Seped ajuda a criar tecnologia inédita no Brasil para ônibus acessível

Equipe da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura Paulistana colheu, por meio de um questionário, sugestões e as reais necessidades das pessoas com ou sem deficiência que testaram dois novos modelos de ônibus acessíveis.

Todas as cerca de 500 sugestões foram aprovadas e serão incorporadas às novas tecnologias desenvolvidas para ônibus adaptados às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida na cidade.

A SPTrans libera, a partir de agosto, um primeiro lote de 300 veículos adaptados.


Durante todo o mês de julho, uma equipe de técnicos da Secretaria da Pessoa com Deficiência cumpriu uma agenda de perguntas e respostas a diversas pessoas com ou sem deficiência na cidade de São Paulo. Mais especificamente, num trecho de 10,7 km entre a estação de Metrô Santa Cruz e o terminal de ônibus de Santo Amaro, na linha 675-L de ônibus.

Neste percurso, centenas de passageiros foram abordados para responder perguntas técnicas sobre a acessibilidade de dois veículos testados. As perguntas passavam por facilidade no embarque e desembarque, facilidade no deslocamento dentro do ônibus, opinião do passageiro sobre bancos e espaços reservados, opinião sobre a sinalização e sobre janelas, desempenho dos operadores: condução e atendimento ao público e avaliação geral do veículo e sugestões.

Os veículos testados foram um ônibus low center, com 13,26 metros de comprimento fabricado pela Caio/Mercedes para uso da empresa Sambaíba, que foi criado para circular nos corredores de ônibus - em 60% dos casos ele chega até a periferia -, esse tipo de veículo é mais extenso (os ônibus comuns têm, em média, 12 m), o que facilita o acesso de pessoas com deficiência no seu interior; e o outro veículo testado na ocasião foi o de tipo low entry, que tem piso baixo desde a entrada até o meio do carro. Esse ônibus tem 10,5 metros e é de fabricação da Caio/Agrale para uso da Transkuba. Como ele é menor, sua circulação é ideal para as regiões periféricas da cidade.

Para chegar efetivamente naqueles que têm necessidade de utilizar transporte adaptado, esses mesmos ônibus foram levados para algumas instituições de São Paulo que atendem pessoas com deficiência (AACD, Divisão de Medicina de Reabilitação do HC, Derdic, APAE, Associação Gente Pequena do Brasil, Dorina Nowill, entre outras). Todas as sugestões dos 465 passageiros entrevistados - durante os diversos testes - foram aprovadas pela SPTrans e pelas empresas fabricantes e já estarão incorporadas nos novos ônibus que entrarão na frota paulistana a partir de agosto.

As sugestões aprovadas foram: ampliação, em 20% da frota a ser entregue, de 1 para 2 lugares reservados para alocação de cadeira de rodas - no antigo modelo só havia lugar para uma cadeira; colocação de banco reservado para obeso antes da catraca na parte rebaixada do veículo - na versão atual esse banco está na parte alta, ou seja, é preciso que o obeso suba alguns degraus; diminuição da janela lateral que fica ao lado do lugar reservado para cadeira de rodas - afinal, o cadeirante também tem o direito de ver a paisagem, entre outras notificações.

Segundo os resultados da pesquisa, a avaliação do ônibus especial é positiva junto a todos os segmentos de usuários entrevistados, que atribuíram, numa escala de 1 a 10, a nota 8,3. A média entre pessoas com deficiência é de 8,5 e, 7, 8 pelas pelos outros usuários.

Primeiro teste

O primeiro teste com os veículos foi realizado no dia 20 de junho, quando a secretária Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Mara Gabrilli; o secretário de Transportes, Frederico Bussinger; o presidente da SPTrans, Ulrich Hoffman, e diversos técnicos da área fizeram o primeiro passeio no trecho da linha 675-L.

O projeto piloto

O percurso da linha Santa Cruz-Santo Amaro não foi escolhido ao acaso para a realização desses testes. É nessa região de São Paulo onde há a maior concentração de entidades que atendem às pessoas com deficiência e por isso que a Seped está desenvolvendo a criação de uma rota piloto de transporte acessível exatamente neste trecho. A proposta é que diversos ônibus acessíveis possam circular em uma linha estrutural que vai ser alimentada por vans, também acessíveis. "As pessoas com deficiência terão autonomia para escolher o horário do dentista, das compras. Ter transporte disponível a qualquer hora do dia é um milagre para essas pessoas", comentou a secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Mara Gabrilli.