a cadeia de produção. “A margem de lucro tanto do produtor quanto do vendedor diminui consideravelmente devido ao intermediário, que fica com os maiores ganhos”, disse.

No Mercadão, foram recebidos por Aparecida Dolores Veronesi, administradora do Complexo Cantareira, que respondeu perguntas sobre equipamento, além de guiá-los pelas dependências dele. Explicou como os permissionários conseguem pontos de venda no espaço e a transformação por que o mercado passou. “Em 2004 um novo momento começou. Estamos oferecendo serviços para turista para alcançar um novo patamar de desenvolvimento”, disse a respeito da instalação de restaurantes e de um espaço gourmet no Mercado.

Permissionário e dono de uma empresa com mais de 100 anos, Leonardo Chiappetta deu aos produtores um panorama geral de quais tipos de produtos preferidos pelos paulistanos que frequentam o equipamento. Segundo ele, que também é importador, é mais vantajoso para pequenos agricultores conseguirem se organizar para exportar seus produtos com valor agregado. “Os tramites do processo são custosos independente da quantidade que está sendo exportada”, afirmou.

Delegação faz tour pelo Mercadão e conhece a realidade do maior meracdo varejista do mundo. 

Ainda segundo Chiappetta, é interessante tanto para compradores quanto para os agricultores manter as particularidades daquilo que comercializam. “A particularidade de cada região é uma forma de defesa contra a forte globalização. Estamos interessados em formar parcerias que nos deem esta particularidade”. Ressaltou que já há uma grande receptividade participação dos chilenos no mercado paulistano, com 80% das nozes comercializadas no Mercadão vindas do país. Outros exportadores são Estados Unidos com 15% e Argentina com aproximadamente 5%.

Segundo Hugo Silva, também técnico ligado ao Ministério da Agricultura chileno, é importante para os agricultores saberem como podem dar mais valor agregado ao produto e se estruturar para chegar aos consumidores brasileiros. ”Exportamos mais para Oriente Médio, Ásia e Estados Unidos, mas o Brasil tem sido também um ótimo parceiro comercial”. Silva se disse impressionado com a grande organização das cooperativas brasileiras, que segundo ele são “muito bem estruturadas”.