Obras de requalificação dos calçadões do Triângulo Histórico contam com acompanhamento arqueológico constante

O trabalho dos arqueólogos é de garantir que as informações encontradas durante a implantação das obras sejam identificadas, preservadas e registradas adequadamente

A cidade de São Paulo, que completou 469 anos no último dia 25 de janeiro, tem um papel fundamental na formação cultural, política e econômica do Brasil moderno e carrega em cada esquina um pouco da história que ajudou a formar a nação. Apesar do adensamento e crescimento vertiginoso, que a transformaram em uma grande metrópole, a cidade é rica em materiais arqueológicos escondidos, principalmente no Centro Histórico paulistano. Considerada o berço da cidade, a região tem grande potencial arqueológico e é cercada por edifícios antigos, igrejas históricas e monumentos importantes como a Catedral da Sé e o Theatro Municipal, por exemplo.

Com o início das obras de requalificação dos calçadões do Triângulo Histórico, a Prefeitura de São Paulo tomou todos os cuidados necessários para a preservação dos marcos históricos da região. O projeto foi aprovado por três órgãos de proteção do patrimônio histórico - IPHAN, CONDEPHAAT E CONPRESP - e todo o curso das obras terá acompanhamento arqueológico em campo, com monitoramento constante de profissionais capacitados.

A arqueologia é uma ciência interdisciplinar que combina elementos de antropologia, historiografia, geologia e outras áreas para compreender a história e sua relação com o meio ambiente. Ela ajuda a recuperar e preservar informações valiosas sobre nossa cultura e história que podem estar escondidas no solo.

O acompanhamento arqueológico em obras públicas é um processo importante para garantir a preservação dessa herança. Toda a etapa de escavação das obras dos calçadões, desde as mais superficiais e manuais até as mais profundas realizadas com maquinário pesado, está sendo observada para que qualquer achado possa ser preservado. O trabalho dos arqueólogos é de garantir que as informações encontradas durante a implantação das obras sejam identificadas, preservadas e registradas adequadamente.

“Este trabalho consiste em acompanhar todas as ações que impactam o solo, ou seja, toda e qualquer movimentação feita nele. Durante o processo, podemos encontrar fragmentos ou objetos considerados ocorrências arqueológicas, fazendo coletas pontuais e todo registro da atividade”, explica Maritza dos Santos Dode, Mestre em Arqueologia pelo Museu Nacional/UFRJ, que desde o início das intervenções tem acompanhado os trabalhos de escavação. “Ficamos o tempo todo na obra. O foco é nas atividades de escavação e, enquanto elas acontecem, nós ficamos muito próximos dos trabalhos vendo se algo é encontrado”, completou.


A arqueóloga Maritza dos Santos Dode acompanha em campo as escavações

A preocupação da Prefeitura com a preservação destes materiais é fundamental. “É importante entender que a cidade de São Paulo não surgiu do nada. Ela é uma sucessão de pessoas, histórias e eventos que muitas vezes não temos conhecimento ou, se temos, não há referências materiais disso. A importância deste trabalho de arqueologia é poder recontar essas histórias hoje”, afirma a arqueóloga. “Podemos encontrar materiais indígenas, bem como outros artefatos de contato entre os primeiros colonizadores e os povos originários da região ou com as populações de outros países que vieram pra cá durante o processo de imigração de São Paulo”, completou. 

Informações sobre as obras

A requalificação dos calçadões do Triângulo Histórico consiste na reforma do pavimento, aumentando sua resistência ao tráfego intenso; instalação de novo mobiliário urbano, proporcionando áreas de convivência adequadas; nova sinalização turística; nova iluminação funcional e cênica de edifícios históricos; reestruturação da infraestrutura subterrânea de drenagem; e implantação de valas técnicas para melhor ordenamento das redes de telecomunicações.

O novo calçamento de concreto proposto garantirá acessibilidade universal, promovendo melhorias de mobilidade às mais de 2 milhões de pessoas que circulam pela região diariamente, entre elas, aquelas com dificuldade de locomoção, como cadeirantes, pessoas com deficiência visual e idosos, por exemplo, minimizando o risco de quedas e acidentes.
As novas calçadas também serão mais resistentes, facilitando a rede de logística pesada que trafega pela região, como caminhões de limpeza urbana e carros-fortes. Elas representarão, também, mais economia e facilidade de manutenção das redes subterrâneas de drenagem e de galerias técnicas.

As atuais pedras portuguesas, que foram instaladas no local na década de 1970, não são tombadas e vão passar pela usina de reciclagem, podendo ser destinadas para outros fins na construção civil. O material resultante poderá, por exemplo, ser utilizado como sub-base de outros pisos.

Estão previstos 22 meses para a execução total das obras, com investimentos municipais de R$ 63 milhões.
A iniciativa da Prefeitura representa o resgate do valor histórico, cultural, arquitetônico e paisagístico do centro da cidade, incentivando suas várias formas de uso e reforçando sua identidade como polo de atração turística.

Serão 62,2 mil m2 de calçadões requalificados, abrangendo 23 ruas.

Ruas perimetrais

1. Rua Líbero Badaró

2. Largo São Francisco

3. Rua Benjamim Constant

4. Praça da Sé

5. Pátio do Colégio

6. Rua Boa Vista

Ruas internas (Calçadão)

1. Praça Ouvidor Pacheco e Silva

2. Rua São Bento

3. Rua José Bonifácio

4. Rua Quintino Bocaiúva

5. Rua Senador Paulo Egídio

6. Rua Barão de Paranapiacaba

7. Rua Direita

8. Rua XV de Novembro

9. Praça Manoel da Nóbrega

10. Rua Álvares Penteado

11. Rua Miguel Couto

12. Rua da Quitanda

13. Rua Anchieta

14. Rua do Tesouro

15. Rua do Comércio

16. Largo da Misericórdia

17. Rua São João

Assessoria de Comunicação – SPObras
14/02/2022