Coordenador da gestão de Resíduos Sólidos da Olimpíada de Londres fala a gestores em São Paulo

Convidado pelo ICLEI, Dan Epstein apresentou a estratégia londrina e destacou alguns dados obtidos durante consultoria realizada nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife

 O planejamento e preparação das cidades no que se refere à racionalização da produção de resíduos sólidos e consequente redução da emissão de gases poluentes tem sido cada vez mais importante. Na questão dos resíduos, a rede ICLEI aponta que na América Latina 369.000 toneladas são geradas diariamente e deste total apenas 23% têm destinação adequada.

Com a chegada de grandes eventos no continente e ao Brasil, que recebeu recentemente a Copa do e se prepara para as Olimpíadas de 2016, a rede acompanhou a incorporação das principais medidas previstas na política nacional de resíduos sólidos na realização destas ocasiões.

As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife foram escolhidas para o projeto Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos em Eventos Esportivos. Alguns dos resultados das iniciativas foram discutidos nesta quinta-feira (6), na sede Universidade Aberta de Meio Ambiente e Cultura de Paz – UMAPAZ.

O projeto do ICLEI realizou estudos de casos baseados nas estratégias dos três municípios brasileiros, além da cidade de Londres, que serviu de modelo para o planejamento. Apresentou a estratégia inglesa Dan Epstein, coordenador de Desenvolvimento Sustentável e Regeneração para as Olimpíadas de 2012 e fundador da consultoria Useful Simple Projects.

Epstein e seu time tiveram acesso a dados referentes à geração de resíduos das capitais brasileiras no âmbito do projeto e para ajudá-las a formatar dados e prever comportamentos. “Vocês ainda estão muito no início no que se refere a um ecossistema que envolve o lixo”, disse a respeito das falhas nos processamento dos resíduos, que mesmo depois de separados, acabam indo para os mesmos aterros.

O especialista notou que os dados do Estado e São Paulo são interessantes quando comparados ao geral do país – 98% do lixo são direcionados a aterros legais, enquanto em outras localidades a taxa é de 40%.

Enquanto processo, ponderou que, quando se trata de dados sobre resíduos, o mais importante é entender o quadro como um todo, desde a estimativa de coleta, tipos de tratamento e opções de destino dos resíduos, mais do que tentar prever números exatos. Londres, por exemplo, criou uma ferramenta para antecipar que tipo de dejeto seria gerado durante as Olimpíadas. “Demoramos 7 anos para pensar uma estratégia. E mesmo assim atingimos apenas 70% de reciclagens”, contou Epstein.

Para ele, se os estudos de caso forem bem analisados e uma estratégia montada, o tempo para cidades criarem planos similares pode cair para 2 ou 3 anos.

No caso de Londres, outro aspecto que contribuiu para a demora no planejamento foi o processo de negociação com grandes patrocinadores e fornecedores ligados aos jogos. A municipalidade queria informações para entender as escalas de produção e conseguir cenarizar quantas embalagens aproximadamente estariam no mercado. As conversas com os atores para conseguir dados levaram quase 3 anos.

O especialista ainda ressaltou que grandes eventos são bons ‘projetos-pilotos’ para estudar determinados padrões tais como, comportamento das pessoas com relação ao lixo, tipos de comunicação e campanhas, teste de produtos inovadores e estabelecer uma nova cultura de manejo dos resíduos sólidos. O conhecimento adquirido com base nessas experiências serve como insumo para elaboração e reprodução de políticas públicas inovadoras na temática.