Jogos Municipais Inclui Sampa: quatro dias de muito esporte e inclusão

Ricardo Monzillo - Seme

“Emoção, paz e esperança de um mundo melhor para todos e, principalmente, as pessoas com deficiência”. Foi com esse clima que aconteceu, no Ginásio do Pacaembu, no último dia 7 de setembro, Dia da Independência, a abertura dos Primeiros Jogos Municipais Inclui Sampa.

Este grande evento de interação social-esportivo foi idealizado pela Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (Seped) em parceria com a Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação da Cidade de São Paulo (Seme) e reuniu 259 atletas, sendo 153 com deficiência e 106 sem deficiência, durante os dias 7 a 10 de setembro.

Com o objetivo de promover a inclusão social das pessoas com deficiência por meio de atividades esportivas e recreacionais, os Jogos Inclui Sampa também tiveram a finalidade de despertar o interesse de novos atletas para a prática de modalidades paradesportivas.

Na abertura do evento no Ginásio Poliesportivo do Pacaembu, estiveram presentes autoridades do meio esportivo, educacional, e do governo municipal, entre eles Mara Gabrilli - Secretária Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (Seped), Heraldo Corrêa Ayrosa Galvão - Secretário de Esportes do Município (Seme), Susan Habib - professora do Instituto Helena Antioff (órgão da SME-RJ), Boris Casoy - indicado pela secretária Mara Gabrili para ser o padrinho dos Jogos, Celby Santos - Diretor de Remo Adaptável da Confederação Brasileira de Remo e David Farias – Presidente da Confederação Brasileira de Desporto para Cegos, que acendeu a “pira” e abriu oficialmente os Jogos.

Umas das primeiras autoridades a falar, a secretária da Pessoa com Deficiência Mara Gabrilli destacou e agradeceu o empenho de todos os presentes no Pacaembu, afirmando que temos que transpor as barreiras da sociedade e celebrar a oportunidade de incluir cada vez mais as pessoas com deficiência numa sociedade mais justa e digna.

Compartilhando do mesmo pensamento, o secretário de Esportes do Município, Heraldo Corrêa Ayrosa Galvão, afirmou: “Vamos trabalhar muito para a inclusão social, cada vez mais, pois somos todos iguais”, concluiu.

Na esperança de mundo melhor, o padrinho do evento, o jornalista Boris Casoy declarou: “Não precisamos de caridade, mas sim de oportunidade”. Na seqüência, aplausos calorosos do público que participou e se emocionou.

As pessoas presentes ao Ginásio da Pacaembu assistiram a apresentação do Grupo Bambolêa, que agitou as arquibancadas com shows de dance, funk, música tecno; além do grupo de capoeira da AACD.

Quase 300 atletas de várias entidades participaram dos jogos, além de 13 ONGs. As modalidades disputadas foram: basquete, xadrez, futsal, goalball, atletismo, showndown, vôlei sentado, remo adaptável, respeitadas as regras e divisão dos jogos por categoria (masculino e feminino), segundo o tipo de deficiência (nanismo, física, intelectual, visual e auditiva), provando que o evento veio para ficar.

Grandes entidades esportivas destacaram-se, entre elas: Associação dos Surdos Mudos de SP, AACD, Projeto Próximo Passo, Clube dos Paraplégicos, Sociedade Deficiente Visual, Casa de Davi, CEU Parque Veredas, Seme, CEU Pêra Marmelo, Clube Desportivo Superação, EC Guarulhos, Centro Franciscano, Associação Cruz de Malta e Associação de Pais Banestado de Excepcionais.

No primeiro dia do Inclui Sampa, houve demonstração de remo adaptável na piscina do Pacaembu com atletas paraolímpicos do Esporte Clube Pinheiros. O remo foi o último esporte a ser incluído na paraolimpíada da China em 2008, segundo afirmou Celby Rodrigues, Diretor de Remo Adaptável-Confederação Brasileira de Remo.

No segundo dia da competição, o vôlei sentado, o basquete e o xadrez foram os destaques do torneio e chamaram atenção do público presente ao Ginásio do Pacaembu, principalmente com grandes jogos de basquete.

