Identificar os mortos e dar o direito às famílias de prestarem suas homenagens

Direitos Humanos

No próximo dia 10 de setembro, 432 urnas das 1.049 que contem ossadas descobertas em 1990 em uma vala comum no cemitério Dom Bosco em Perus e hoje estão no columbário do cemitério do Araçá, serão transportadas para a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para que os técnicos retomem o trabalho de identificação desse material através do exame de DNA.
A análise desses restos mortais, dentre os quais acredita-se que estejam os de opositores ao regime militar de 1964, será possível graças ao convênio firmado entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e a Unifesp. O projeto conta com o apoio da Secretaria Municipal de Serviços que, por meio do Serviço Funerário Municipal, incluirá os nomes dos identificados no registro das necrópoles que abrigam a história social da nossa cidade.
A análise e posterior identificação colocará fim na busca de muitas famílias que tem o nome de parentes na lista de desaparecidos políticos, vitimas do regime ditatorial. Os atos violentos praticados no período estão sendo desvendados pelo trabalho da Comissão da Verdade, em várias instâncias, trazendo à luz a verdadeira dimensão das inúmeras crueldades praticadas em nome da segurança pública.
Hoje, visando minimizar o sofrimento das familias que buscam informações sobre parentes desaparecidos, o serviço funerário municipal criou um canal para divulgação desses óbitos e, desde abril de 2014 publica, semanalmente, os registros enviados pelo Instituto Médico Legal e Serviço de Verificação de Obitos e apesar de não constar a identificação nominal, contem os registros das suas caracteristicas físicas e dados sobre a necropsia efetuada.
Participam do Ato de transferência das ossadas representantes da Comissão da Verdade, da secretaria municipal dos Direitos Humanos, da Unifesp e familiares de desaparecidos. O transporte das urnas será feito com a escolta de guardas da Guarda Civil Metropolitana.