Bogotá 386 quilômetros

Com a maior malha cicloviária da América Latina, capital colombiana aposta em atividades pedagógicas para a população e se prepara para oferecer serviço de bicicletas públicas.

Nos dias 18 e 19 de agosto, uma delegação da Prefeitura de São Paulo esteve em Bogotá, Colômbia, para conhecer a história e a evolução da rede cicloviária da cidade. O esforço vem no momento em que a capital paulista pretende criar 400 km de ciclovias até o fim de 2015.

“Conhecer as boas práticas de outras cidades no tema tem sido o nosso foco. Os casos que estudamos ao redor do mundo têm nos mostrado que a demanda para ciclovias é normalmente induzida pelo poder público”, afirma o secretário Relações Internacionais e Federativas, Leonardo Barchini, chefe da missão . Também integrou o grupo a supervisora de Planejamento Cicloviário da CET, Suzana Nogueira.

Neste ano, Bogotá abriu licitação para permitir que uma empresa privada disponibilize bicicletas à população pelos próximos 6 anos. A prefeitura local estima que serão necessárias mais de 2.850 bicicletas para começar a atender as 8 zonas da cidade a partir do no fim de 2015.

Segundo Ernesto Falla, assessor do Diretório de Relações Internacionais de  Bogotá,  os meios de transporte não motorizados e o transporte coletivo são prioritários. 

 

As “Ciclorutas”

Sob o slogan “Mobilidade Humana”, a gestão de Gustavo Petro em Bogotá reforça continuamente o compromisso com o transporte não motorizado e o público. “Em todos os discursos, o prefeito elenca as prioridades para mobilidade: pedestres, bicicletas e transporte público”, comenta Ernesto Falla, Assessor do Diretório de Relações Internacionais da Prefeitura de Bogotá.

A capital colombiana conta com 386 quilômetros de “ciclorutas”, termo pelo qual são designados os espaços permanentes e isolados destinados ao trânsito de bicicletas. Desde 1998, ano em que tem início o “Plan Maestro de Movilidad”, a cidade tem expandido a malha e promovido ações para estimular o uso do modal. Está prevista a criação de mais 135 quilômetros de corredores até 2016.

No último ano de registro, foram contabilizados 464.000 deslocamentos nessas ciclovias e o número crescente de usuários vem acompanhado da construção de pontos para estacionamento de bicicletas, os “cicloparqueaderos”, que já somam 2.188 vagas.

Além de expandir a rede, a cidade colombiana tem executado ações pedagógicas para engajar e conscientizar a população. O programa “Al Colegio em Bici”, iniciado em março de 2014, quer educar crianças que utilizam bicicleta para ir à escola sobre os cuidados necessários e benefícios ao meio ambiente. A Secretaria de Educação já encomendou 4.300 bicicletas com design adaptado à ergonomia dos pequenos usuários e condições topográficas da cidade.

Outras ações de conscientização são os “Ciclopasseos”, que levam os cidadãos a usar a malha cicloviária, além da iniciativa “Juego de Roles”, que pretende conscientizar os demais usuários das vias públicas (motoristas, motociclistas e pedestres) sobre as dificuldades que os ciclistas enfrentam. “Conseguimos sensibilizar recentemente taxistas, ao levá-los para andar de bicicleta e entender o que passam os ciclousuários”, conta Deyanira Avila, representante da Secretaria de Mobilidade de Bogotá.

Suzana Nogueira, supervisora de Planejamento Cicloviário, conhece a "cicloruta" da 7ma Calle.    

 

Para recreação, as ciclofaixas

Administradas pelo departamento de Cultura, Recreação e Esportes, as ciclofaixas (ou ciclovias, como chamam os bogotanos) começaram no ano de 1974 com 4 rotas principais. Em 2009, foram reconhecidas por decreto como espaço de interesse social da cidade.

Atualmente, a prefeitura estima que mais 1,4 milhão de pessoas utilizem os 121 quilômetros de ciclofaixas nos domingos e feriados. Entre janeiro e julho de 2014, o número médio de ciclistas circulando pela malha foi de 1,37 milhão.

Em 6 de agosto de 2013, dia em que Bogotá completou 475 anos, foi iniciada a operação ciclofaixa noturna, retomada na ocasião das festas natalinas. A prefeitura estipulou agosto e dezembro como datas oficiais para o uso da malha à noite. Estima-se que 1,9 milhões de pessoas tenham pedalado nas duas ocasiões.