Uma das modalidades adaptáveis, como é o caso do vôlei, teve um torcedor ilustre: Amauri, ex-jogador da seleção Brasileira de Vôlei e professor do Programa Mais Esporte da SEME. Acompanhando os jogos, Amauri afirmou que é muito importante eventos como este, pois muitos “deficientes” não sabem que existem projetos desse nível. “Hoje estou organizando como técnico atletas para as seleções de vôlei paraolímpico e adulto”, afirmou.

Num dos jogos de “vôlei”, quem parecia jogar como um veterano era Bruno Lelis Caiado, 19, estudante e morador de Osasco, na grande São Paulo. “Sofri um acidente de moto há quase três anos, mas não desisti, olho pra frente. Precisamos de apoio, porque as dificuldades existem, vários colegas não se aceitam. Só São Paulo e Rio de Janeiro criam programas para os deficientes. É só dar oportunidade que nós superaremos as dificuldades”, concluiu Lelis.

No terceiro dia, o futsal e o goalball fizeram a alegria dos participantes e também da torcida. A Associação dos Surdos Mudos de SP e Clube Paradesportivo Superação mostraram que de futebol eles entendem e travaram um bom duelo.

Do outro lado do ginásio, na parte externa, um esporte que exige muita concentração era disputado com muita serenidade, o xadrez, que exige técnica e raciocínio. Procurando seguir fielmente as regras e atento às suas jogadas, o jovem André Silva Higino, 23 anos, estudante (categoria cadeirante), vibrava em cada lance. “Eu gosto muito de xadrez, quero aprender mais”, afirmou André.

E a emoção voltou a tomar conta do Pacaembu no último dia e no encerramento dos Jogos Inclui Sampa, que aconteceu ontem, dia 10 de setembro, com certeza uma data para não ser esquecida.

Uma das modalidades mais aguardadas, a natação, levou quase 100 atletas das mais variadas deficiências físicas à piscina do complexo esportivo do Estádio do Pacaembu.

Na disputa de nado livre, vários atletas vibravam com suas evoluções na piscina que deixaram o público presente nas arquibancadas de “boca aberta”, tamanha a vontade de seus nadadores, que se revezavam para ver quem alcançava a maior marca em distância.

Perto de uma das raias da piscina, Natália de Castro Lopes, 13 anos, fazia seu aquecimento acompanhada do seu técnico e estagiário da AACD, Rodrigo Ambonate. Natália tem deficiência dos membros (superior e inferior) e nada desde os dois meses. “Estou acompanhando o seu desenvolvimento físico e técnico, pois ela não compete ainda em torneios oficiais, só a partir dos 14 anos”, disse Rodrigo. Natália mostra a sua empolgação: “Estou um pouco ansiosa, mas vou entrar na piscina e fazer o meu melhor”.

Uma fã de carteirinha assistia a seu filho, Edson Luis Passadores Neves, 28 anos, portador da Síndrome de Down. Wanda Passadore Neves, 68, socióloga aposentada, afirmou que seu filho nada desde os três anos e aos oito já competia. Ele adora os estilos peito e borboleta e já conquistou vários títulos na sua categoria. Edson está treinando para participar de várias seletivas e, se ficar entre os dez, irá para as Paraolimpíadas na China. Hoje, ele trabalha em uma academia de ginástica e foi convidado para ajudar num curso de capoeira da USP. “Ele é um orgulho pra mim”, finalizou emocionada “Dona Wanda”.

Foram homenageadas no evento Fernanda Janini Figueiredo, técnica do Depel – Departamento de Promoções Esportivas e Lazer da Seme, uma das responsáveis pela organização dos Jogos; e a técnica de esportes Eliana Mutchnick, da secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida - Seped. “É super importante que os 'portadores de deficiência' sejam integrados ao convívio social através do esporte”, afirmou Fernanda.

Esse conceito foi ratificado pelo secretário Adjunto de Esportes do Município, Francisco Dada, que representou o titular da pasta de esportes, Heraldo Corrêa Ayrosa Galvão.


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