Reforma do Centro Cultural São Paulo prioriza acessibilidade a pessoas com deficiência

fonte: Diário Oficial da Cidade


Planejada e equipada para atender a pessoas com deficiência visual, a Biblioteca Braille reúne livros didáticos, técnicos, literários, infanto-juvenis e também periódicos. Sua coleção, a maior do gênero no País, conta com aproximadamente 6.500 obras e cerca de 19 mil volumes.


O Centro Cultural São Paulo (CCSP) passará em breve por mudanças que o deixarão mais acessível. Uma reforma que está em processo de licitação vai deslocar a Biblioteca Braille de um local mais periférico para um ponto mais central do CCSP. A reforma faz parte das comemorações dos 60 anos da Biblioteca Braile, que ocorre no fim de abril, e dos 25 anos do Centro Cultural, em meados de maio.

Planejada e equipada para atender a pessoas com deficiência visual, a Biblioteca Braille reúne em seu acervo livros didáticos, técnicos, literários, infanto-juvenis e também periódicos. Sua coleção, a maior do gênero no País, conta com aproximadamente 6.500 obras e cerca de 19 mil volumes. A Biblioteca também atua como editora, produzindo livros em braille e livros falados.

A idéia é levar a Biblioteca Braille, localizada em um dos cantos do Centro Cultural, para uma área mais nobre, próxima das demais bibliotecas. “Como o Centro é todo segmentado, hoje o usuário vai para a Braille e de lá vai embora”, diz Martin Grossmann, diretor do CCSP. Segundo ele, a atual localização da biblioteca, somada à falta de infra-estrutura para o acesso dos deficientes, limita o acesso dos cegos apenas à Braille.

O plano de reforma leva em conta o resultado de consultas feitas a diversas associações representativas de deficientes, em especial a CPA (Comissão Permanente de Acessibilidade), órgão consultivo e deliberativo sobre normas e legislação sobre acessibilidade na Cidade de São Paulo. Fazem parte dela funcionários de diversas Secretarias da Prefeitura, além de integrantes de ONGs. Também participaram das reuniões organizações que lidam especificamente com deficientes visuais, como a Dorina Nowill e a Laramara.

Em janeiro, um grupo da CPA visitou o CCSP e constatou que as alterações previstas para a nova área vão dotar o Centro Cultural de melhores condições de acesso ao público portador de deficiência. “O Centro Cultural não tem um plano de acessibilidade. Trazer essa biblioteca para a área central é um motivo para que ele inteiro fique disponível para quem tem deficiência”, diz o diretor Grossmann.

De acordo com Ana Roberta Alcântara, um dos arquitetos responsáveis pela reforma do CCSP, na primeira etapa serão executadas as obras necessárias para possibilitar o acesso dos deficientes à biblioteca, como corrimãos e piso tátil, a partir de qualquer uma das entradas do Centro, como foi sugerido pela CPA. “A gente só vai fazer a mudança quando o novo espaço estiver concluído”, garante Grossmann, o que deverá ocorrer ainda neste primeiro semestre.

Apesar da diminuição de área da sala da Biblioteca Braille – o espaço que ela ocupa possui 910 m2, contra apenas 610 m2 da nova sala -, seus usuários terão um espaço maior à disposição, de acordo com o diretor do CCSP. Isso porque, ao contrário do que ocorre hoje, a biblioteca não terá de dividir espaço com sua editora de livros, que vai funcionar em um espaço de 450 m2 no porão do Centro. A Biblioteca também atua como editora, produzindo livros em braille e livros falados.

Oswaldo Fantini, engenheiro civil da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (Seped) e membro da CPA, aponta outras vantagens na mudança da Biblioteca para a área central do CCSP. “Do jeito que está, a Braille e seus freqüentadores ficam no canto, escondidos, como num gueto. Trazendo-a para o meio, você cria um convívio. Quem vai com seu filho pequeno ao Centro já o acostuma à presença do deficiente”.

A Biblioteca Braille funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 18h (o expediente será ampliado até as 20h após a mudança) e aos sábados, das 10h às 17h. Com quatro pavimentos e uma área de 46.500 m2, o Centro Cultural São Paulo fica na rua Vergueiro, 1.000, ao lado da avenida 23 de Maio.