Deu na Imprensa - O bom exemplo de Heliópolis

Jornal da Tarde - 13/06/2009 Editorial


Os avanços obtidos na urbanização da Favela Heliópolis, na zona sul, a maior da capital, mostrados em reportagem de O Estado de S. Paulo, indicam que são boas as perspectivas de melhoria das condições de vida, a médio prazo, das populações de baixa renda que habitam as centenas de outras favelas incluídas no ambicioso programa da Prefeitura para a transformação dessas áreas em bairros.

Os prédios residenciais de linhas arredondadas, projetados pelo arquiteto Ruy Ohtake - “o desenho é bonito, claro, mas ele também é funcional”, diz ele -, que compreendem 556 apartamentos, com entrega prevista para 2010, e que já são considerados um símbolo da nova Heliópolis, são apenas uma das muitas obras que estão transformando a favela. Em agosto serão entregues 665 unidades habitacionais. E em breve também serão concluídas as obras de um polo de educação integrado com três creches e uma escola técnica.

Na reforma de três - justamente as maiores - das 14 glebas de Heliópolis, prevista para estar pronta até o final do próximo ano, estão sendo investidos R$ 165 milhões. Ela inclui canalização de um córrego, pavimentação de ruas e regularização de moradias. Com a participação ativa da comunidade, está sendo tocado um grande número de projetos de caráter social, como criação de lavanderias comunitárias, creches, telecentro, cursos de alfabetização e inclusão digital. Planeja-se até mesmo a instalação de uma rede para internet sem fio.

Outro dado considerado altamente positivo é o interesse do mercado imobiliário na região, que era impensável há pouco tempo - no entorno de Heliópolis, que começa a ter cara de bairro, estão sendo construídos três prédios residenciais. A região já é vista como segura para moradia pela classe média e promissora para os negócios, o que certamente estimulará novos investimentos e facilitará a urbanização da favela.

O êxito da urbanização em Heliópolis, tendo em vista as suas dimensões -130 mil habitantes numa área de quase 1 milhão de metros quadrados -, trará lições e experiências de grande importância para a implantação do projeto da Prefeitura em outras favelas. Tanto no que se refere à execução de obras e à participação da comunidade como a um ponto do projeto - a regularização dos lotes - considerado essencial pelos especialistas.

Também nesse campo tem havido progressos, desde a criação, em 2005, de um banco de dados que mapeia as moradias precárias e dá à Prefeitura as informações indispensáveis para planejar a política habitacional voltada para as populações carentes. Se a Prefeitura se mantiver firme nessa direção e os futuros governo derem continuidade ao projeto, o problema das favelas poderá ser resolvido em prazo relativamente curto.

Fonte: Jornal da Tarde - 13/06/2009