Deu na Imprensa - Disputa acirrada

Revista Communità Italiana - Dezembro/2009

Por Elida Oliveira  - São Paulo vai brigar com Rio de Janeiro para ser escolhida como sede da Expo 2020

Empolgado com a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, anunciou quevai entrar na disputa para trazer para a cidade maravilhosa a Expo2020. Mais discretamente, porém, outra cidade brasileira acalenta o mesmo objetivo: São Paulo. Será a segunda tentativa dos paulistas de sediar o evento.Em 2007, eles fizeram a primeira tentativa já de olho na Expo2010 que ficou com Xangai. Segundo o secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo, Alfredo Cotait, a iniciativa daquela época serviu de experiência para que a proposta de agora seja formulada com“mais maturidade”.

Para isso, Cotait espera contar com a preciosa ajuda de Milão, que vai sediar a Expo 2015. O secretário já entrou em contato com a prefeitura da cidade italiana e sua Câmara de Comércio. Seu objetivo é acompanhar de perto a preparação da Expo Milano. Ele lembra que existe um acordo de cooperação entre SãoPaulo e Milão, já se tratam de cidades-irmãs.

— O acordo se intensifica com a identificação das vocações da cidade. Milão está paraa Itália assim como São Paulo está para o Brasil. São grandes centros de negócios nas duas nações. Apoiamos Milão para a Expo 2015 e eles têm nos transmitido experiência na proposição da candidatura e na preparação para o evento — afirma Cotait.

Ele informa que São Paulo tem  até 2011 para se candidatar oficialmente e até 2013 para apresentar seu projeto cujo tema pode vir a ser Mobilidade Urbana. Já no ano que vem, a cidade terá seu próprio estande na Expo Xangai.

Essa é a primeira vez que uma Expo Universal permite a participação de cidades e não apenas de países. Elas ocuparão uma áreabatizada de Urban Beste Practice Areas (UBPA), que mostrará soluções para problemas urbanos comuns. Quando a expo abriu essa possibilidade, 188 cidades se candidataram e 55 foram aprovadas.São Paulo fi cou em quarto lugar com o projeto “Cidade Limpa”.O estande paulistano terá 400 m² e foi projetado pela cenógrafaDaniela Thomas (do Museu do Futebol) e Felipe Tassara. Custará4,5 milhões de reais, entre construção e manutenção.

— Vamos apresentar o que temos de melhor em nossas práticas públicas para melhorar a vidado cidadão — conta o secretário.

Na Expo Xangai, o Rio vai participar como observador e teráum estande no pavilhão do Brasil. Somente após essa experiência, a cidade vai começar a desenvolver seu projeto de candidatura para a Expo 2020. O evento em Xangai será realizado de maio a outubro. Deverá contar com a participação de 200 países sendo que a expectativa de públicoé de 70 milhões de pessoas.

Quando perguntado se ter o Rio de Janeiro como adversária é preocupante,Cotait levanta a polêmica:

— Não se trata de rivalidade, trata-se de bom senso. Apoiamos o Rio de Janeiro nas Olimpíadas, mas deixem o business para São Paulo.

Ele ressalta, no entanto, que a candidatura de uma cidade brasileira poderia ser negociada com o governo federal. Cotait afirma que “se quiserem o Rio para 2020”, São Paulo vai brigar parasediar o evento em 2025.

— Não vamos perder o foco só porque o Rio resolveu ser candidata. Esse é um projeto de cidadee de país. Cabe a nós encaminharmose fazermos com que São Paulo seja a indicada. É um sonho que gostaríamos de deixar encaminhado para outras geraçõesfuturas executarem.

Em 2009, Cotait fez várias viagens para a Itália a fim de divulgara cidade e se aproximar dos organizadores da Expo 2015. Dentre os eventos que participouestão a Feira de Milão, em junho, e o Fórum Econômico Brasil-Itália organizado pela Confindústria, em novembro. Ao longo do ano, participou de reuniões, tanto em São Paulo quanto na Itália,com representantes do governo e de instituições comerciais das regiões da Lombardia e da Toscana.

— O Brasil está em um momento especial. Nunca uma cidade da América do Sul sediou uma ExpoUniversal. Acreditamos que São Paulo possa ser uma forte candidata— diz o secretário.

Fonte: Revista Communità Italiana - Edição Dezembro/2009