Prefeitos discutem maior apropriação dos rios na vida das cidades

Evento realizado pelo Arq.Futuro no Auditório Ibirapuera destacou a relação das pessoas com os rios de suas cidades. O prefeito Fernando Haddad defende a ocupação das margens, mas explica que projeto é de médio ou longo prazo.

 Entre 24 e 25 de setembro, o Arq.Futuro reuniu prefeitos, arquitetos, urbanistas, membros da sociedade civil e estudantes no auditório do Ibirapuera. Com o tema a “Cidade e a Água”, o evento trouxe perspectivas variadas sobre a centralidade do poder local na gestão do bem mais importante para a vida humana.

Fernando Haddad , participou do painel "Conversa de prefeitos”, que reuniu prefeitos das cidades do Porto, Rui Moreira; Kansas City, Mark Holland; Piracicaba, Gabriel Ferrato; e Santos, Paulo Alexandre Barbosa. A mesa foi mediada pelo ex-prefeito de Maringá, Silvio Barros, e contou com a participação remota do cientista político norte-americano Benjamin Barber, autor do livro If Mayors ruled the World.

A relação entre rios e os espaços urbanos foi destacada nas falas de todos. Fernando Haddad defendeu a necessidade da ocupação das margens dos rios paulistanos, que na visão dele seriam o último cartão postal da cidade, ainda largamente representada por marcos arquitetônicos de meados do século 20. “Os rios darão o desenho final da cidade”, afirmou. O prefeito acredita, no entanto, que a ocupação e navegabilidade dos rios ainda seria um projeto de médio a longo prazo.

Rui Moreira, prefeito do Porto, destacou a relevância do Rio D’Ouro, para a comunidade. Desde os anos 40, as atividades portuárias abandonaram o rio, que viveu um processo transformação. “Foi feito um grande investimento pelos meus antecessores na rede completa d’água, que vai da captação até a distribuição e saneamento do esgoto e das águas pluviais”, disse.

A cidade do Porto, situada no norte de Portugal, é capital da maior área metropolitana do país. Composta por 17 municípios, a área corresponde a 35% do território do Estado-Nacional português e foi historicamente polo de desenvolvimento industrial.

Moreira ressaltou também a preocupação patrimonial da população do Porto. Nos anos 90, o centro da cidade, onde há maior contato com o D’Ouro, foi tombado pela UNESCO e é considerado Patrimônio da Humanidade. A transição de uma cidade industrial e portuária para uma cidade patrimonial mudou a paisagem, que ganhou vida cultural e foi descoberto pelo turismo. “Os grandes espaços onde se desenvolviam as atividades portuárias ficaram vazios”, disse.

Ainda no que se refere à ocupação de margens, o prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato, destacou que de acordo com o Plano Diretor do município, ainda em elaboração, parques lineares ao longo dos córregos do município como um passo em direção à preservação. “É uma forma de fazer com que a população valorize estes espaços e para que conviva com estas águas agora despoluídas”.

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